sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Travões a fundo!

"Com Jorje Jesus sabia que tinha que alterar o projecto; o Benfica queria o caminho inverso mas arrependeu-se!...

SPORTING e Benfica queriam seguir uma direcção e agora, como já se esperava, mudam de rumo. O Sporting pela óbvia razão de ter agora Jorge Jesus e, tendo Jorge Jesus, ter, também, de perceber que não é a pensar nos mais jovens jogadores que pode aspirar a ganhar títulos; quanto ao Benfica, estava mesmo a ver-se que mudaria a direcção logo que mudasse o vento e passasse o vento a soprar desfavorável como soprou no Algarve.
Queria o Sporting, na última época, convencer a malta que o essencial do projecto era apostar em jovens como Tobias Figueiredo ou Ricardo Esgaio ou Carlos Mané ou Ryan Gould, e por diversas vezes fez o clube leonino passar a mensagem que Marco Silva tinha dificuldade em entender esse projecto e que por essa razão parecia tornar-se um treinador incompatível com o projecto dos leões e do presidente Bruno de Carvalho mais os seus acólitos. Pois ao contratar Jorge Jesus, ao contratar o melhor treinador que está em Portugal e um dos melhores treinadores da Europa, o Sporting vê-se obrigado a mudar o projecto, porque o projecto do Sporting é agora, como não podia deixar de ser, o projecto de Jorge Jesus, o projecto de quem quer discutir e conquistar títulos e não o projecto de quem passou muito tempo a dizer que tinha um projecto sem se saber exactamente que projecto era esse a não ser que era um projecto que passava, antes de mais, pela aposta em JOVENS JOGADORES lá formados ou entretanto contratados!
Só contrata Jorge Jesus quem aposta tudo nos títulos, mete as fichas todas na conquista de campeonatos. Se não é isso que se quer, então não se precisa de um treinador como Jesus.
Como o Sporting foi a correr atrás de Jesus assim que lhe cheirou que era uma possibilidade Jesus não continuar no Benfica, então lá teve o Sporting de meter na gaveta o tal projecto que dizia que tinha na última época. Uma coisa é PODER contar com Esgaio, Tobias Figueiredo, Mané ou Gelson Martins, outra coisa é TER de contar com eles para chegar aos títulos.
Seja com Jorge Jesus, seja com qualquer outro treinador, jogar para ganhar uns jogos é uma coisa, jogar para chegar ao topo é outra.
Como diz um amigo meu, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
E assim nos entendemos.
Para chegar ao topo, o Sporting precisa de um Naldo, é melhor dispor da experiência de João Pereira, é indispensável não deixar sair Jefferson, mais William, Adrien ou Slimani, é absolutamente essencial a qualidade de um Bryan Ruiz e a competitividade de um Teo Gutiérrez, mais a cabeça limpa de um Carrillo. Portanto, com Jorge Jesus lá se foi o projecto que o presidente do Sporting dizia que tinha, e fez bem o presidente do Sporting, porque com o projecto que dizia que tinha dificilmente poderia torná-lo um prometo verdadeiramente ganhador.
Claro que nem mudando o rumo tem a garantia de ganhar títulos; mas pelo menos assim ganha mais certeza de os discutir; ganha uma equipa com dimensão para se bater, mano a mano, com qualquer dos rivais, habituados, nos últimos anos, a discutir os títulos convenientemente pouco incomodados pelo leão.
Pelo menos assim, o presidente do Sporting ganha mais fichas para poder rir no fim; ganha poder e ganha qualidade. E ganha, como se viu no Algarve. E ganhando, ganha confiança. E com mais confiança, ganha mais motivação. E quanto maior motivação, maior a probabilidade de vencer. E quanto mais vencer, mais hábito cria. E quanto mais habituada a ganhar uma equipa fica, mais perto estará sempre de chegar ao topo.
Fez, pois, muito bem o presidente do Sporting ao concluir que no futebol os melhores projectos são os que vencem. E os que melhor se preparam para vencer. Fez bem o presidente do Sporting. Não diga é que o projecto é o mesmo. Porque não é.
Também se ganham títulos com jovens jogadores, claro que sim; mas não se ganham títulos com uma maioria de jovens jogadores.
Está provado que dificilmente dá!

QUERIA o Benfica inverter a loucura financeira dos últimos anos e desinflacionar a massa salarial. Anunciou o Benfica um outro projecto, a mudança de paradigma. Desinvestir e apostar num outro treinador e num outro rumo.
Passou o Benfica a mensagem que iria ao mercado apenas para operações cirúrgicas. Foi buscar alguns reforços e chegou a pensar-se que fecharia a loja com a substituição de Lima por outro avançado. Pois saiu Lima e entrou Mitroglou.
Acontece que o Benfica perdeu aquela primeira batalha do Algarve, e perdeu-a no campo e fora dele, e foi logo a correr fechar o acordo com Raúl Jiménez, e, pelo que sabe, está a desenvolver contactos para mais uma ou duas contratações e para um investimento global que no fim poderá muito bem ascender a mais de 20 milhões de euros.
Estava o Benfica a querer fazer o caminho inverso ao do Sporting. Passar a apostar mais na prata da casa e num treinador mais sereno, menos exigente, e que mais facilmente se adaptaria ao novo projecto que o Benfica anunciava.
Mas não é a verdade como o azeite?
Pois bastou perceber o que sucedeu no Algarve - numa Supertaça tão claramente ganha pelo Sporting como claro foi aquele penalty sobre o Gaitán que Jorge Sousa terá sido dos poucos a não ver... - que o Benfica logo meteu travões a fundo para mudar de direcção e de projecto. Qual formação, qual carapuça!... Venha de lá o Mitroglou, mais a qualidade de um internacional como Jiménez, e de preferência a experiência de um Fábio Coentrão (que apesar do desejo muito dificilmente regressará à Luz) ou demais algum valor esquecido que por aí ande no mercado até 31 de Agosto, como bem deixou entender Rui Costa logo após o insucesso algarvio.
Quem quer ganhar desinveste como?

AGORA em contramão, Sporting e Benfica parecem finalmente remar para o mesmo lado, alertados para uma batalha que não tem lugar para meninos de coro. O Sporting já sabia que com Jesus a conversa seria outra, e o Benfica passou a sabê-lo ao perceber o trabalho que tem pela frente se não quer ficar irremediavelmente para trás e se quer proteger o seu inocente nesta guerra sem tréguas.

PS: Começa hoje a Liga seguramente mais controversa dos últimos dez anos em Portugal. E não é a entrar «receoso» que o Benfica lá vai. Nem a usar o Mitroglou acabadinho de chegar. Isso foi o pior!"

João Bonzinho, A Bola

1 comentário:

  1. Este texto está certíssimo no que diz respeito ao sporting. Quanto ao Benfica, Mitroglou já cá estava antes da Supertaça e é errado pensar que o Benfica queria seguir um caminho idêntico ao do scp. O que se passou é que já poucos aguentavam Jorge Jesus. Ele saiu para o não aturarem mais, não porque se iria apostar cegamente na formação.

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