terça-feira, 18 de agosto de 2015

Mercado da Luz MB15

Ainda não existe confirmação oficial, mas parece que não vamos contratar mais ninguém, antes do início da época. Antes da contratação do Cook, era previsível a contratação de um Atirador e de um Poste, mas agora parece que a estratégia mudou...
Os orçamentos são para ser cumpridos, a aquisição do Daequan Cook (6 anos de NBA) deverá ter 'engolido' parte significativa do orçamento... Existem duas hipóteses, ou a secção julga que o actual plantel é suficiente, ou como o dinheiro disponível é curto, a contratar um Poste logo em Setembro/Outubro, teria que ser um jogador de nível salarial baixo, logo de rendimento baixo... e se calhar seria a 3.ª opção, atrás do Gentry e do Fonseca. E assim, optou-se por contratar um Poste de qualidade (mais caro), somente perto do final da janela de transferências (Janeiro), ainda a tempo de entrar nas rotinas da equipa, mas com menos meses de ordenado a pagar...!!! Se for esta a lógica, até compreendo.
Sendo que os Troféus que vão ser disputados no início da época, ficam assim em 'risco'!!! O ano passado vencemos as 5 competições internas, mas assim será mais difícil derrotar os regressados Corruptos Aziados, que se têm reforçado com bons (e altos) jogadores... E seria importante, até por motivos emocionais, manter a onda de triunfos do Benfica, mesmo nos Troféus menos 'significativos', começando pelo António Pratas...
Além disto, a ausência do Poste, vai-se sentir muito, na novíssima Fiba Cup, onde não tivemos sorte no sorteio (Antwerp Giants (Bel), Cibona Zagreb (Cro), Sopron (Hun))!!!

Não existindo confirmação oficial, que o plantel está fechado, aqui ficam os jogadores, que actualmente fazem parte do plantel:
Bases: Carreira, Gameiro, Barroso, Fernandes.
Base-extremo: Cook, Oliveira, Ferreirinho.
Extremo: Andrade, Soares.
Extremo-poste: Lonkovic, Wilson.
Poste: Gentry, Fonseca.
Saíram o Doliboa, o Thomas, o Slay, o Lima e ainda o emprestado Castela. Entram o Nuno Oliveira e o Marko Lonkovic (ambos do Barcelos), e os Americanos Daequan Cook, e o Jeremiah Wilson. Temos ainda os 'regressos' dos lesionados Diogo Carreira e Carlos Ferreirinho que praticamente não jogaram o ano passado.

No papel, estamos mais fortes no jogo exterior, temos muito mais opções, o problema é que nenhum dos jogadores tem as percentagens do Jobey Thomas... e falta ver quem vai assumir o jogo nos momentos decisivos.
Agora, apesar das entradas do Lonkovic e do Wilson, não temos um Poste dominador. O Gentry tem 38 anos, continua a ser muito bom para o nível nacional, mas é afectado por lesões com alguma regularidade... O Cláudio foi pouco utilizado na época anterior, mas a imagem que eu tenho dele, é que é um jogador de 'engate'. Contra a grande maioria dos adversários, este plantel chega e sobra, mas nos jogos mais complicados duvido que o nosso jogo interior se 'aguente'!!!

O Carlos Andrade é outro jogador fundamental nesta equipa. Essencialmente pela maneira como defende, e pela maneira como acaba por contagiar o resto da equipa na defesa. O Carlos também tem sido martirizado por lesões... será muito importante a saúde física do Carlos, no sucesso do Benfica nos momentos decisivos.

A contratação do Daequan Cook, foi uma enorme surpresa. Um jogador com perfil de NBA, onde jogou 6 anos, em equipas de Play-off, e onde conseguiu 'roubar' o destaque às grandes estrelas, em alguns jogos... Vamos ver com que atitude chega ao Benfica... O ambiente nos Pavilhões portugueses é um pouco diferente!!!
Os vídeos do Jeremiah Wilson também me tinham deixado esperanças. Um jogador com experiências das Ligas Grega, Turca e Israelita, sempre com boas estatísticas, com disponibilidade física, e aparentemente também sabe lançar dos 3 pontos...

Em jeito de conclusão, conseguimos renovar o plantel, baixar a média de idades, e aparentemente manter a qualidade, e aumentar as opções no jogo exterior, a minha única dúvida é mesmo o 'encaixe' do nosso plantel no jogo interior, contra aquela que será muito provavelmente o nosso principal adversário, em todos os troféus nacionais, que vamos disputar.

Vinte minutos

"«Nem tudo está mal quando se perde, nem tudo está bem quando se ganha». As palavras de Rui Vitória no rescaldo do jogo encerram uma das verdades mais esquecidas do futebol: uma equipa pode perder um jogo e deixar boa impressão, da mesma forma que é possível ganhar de forma fortuita.
É de elementar justiça que Rui Vitória tenha aproveitado a vitória folgada e a exibição morna para arrefecer os ânimos, em lugar de enveredar pela bazófia que é timbre de outros treinadores. Só lhe fica bem. Vale a pena, por isso, olhar para o que ainda correu mal no Benfica e para o que de bom aconteceu.
Uma vez mais, a equipa pareceu pobre de ideias de jogo ofensivo. O meio-campo surgiu vazio, com Fejsa a fechar muito perto dos centrais e a deixar Pizzi a grande distância. A organização atacante ressentiu-se e não se vislumbraram movimentações colectivas - Mitroglou, pesado, parecia um corpo estranho, incapaz de ligar o seu jogo ao de Jonas e, a defender, a equipa esteve muitas vezes mal posicionada, com Nélson Semedo a mostrar insuficiências.
Claro está, tudo ficou esquecido com os 20 minutos finais à Benfica. E aí emergiu o suplemento de classe de Gaitán, Jonas e Júlio César, a irreverência consequente de Victor Andrade e de Nélson Semedo e, acima de tudo, uma equipa que, solta das amarras (psicológicas?) que pareciam tolher os seus movimentos, se desinibiu. Pela primeira vez esta época, viu-se um caudal ofensivo vertical, capaz de aproximar o Benfica da baliza adversária. Agora, com um calendário favorável o desafio é consolidar esta libertação emocional."

Um exemplo inconveniente

"Afinal é possível. É possível passar das palavras aos actos. Apostar nos jogadores portugueses e ter sucesso. É, além disso, uma medida responsável desportiva e financeiramente e que assegura o futuro do futebol português. No momento em que escrevo, o Belenenses só tem jogadores portugueses inscritos. Não é só na defesa, no meio-campo ou na linha avançada, não é só a espinha dorsal da equipa, não é só o onze titular, são todos os jogadores do plantel. É obra.
Só podemos e devemos aplaudir. Todos em uníssono. Congratulamo-nos por ser o Belenenses, um clube histórico, de tradições, transversal, de Pepe, Matateu, Vicente, José Pereira, Cândido de Oliveira, pelo excelente campeonato que fez a época passada e pelo percurso que está a fazer na Liga Europa. Pela aposta nos jovens jogadores. Um exemplo.
E que fique claro, não existe nenhum preconceito da minha parte relativamente aos estrangeiros. Pelo contrário. Estou consciente da globalização, sou um cidadão do Mundo. O que critico é o excesso, a falta de qualidade e os negócios que estão associados a essas transferências.
Quando se discute a crise económica, a perda de parceiros estratégicos, as novas regras financeiras e orçamentais, os direitos televisivos, a política salarial, os novos modelos de competição e financiamento e as regras de 'boa governação', esta é, sem dúvida, uma boa notícia. Uma prática a seguir.
Em vez de assistirmos de braços cruzados à debandada dos nossos jogadores e invocarmos desculpas, como aquela de ordem financeira segundo a qual os jogadores estrangeiros são 'mais baratos' do que os portugueses, sejam capazes, como sempre defendi dirigentes e treinadores, de assumir a responsabilidade no sentido da alteração da realidade actual. Regule-se.
É, pois, hora de aproveitar a embalagem, em vez de a 2.ª Liga se andar a lamentar e a querer hipotecar o futuro do futebol português ao capital chinês, sujeitando-se a regras inaceitáveis com prejuízos e perdas irreparáveis. É hora de implementar medidas desportivas e financeiras que consolidem uma política desportiva de defesa e promoção dos jovens jogadores. O oportunismo de alguns, não pode pôr em causa o que é de todos. É nossa obrigação agir."

Passava das dez da noite e Salazar já tinha saído...

"Pode dizer-se que a primeira Supertaça se disputou no dia da inauguração do Estádio Nacional, no dia 10 de Junho de 1944, entre o Sporting campeão nacional e o Benfica vencedor da Taça de Portugal. Chamou-se Taça Império.

Lisboa, 10 de Junho de 1944. «Lisboa descobriu hoje, nesta apoteose que foi a inauguração da cidade dos desportos, um sentido único. Pela auto-estrada que corta Monsanto - 'Estádio'. Pela via marginal, desencantando em cada viragem do carro um panorama azul do Tejo - 'Estádio'.
A cidade despovoou-se. Ao meio-dia já não se via uma janela, um estabelecimento abertos. A grande circulação fazia-se rápida, intensa, cautelosa, vazando sangue humano sobre o gigantesco monumento. Dir-se-ia mesmo que, entre os restos de duas aldeias pastoris, Linda-a-Velha e Linda-a-Pastora, no eixo do velho Jamor que desapareceu, subitamente, envergonhado, se abrira, instantaneamente, uma cratera humana».
A cratera humana era o Estádio Nacional que nesse dia se inaugurava. É um momento único, histórico.
As pernas dos jornalistas enfunam como velas de galeão do Raposão e do Dr. Topsius, da Imperial Alemanha, da «Relíquia».
Duvidam? Leiam mais um pouco.
«E depois, de súbito, numa admirável arquitectura cenográfica, a parábola do campo, com os 23 sectores, 25 quilómetros de bancadas - do Cais do Sodré a Cascais em extensão - e a sua tribuna de honra, de um voo helénico, com as suas colunas rasgando o azul, tendo à frente as cadeiras de espaldar vermelho, onde não tarda que se sentem o Chefe de Estado e do Governo. À frente dessa proa rendilhada, condizendo com o rubro dos estofos, um linda cercadura de sardinheiras - numa nota de cor ardente e voluptuosa. O horizonte rasga-se sobre a Praça da Maratona, que tem como último plano o anilado batido de sol, do Tejo em dia de festa. A toda a volta das arquibancadas, nos montes, vêem-se as falanges da Mocidade Portuguesa, numa teoria de bandeiras que, no momento exacto, ocupará as escadas radiais do Estádio numa massa imponente de fardas e de estandartes».
Pois é, muito Estado Novo, benza-a-Deus, mas fruto da época, a prosa que aqui recupero, com vossa licença.
Às 16h30 chegou o Dr. Salazar e respectivos membros de Governo. Às 16h55 o General Carmona. Tudo como manda o protocolo.
Seguem-se exibições de ginástica, de atletismo, desfiles de desportistas de clubes de todo o país, representando todas as modalidades.
Tudo impecável! De truz! De estadão!
E, finalmente, às 16h30, em ponto, o desafio entre Sporting e Benfica, respectivamente vencedores do campeonato nacional e da Taça de Portugal.
Era aqui que eu queria chegar.
Dois guarda-redes acima de todos
Esta foi, pode dizer-se com conforto, a primeira das Supertaças. Havia, aliás, o plano de tornar anual este encontro entre vencedores de campeonato e Taça, mas a ideia não foi avante.
Repetir-se-ia, excepcionalmente, vinte anos mais tarde, em 1964, mas falarei disso para a semana, fiquemo-nos, para já, pelo novinho em folha Estádio Nacional.
Nessa tarde em que cerca de oito mil atletas pisaram o relvado e a pista de atletismo do Jamor, os jogadores de Benfica e Sporting tiveram direito a representar o papel principal.
E coube a Fernando Peyroteo a honra de marcar o primeiro golo da história do recinto.
Mas, apresentem-se os artistas:
Árbitro: Vieira da Costa, do Porto. Auxiliares: Carlos Canuto e Álvaro Santos.
SPORTING: - Azevedo, Carlos Cardoso e Manuel Marques; Canário, Barrosa e Eliseu; Mourão, João da Cruz, Peyroteo, Marques e Albano.
BENFICA - Martins; César e Carvalho; Jacinto, Albino e Francisco Ferreira; Espírito Santo, Arsénio, Julinho, Teixeira e Rogério «Pipi».
Quem lê a crónica de Ribeiro dos Reis sobre o desenrolar dos acontecimentos, não lhe encontra motivos para enormes entusiasmos. Os elogios são escassos. Sobretudo no que respeita à qualidade técnica da peleja, já que quanto ao esforço dispendido não há rebuço.
Reclamava o distinto técnico e jornalista da distância a que o público ficava do relvado, deixando os jogadores alheios aos gritos de incentivo.
De início, Azevedo foi chamado a intervir perante a codícia dos avançados encarnados. Por pouco tempo, todavia. A lentidão tinha tomado conta da tarde que caía e amolentara jogadores de ambos os conjuntos.
Veio a segunda parte já que a primeira não deixara saudades.
O Estádio era rico, sumptuoso, desenhado pelo arquitecto Jacobetty Rosa à boa maneira das obras fundamentais do regime, copiando o estilo megalómano dos Nacionais Socialistas alemães.
«Salazar promete! Salazar cumpre!», lia-se em cartazes e panfletos espalhados pelo meio da multidão.
Malhas que o império tece...
Aos 15 minutos da segunda parte, golo de Peyroteo!
Cabe ao Benfica lutar pela honra e pela posse da Taça Império, atribuída pela Federação Portuguesa de Futebol ao vencedor. E que bela taça era!
Custou, mas foi. A partir dos 60 minutos, são os encarnados quem mandam definitivamente nos acontecimentos. Atacam com energia o seu adversário que recua e se sujeita a sofrer o empate.
O 1-1 é da autoria de Espírito Santo, saltando para além da linha defensiva leonina e ludibriando a tentativa de o deixarem em «off-side».
Haverá prolongamento.
Escreve Ribeiro dos Reis: «Aos dois minutos do primeiro quarto de hora, Peyroteo aumentou a marca do seu grupo para 2-1. Trocados os campos, coube a vez a Eliseu de fazer 3-1, aproveitando inteligentemente um incompreensível movimento de recuo da defesa do Benfica. Foi um 'goal' consentido por falta de atenção sobre aquele jogador do Sporting que por estar magoado passara para extremo esquerdo.
O Benfica tentou ainda recuperar terreno e, a cinco minutos do fim, o seu avançado Júilio aproveitou uma descida para atenuar a derrota para 2-3.
As duas grandes figuras do encontro foram os guarda-redes Azevedo e Martins. Pode dizer-se até que só eles estiveram verdadeiramente à altura do grandes acontecimento, mostrando classe aparte. Azevedo, sobretudo, teve defesas magníficas, devendo-lhe o Sporting muito da vitória, bem como aos dois defesas, ambos muito seguros, especialmente Marques, que marcou muito bem o avançado-centro adversário».
Passavam já fez horas da noite. Caíra a escuridão sobre o Vale do Jamor.
Salazar já tinha saído..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Um almoço, uma fotografia

"No Bacalhau houve de tudo: comemoração, homenagem, melindre, comida em abundância e troféus.

Campeão de Lisboa de futebol em 1.ªs, 2.ªs e 3.ªs categorias: o Sport Lisboa e Benfica não poderia terminar melhor a época 1909/10.
Para comemorar o título e, claro, homenagear os vencedores, a Direcção do Clube ofereceu um almoço. O local escolhido foi o restaurante Bacalhau '(...) para lá de Benfica (...)', na actual Venda Nova. Assim, a 31 de Julho de 1910, tinha lugar o primeiro almoço organizado pelo Clube para festejar uma conquista. À mesa, um total de 44 pessoas, entre atletas, dirigentes, membros da imprensa e delegados de outros clubes.
A revista Tiro e Sport dedicou uma página inteira ao acontecimento. Aí, pode-se ler que o almoço não foi '(...) um simples manejo gastronómico. Foi elle o tributo da direcção do Club em homenagem aos que defenderam a sua bandeira. Foi a reunião d'esses rapazes que, fugindo da inépcia domingueira, conquistaram um tropheu honrando o meio desportivo portuguez'.  Não se comemorava apenas a conquista do Benfica, mas também a vitória do futebol português sobre o inglês, 'A victoria conquistada por portuguezes áquelles que nos trouxeram a melhor lição...', dado que o Campeonato de Lisboa, instituído em 1906/07, era, à época, a mais relevante prova a nível nacional e o Benfica foi o primeiro clube formado por jogadores portugueses a conquistá-lo.
O almoço '(...) decorreu sempre muito animado (...)'. Apenas um percalço melindrou a Comissão promotora do evento. O almoço tinha sido encomendado '(...) para 80 pessoas, mas faltaram, por motivos diversos, 36 (...), não deixando por isso de se ter pago a mesma importância (...)'. Consta até que, 'Como o dono do restaurante não se dispôs a fazer qualquer desconto na despesa, alguns dos presentes bateram-se com dois almoços!...'.
Terminado o banquete, '(...) todos os presentes se formaram n'um só grupo e foram photographados por João d'Assumção Corrêa'. A fotografia encontram-se reproduzida, em grande escala, na área 1. Ontem e Hoje do Museu Benfica - Cosme Damião. Esse é também o primeiro registo fotográfico de um exibição pública de troféus do Clube que se conhece. Ao centro, sobre uma mesa coberta com a bandeira do Sport Lisboa e Benfica, entre Félix Bermudes (à esquerda) e Cosme Damião (à direita), vêm-se os seis troféus até então conquistados pelo Clube."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica