sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Um futuro de Vitória(s)

"Sem meio termo. No Benfica ou estamos em euforia desmedida ou depressão colectiva. A paixão dos adeptos pelo clube não compreende meio termo nem racionalidade. Também sou assim um pouco, não fujo por isso à regra, embora tente.
Não gostei de perder e o Benfica não jogou bem a final do Torneio do Guadiana no passado domingo. Custa mais quando se perde para adversário tão fraco. Parabéns por isso a quem venceu com justiça. Vivemos uma altura em que se espera sangue frio de quem decide. Há jogadores que vão entrar, há jogadores a recuperar de lesões, há métodos de Rui Vitória que estão a ser assimilados e por isso vamos melhorar. Até Rui Vitória tem que estar a aperfeiçoar a sua ideia de jogo. O treinador, mais que ninguém, percebe que o Benfica exige muito mais: no Benfica só se pode jogar para ganhar.
Por isso, domingo, contra o Estoril, um jogo que já é a sério só pode ser melhor e para vencer.
Nos últimos 15 anos, poucas foram as vitórias no primeiro encontro do campeonato. Ganhar domingo é, para o Benfica de Rui Vitória, o começar a inclinar a história a nosso favor.
Escrevo de Sevilha onde um adepto andaluz me descreve Jiménez como «um assassino de golo silencioso». Estando confirmada a contratação é, mais uma solução. Sozinho não vai resolver problemas colectivos, mas numa boa equipa, com rotinas e motivada, pode ser muito útil. Até dia 31 de Agosto é construir. Mas agora já tem que ser construir a ganhar, porque somos o Benfica e temos uma ambição clara: ser tricampeões. Feito que já só se lembram adeptos mais antigos. Rui Vitória sabe disso, nós também, e por isso merece todo o nosso apoio.
Domingo todos à Luz para começar a construir um futuro de Vitória (s) juntos."

Sílvio Cervan, in A Bola

Vitória, Jiménez e o tridente...

"Confesso que sempre senti maior admiração pelos treinadores que procuram encontrar o sistema de jogo que melhor potencie os jogadores que têm à disposição, do que pelos técnicos que encaixam os pupilos no modelo de que mais gostam.
A chegada de Raúl Jiménez ao Benfica merece que se pare um pouco para pensar que tipo de utilização lhe deverá ser dada por Rui Vitória, uma vez que não é crível que uma aposta como a que Luís Filipe Vieira fez no mexicano não tenha sido feita no pressuposto de que este será titular. Se assim for, e porque também não se vislumbram razões para que Jonas, o melhor jogador da última edição da Liga, não entre no melhor onze; nem se pensa, a priori, que Mitroglou, outra das novas estrelas da companhia encarnada, tenha rumado a Lisboa para apreciar as vistas do banco de suplentes da Luz, conclui-se que existe uma forte probabilidade de Rui Vitória vir a engendrar um sistema que acolha a presença deste tridente.
Se assim for, e tendo em conta os jogadores que presentemente constam do plantel encarnado, o equilíbrio a meio-campo, torna-se essencial. Parece pacífico que Gaitán e Samaris são claramente titulares neste Benfica, ficando em aberto mais um lugar no miolo, quiçá para Fejsa, se Samaris atuar como interior direito, ou para Pizzi ou Carcela, caso a cabeça da área seja entregue ao internacional grego. Este é, com a chegadade Raúl Jiménez, o grande desafio que se coloca a Rui Vitória. Será que vem a caminho um Benfica desenhado a partir de um 4x4x2 losango? Não será ainda no próximo domingo que se conhecerá a resposta a esta questão, uma vez que o ponta-de-lança mexicano ainda não estará operacional para a receção ao Estoril. Mas o assunto fica, desde já, em cima da mesa..."

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: Creio que a estratégia do Rui, não passa por usar os 3 em simultâneo, mas...

Travões a fundo!

"Com Jorje Jesus sabia que tinha que alterar o projecto; o Benfica queria o caminho inverso mas arrependeu-se!...

SPORTING e Benfica queriam seguir uma direcção e agora, como já se esperava, mudam de rumo. O Sporting pela óbvia razão de ter agora Jorge Jesus e, tendo Jorge Jesus, ter, também, de perceber que não é a pensar nos mais jovens jogadores que pode aspirar a ganhar títulos; quanto ao Benfica, estava mesmo a ver-se que mudaria a direcção logo que mudasse o vento e passasse o vento a soprar desfavorável como soprou no Algarve.
Queria o Sporting, na última época, convencer a malta que o essencial do projecto era apostar em jovens como Tobias Figueiredo ou Ricardo Esgaio ou Carlos Mané ou Ryan Gould, e por diversas vezes fez o clube leonino passar a mensagem que Marco Silva tinha dificuldade em entender esse projecto e que por essa razão parecia tornar-se um treinador incompatível com o projecto dos leões e do presidente Bruno de Carvalho mais os seus acólitos. Pois ao contratar Jorge Jesus, ao contratar o melhor treinador que está em Portugal e um dos melhores treinadores da Europa, o Sporting vê-se obrigado a mudar o projecto, porque o projecto do Sporting é agora, como não podia deixar de ser, o projecto de Jorge Jesus, o projecto de quem quer discutir e conquistar títulos e não o projecto de quem passou muito tempo a dizer que tinha um projecto sem se saber exactamente que projecto era esse a não ser que era um projecto que passava, antes de mais, pela aposta em JOVENS JOGADORES lá formados ou entretanto contratados!
Só contrata Jorge Jesus quem aposta tudo nos títulos, mete as fichas todas na conquista de campeonatos. Se não é isso que se quer, então não se precisa de um treinador como Jesus.
Como o Sporting foi a correr atrás de Jesus assim que lhe cheirou que era uma possibilidade Jesus não continuar no Benfica, então lá teve o Sporting de meter na gaveta o tal projecto que dizia que tinha na última época. Uma coisa é PODER contar com Esgaio, Tobias Figueiredo, Mané ou Gelson Martins, outra coisa é TER de contar com eles para chegar aos títulos.
Seja com Jorge Jesus, seja com qualquer outro treinador, jogar para ganhar uns jogos é uma coisa, jogar para chegar ao topo é outra.
Como diz um amigo meu, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
E assim nos entendemos.
Para chegar ao topo, o Sporting precisa de um Naldo, é melhor dispor da experiência de João Pereira, é indispensável não deixar sair Jefferson, mais William, Adrien ou Slimani, é absolutamente essencial a qualidade de um Bryan Ruiz e a competitividade de um Teo Gutiérrez, mais a cabeça limpa de um Carrillo. Portanto, com Jorge Jesus lá se foi o projecto que o presidente do Sporting dizia que tinha, e fez bem o presidente do Sporting, porque com o projecto que dizia que tinha dificilmente poderia torná-lo um prometo verdadeiramente ganhador.
Claro que nem mudando o rumo tem a garantia de ganhar títulos; mas pelo menos assim ganha mais certeza de os discutir; ganha uma equipa com dimensão para se bater, mano a mano, com qualquer dos rivais, habituados, nos últimos anos, a discutir os títulos convenientemente pouco incomodados pelo leão.
Pelo menos assim, o presidente do Sporting ganha mais fichas para poder rir no fim; ganha poder e ganha qualidade. E ganha, como se viu no Algarve. E ganhando, ganha confiança. E com mais confiança, ganha mais motivação. E quanto maior motivação, maior a probabilidade de vencer. E quanto mais vencer, mais hábito cria. E quanto mais habituada a ganhar uma equipa fica, mais perto estará sempre de chegar ao topo.
Fez, pois, muito bem o presidente do Sporting ao concluir que no futebol os melhores projectos são os que vencem. E os que melhor se preparam para vencer. Fez bem o presidente do Sporting. Não diga é que o projecto é o mesmo. Porque não é.
Também se ganham títulos com jovens jogadores, claro que sim; mas não se ganham títulos com uma maioria de jovens jogadores.
Está provado que dificilmente dá!

QUERIA o Benfica inverter a loucura financeira dos últimos anos e desinflacionar a massa salarial. Anunciou o Benfica um outro projecto, a mudança de paradigma. Desinvestir e apostar num outro treinador e num outro rumo.
Passou o Benfica a mensagem que iria ao mercado apenas para operações cirúrgicas. Foi buscar alguns reforços e chegou a pensar-se que fecharia a loja com a substituição de Lima por outro avançado. Pois saiu Lima e entrou Mitroglou.
Acontece que o Benfica perdeu aquela primeira batalha do Algarve, e perdeu-a no campo e fora dele, e foi logo a correr fechar o acordo com Raúl Jiménez, e, pelo que sabe, está a desenvolver contactos para mais uma ou duas contratações e para um investimento global que no fim poderá muito bem ascender a mais de 20 milhões de euros.
Estava o Benfica a querer fazer o caminho inverso ao do Sporting. Passar a apostar mais na prata da casa e num treinador mais sereno, menos exigente, e que mais facilmente se adaptaria ao novo projecto que o Benfica anunciava.
Mas não é a verdade como o azeite?
Pois bastou perceber o que sucedeu no Algarve - numa Supertaça tão claramente ganha pelo Sporting como claro foi aquele penalty sobre o Gaitán que Jorge Sousa terá sido dos poucos a não ver... - que o Benfica logo meteu travões a fundo para mudar de direcção e de projecto. Qual formação, qual carapuça!... Venha de lá o Mitroglou, mais a qualidade de um internacional como Jiménez, e de preferência a experiência de um Fábio Coentrão (que apesar do desejo muito dificilmente regressará à Luz) ou demais algum valor esquecido que por aí ande no mercado até 31 de Agosto, como bem deixou entender Rui Costa logo após o insucesso algarvio.
Quem quer ganhar desinveste como?

AGORA em contramão, Sporting e Benfica parecem finalmente remar para o mesmo lado, alertados para uma batalha que não tem lugar para meninos de coro. O Sporting já sabia que com Jesus a conversa seria outra, e o Benfica passou a sabê-lo ao perceber o trabalho que tem pela frente se não quer ficar irremediavelmente para trás e se quer proteger o seu inocente nesta guerra sem tréguas.

PS: Começa hoje a Liga seguramente mais controversa dos últimos dez anos em Portugal. E não é a entrar «receoso» que o Benfica lá vai. Nem a usar o Mitroglou acabadinho de chegar. Isso foi o pior!"

João Bonzinho, A Bola

Sem medos

"Domingo à noite, apito final, Supertaça decidida e começa o chorrilho de asneiras. Na entrevista em pleno relvado, o treinador da equipa que ganhou o jogo dedica as primeiras palavras ao SL Benfica. E as segundas, as terceiras e por aí adiante. Tem sido assim desde que mudou de clube. Por dá cá aquela palha, lá vem ele falar na obra feita no Benfica, troca os nomes dos clubes, elogia os adeptos rivais, enfim nada que me possa espantar depois de seis anos em que andei a tentar encontrar desculpas para tanta fanfarronice. No Algarve não foi diferente. Já se tinha atirado a Rui Vitória, atual treinador da equipa Bicampeã Nacional (só para os mais distraídos não se esquecerem), ficou sem resposta e resolveu continuar na sua senda egocêntrica, falando das 12 finais que os seus antigos jogadores disputaram em meia dúzia de épocas e do "medo" que o Benfica terá tido. Ó homem, tenha calma, respire fundo e faça o seu trabalho na nova empresa enquanto ainda há dinheiro para pagar ordenados. Deixe o SL Benfica em paz na sua caminhada para o Tri. Lembra-se do Nélson Semedo? Bela exibição do rapaz a quem nunca deu uma oportunidade. E o Lisandro López, sabe quem é? O argentino ex-emprestado ao Getafe com quem embirrou fez uma boa dupla com Jardel - só foram traídos pelo bilhar às três tabelas. Sim, ainda não houve tempo para se deliciar com as capacidades do Mitroglou, mas é só esperar até ao início de Outubro, mais precisamente à oitava jornada quando visitar a Catedral.
Por essa altura vamos ver quem é que tem medo de quem. E agora repita comigo: «Já não sou treinador do Benfica, já não sou treinador do Benfica...»"

Ricardo Santos, in O Benfica

É cedo para se tirar conclusões

"A Supertaça tem um valor reduzido. É importante, na medida em que se trata de um troféu oficial, mas de âmbito limitado, por se tratar de um jogo apenas. No entanto, valerá certamente mais que as ilações tiradas sobre o desempenho dos seus intervenientes, geralmente extemporâneas e caracterizadas pela euforia entre os vencedores e o alarmismo entre os vencidos. Em suma, é cedo para se chegar a conclusões.
Não sabemos, por exemplo, se o mau desempenho do árbitro Jorge Sousa é indicador de má forma física ou se se tratará do regresso, passados alguns anos, de uma certa tendência da sua parte para nos prejudicar.
Desconhecemos, também, os índices físicos das equipas, sendo que me pareceu que o nosso adversário se apresentou mais solto e pressionante, talvez devido a uma preparação física mais acelerada por ter que disputar a eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões.
Da mesma forma ignoramos o valor dos plantéis, numa altura em que subsiste alguma indefinição, seja por estarem ainda em aberto, seja por existirem novos jogadores a precisarem de tempo para se adaptarem a uma nova realidade.
O jogo, enfim, se é verdade que jogámos mal (no capítulo ofensivo), não menos o é que, ainda assim, dispusemos de oportunidades para nos adiantarmos no marcador e fomos penalizados por um lance fortuito do ataque sportinguista e um erro clamoroso de Jorge Sousa, como que a materializar uma espécie de malapata nesta prova, na qual, em 17 presenças, saímos derrotados em 12. Recordo, aos mais pessimistas, que Rui Vitória apenas orientou a nossa equipa numa delas..."

João Tomaz, in O Benfica

A tempo de corrigir

"Era importante conquistar a Supertaça. Era importante entrar na temporada a vencer. Era importante ganhar moral. Era importante responder, em campo, ao discurso arruaceiro que ouvimos do outro lado. Os nossos jogadores deram tudo, mas esse tudo não foi suficiente para derrotar um adversário muito reforçado e muito confiante. Ficámos sem um troféu, mas julgo que percebemos o que há a fazer para que os principais objectivos da época possam vir a ser alcançados.
O onze escalado foi o mais forte do momento. As substituições até melhoraram a equipa. Mas não podemos ignorar que, para esta temporada, ficámos sem três titulares indiscutíveis (com Luisão, quatro neste jogo), e que a única contratação à altura do onze base (Mitroglou), com poucos dias de trabalho, evidenciou uma condição física ainda deficiente. Do outro lado tivemos um rival que apresentou quatro reforços como titulares, aparentemente já bem integrados nos mecanismos colectivos. Não custa a admitir que o Sporting ganhou com justiça.
Há mercado até ao fim do mês. Estou seguro de que o mesmo vai ser aproveitado para corrigir os desequilíbrios que se notam, e que no Campeonato (pai de todos os objectivos) teremos um Benfica forte e afirmativo, capaz de se superiorizar a adversários bastante bem apetrechados. Também o Bayern de Guardiola, e o Chelsea de Mourinho, perderam as suas Supertaças. Nem por isso hipotecaram o que quer que fosse, e estão aí, prontos para os combates que têm pela frente. Tal como nós.
Uma palavra final para Jonas: a sua atitude no final foi de Homem, de Líder, e de Capitão. Destes é que precisamos."

Luís Fialho, in O Benfica

Para melhorar

"Que ainda há muito a melhorar, sem dúvida que há. Que os jogadores ainda têm de assimilar os processos e as ideias do mister Rui Vitória, certamente que sim.
A derrota do último fim-de-semana, na Supertaça Cândido de Oliveira, face ao Sporting e ao nosso ex-treinador, deve servir sobretudo como um processo de motivação e aprendizagem. Tudo ingredientes que nos levarão, certamente, à conquista do tricampeonato.
A aprendizagem é evidente e o próprio Rui Costa o afirmou no final do jogo. O plantel tem ainda ajustes a realizar, quer a nível defensivo, quer a nível ofensivo. O reposicionamento de Jonas, a plena integração de Mitroglou e a possível chegada de Raúl Jiménez vão, certamente, dar os seus frutos a breve trecho. A revelação de Nélson Semedo foi outra excelente notícia que brotou do campo no último domingo. A motivação é ainda mais clara e os Benfiquistas compreendem-na claramente. Esteve bem Rui Vitória em não responder a Jesus. Um treinador do Benfica apenas responde a quem e quando quer, atento o património e a história da instituição que representa. Esteve muitíssimo bem Vieira, que deixou a imprensa e os críticos literalmente a falar sozinhos. Tudo muito bem, até aqui. 
Mas dentro, cá dentro da alma Benfiquista, incendeia-se uma chama de motivação e orgulho de reerguer o nome do Sport Lisboa e Benfica. Dentro, bem cá dentro, nem eles sabem o animal feroz que voltaram a despertar. Sem certamente o querer, o Sporting até nos fez bem: tenho a certeza de que o SLB que jogará já este fim-de-semana com o Estoril, na Luz, será um verdadeiro furacão do Futebol. Todos - mas todos sem excepção - vão temer jogar com o Glorioso!"

André Ventura, in O Benfica