"Raúl González, mais conhecido só pelo nome próprio, termina a sua carreira de futebolista, aos 38 anos. Destes, 19 foram passados no Real Madrid. Um jogador que enobreceu o ofício e que o honrou no plano profissional e deontológico.
Jogando tantos anos nos merengues teve muitos títulos espanhóis, europeus e mundiais. Apenas lhe faltou um grande troféu a nível da selecção espanhola.
Raúl foi um jogador exemplar. Tão correcto no campo ou fora dele e, futebolisticamente, de uma eficiência letal. Nunca precisou de formas abstrusas de promoção de imagem. Nunca se serviu de parvos adereços ou de penteados apalermados. Ao longo julgo, nunca teve, na sua extensa caminhada, um cartão vermelho, o que evidencia a sua lealdade e serenidade como atleta. Nunca se comparou a ninguém, nem deixou que o comparassem obsessivamente a outrem. Valia por si, ponto final.
Pessoalmente, sempre admirei a sua forma suave, mas demolidora como jogava. Sempre sem azedume, mas completamente envolvido no jogo colectivo de que fazia depender a sua eficácia. Em alguns aspectos, fazia-me lembrar o grande Nené do Benfica. Ambos estavam no tempo certo no sítio certo, sem correrias ofegantes só para tiffosi verem, mas com a oportunidade e velocidade que se justificavam em cada momento.
Raúl - pai de 6 filhos - geriu, com mestria, o momento para emigrar. Primeiro no Schalke 04, onde ainda conquistou títulos, depois aproveitando os petrodólores que lhe ofereceram na fase descendente.
Tal como Casillas, um símbolo do futebol espanhol e do Real. Sem necessitar, porém, de queixumes, défices de consideração ou esposas de grande mediatismo."
Bagão Félix, in A Bola
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