quinta-feira, 30 de julho de 2015

Tenho saudades duma transição rápida

"Os golos vão aparecer. O que parece ter desaparecido é o Benfica das transições rápidas para dar lugar a um Benfica onde ninguém foge, não se vá desmanchar o bloco.

PEDRO PROENÇA é o novo presidente da Liga de Clubes.
E depois, qual é o problema?
Nenhum.
O antigo árbitro terá certamente uma agenda recheada de ideias modernas para o futebol português e, que se saiba, não se propôs no seu programa eleitoral a decretar a impossibilidade prática e teórica de o Benfica vir a conquistar o campeonato pelo terceiro ano consecutivo.
E, como se sabe, esta é a eventualidade que mais enerva o Sporting e o Porto, subscritores maiorais da candidatura de Pedro Proença.
É, no entanto, natural que Porto e Sporting tenham uma grande fezada em Proença que, nos últimos anos, foi quem lhes garantiu as maiores alegrias. Por via directa no caso do Porto e por via indirecta no caso do‪ #‎NotSportingLisbon‬.
Mas não passa disso. É apenas fé, não daquela fé que move montanhas mas da que se compraz em si mesma amesquinhando até o perfil de idoneidade do novo presidente da Liga de Clubes.
A verdade é que a notícia do regresso ao activo de Pedro Proença causou alarme nos nossos areópagos.
- Valha-nos Deus que o campeão voltou! – lamentaram-se muitos benfiquistas.
Enquanto isto, uma onda de euforia inundava as casas dos rivais com a certeza abusiva de que Pedro Proença nunca lhes falhará.
- O campeão voltou! O campeão voltou! – exultaram, cheios de certezas, portistas e sportinguistas. Penso que estão todos enganados nas suas suposições.
O campeão ainda não voltou. Continua mais uns dias pelas Américas. O campeão voltará a 9 de Agosto para a decisão da Supertaça. Só a partir daí é que se pode começar a falar a sério. Até lá valem todas as cantigas, incluindo as nossas.

FOI-SE embora o Lima. Tem 32 anos e chegou a sua hora de fazer um contrato das arábias. Já fez, está feito. Tenho mais pena de não o ter visto chegar ao Benfica mais cedo do que chegou do que de o ver partir já em idade de merecer, como merece, uma reforma dourada onde quer que seja.
O brasileiro saiu do Benfica como um senhor. Vai-nos fazer falta, certamente.
Em três anos de Benfica, Lima marcou 70 golos, muitos deles extraordinariamente importantes. Foi um excelente avançado mas não só. Foi também um magnífico médio e um não menos empolgante defesa. Lima jogava no campo todo exibindo uma generosidade para com os colegas e uma capacidade de luta face ao adversário que desde cedo cativaram o público e a crítica, sempre tão exigentes.
Com a saída de Lima fica desfeita a dupla que tão bem trabalhou para o último título nacional do Benfica. Lima e Jonas ou vice-versa, como preferirem. Ambos marcaram uma catrefada de golos.
Os adeptos são e serão sempre saudosistas de quem lhes deu alegrias até ao fim. E por isso o nome de Lima será reverenciado na Luz por muitos anos.
Nós, os adeptos, podemo-nos dar ao luxo de ter saudades de um antigo jogador porque não nos faz mossa. Já os jogadores não se podem dar ao luxo de ter saudades dos colegas de equipa que não estão mais lá e que lhes fazem falta.
Por exemplo, nos dois últimos jogos do Benfica nas Américas foram confrangedoras de ver as saudades que Jonas sentiu de Lima em campo. E isso é que já é um grande, um enorme desperdício.

O primeiro golo da época para Cristiano Ronaldo surgiu no jogo particular com o Manchester City. Foi numa bola em chapéu que o guarda-redes ainda tentou safar sobre a linha de golo mas sem êxito. Visto e revisto o lance não deixou dúvidas. A bola entrou na baliza e o árbitro esteve bem ao apontar para o centro do terreno.
No entanto, se o árbitro do jogo fosse o treinador do Real Madrid não teria, certamente, validado o golo de acordo com a opinião expressa de Cristiano Ronaldo, tão altamente expressa que se ouviu em todo o mundo.
- Estás sempre a roubar os portugueses!
Rafa Benítez e Cristiano Ronaldo, temos caso. Ainda não começou a sério a temporada e o Real Madrid já nos promete um número de egos só ao alcance das grandes multinacionais do entretenimento.

NESTA última semana o Benfica on tour fez três jogos e averbou três-não-vitórias.
Empatou dois jogos a zero e perdeu um jogo por 2-1. Marcou, portanto, 1 golo em 270 minutos, jogou uma vez em inferioridade numérica porque o Luisão foi expulso (embora não tenha mandado o árbitro ao chão) e uma outra vez em superioridade numérica (porque um mexicano qualquer foi-se ao Samaris com ganas de matador).
O Benfica foi ainda visitar a cidade de Nova Iorque e foi também visitado por um pugilista de fama planetária que tirou fotografias coma rapaziada toda e que teve a bondade de nem sequer perguntar pelo Maxi Pereira que era o seu jogador preferido do nosso plantel.
No capítulo das prestações individuais há a registar que Jonas falhou uma grande penalidade no jogo com o Club América, que Ederson defendeu uma grande penalidade da série de desempate com o mesmo adversário e que Samaris parece ser o único jogador do Benfica que se diverte com este novo estilo de jogo onde goza de uma liberdade com que jamais sonhou na época passada.
O próximo jogo do Benfica on tour será na madrugada da próxima segunda-feira e o adversário é o Monterrey, que vai jogar em casa. É bem provável que o Benfica termine esta pré-temporada averbando mais uma não-vitória. E não é drama nenhum.
Excepção feita ao jogo com os mexicanos do Club América – porventura um dos jogos mais maçadores do Benfica dos últimos e largos tempos -, a equipa construiu alguns momentos agradáveis com a Fiorentina e com os New York Red Bulls e por comparação com o que os seus rivais internos, Porto e Sporting, têm produzido nesta fase, não lhes ficou atrás no capítulo da episódica qualidade de jogo ao alcance no precoce mês de Julho.
Marcar golos é que tem sido mais difícil como se viu nos jogos com italianos e com mexicanos. Mas os golos, mais cedo ou mais tarde, vão aparecer. O que parece ter desaparecido de vez é o Benfica das transições rápidas para dar lugar a um Benfica de um futebol apoiado, tão apoiado que não permite que ninguém fuja com a bola em velocidade não se vá desmanchar o bloco.
Tenho saudades de uma transição rápida, confesso.
Tal como aconteceu em 2014 por esta altura, também em 2015 o Benfica não vai ser o campeão da pré-temporada. E esta é, francamente, a melhor notícia deste Verão.
Se já o título de campeão de inverno às vezes dá galo, imagine-se só tudo o que pode correr mal ao longo de uma temporada inteira a um campeão da pré-temporada…

PS – Em Fevereiro de 2000, o Rui Santos, que era então o chefe-de-redacção de A Bola, convidou-me para escrever uma página de opinião semanalmente neste jornal. Tendo eu deixado de ser jornalista em 1998, o que me libertava dos deveres de imparcialidade e de contenção decorrentes da profissão, aceitei com muito gosto o convite e durante os 15 anos que se seguiram A Bola deu-me carta-branca para não ser isenta nem contida e para abusar da anarquia que me é tão querida. Depois de Rui Santos, neste meu período de 'vigência' enquanto colunista, A Bola teve outros chefes-de-redacção como João Bonzinho e António Magalhães. O diretor, Vítor Serpa, nunca mudou. O que também nunca mudou foi a liberdade de opinião que sempre me foi conferida e que muito apreciei. Quinze anos foram muitas quintas-feiras e chega hoje ao fim a minha colaboração com A Bola. Gostei muito. A todos, obrigada. E adeus."

Leonor Pinhão, in A Bola

PS: O fim das crónicas da Leonor n'A Bola, é uma terrível notícia para os Benfiquistas. São tão poucos os Benfiquistas com tempo de antena, nos principais órgãos de comunicação social desportiva, que a 'ausência' da Leonor vai-se sentir... pelo humor, pela independência, pelo politicamente incorrecto, pela coragem de chamar os nomes pelos bois, pela memória, e pelas várias lições de Benfiquismo, mesmo quando isso implicava criticar comportamentos ou palavras de adeptos, jogadores, treinadores ou dirigentes do Benfica...
Espero que a Leonor continue a publicar a sua opinião noutro local... e porque não, na BTV e no Jornal O Benfica?!

Bilal Ould-Chikh

Finalmente apresentado. Já falava à Benfica, mas o Benfica decidiu esperar pelo 18.º aniversário do jovem Holandês, para oficializar a contratação...
Vi-o no recente Europeu de sub-19 na Grécia. Demonstrou excelente qualidade técnica ofensivamente, tanto a driblar como no passe, mas também mostrou pouca vontade em defender...
Não me pareceu-me pronto para a equipa principal, apesar de já ter minutos e golos na Liga Holandesa...

Empate

Benfica B 2 - 2 WAC Casablanca

Regresso ao Seixal, após o estágio em Inglaterra, contra um adversário mais complicado, e mesmo assim os putos, não estiveram mal... Entrámos a perder, demos a volta, e permitimos o empate.

Perguntas e respostas

"A nova época promete. Em competitividade, em acordos e desacordos, em convicções e suspeições. Há muitas perguntas para as quais, só com o tempo, poderemos ter respostas (ou não). Algumas com importância, outras por mera curiosidade. Pela minha parte, adianto o 'meu onze':
1. Que surpresas nos revelam as últimas horas do dia 31 de Agosto (no ano passado, para o Benfica a maior - Jonas - até foi depois)?
2. Agora que Rui Vitória já não treina o Vitória, irá concretizar-se o sonho da tróica benfiquista: Vitória, Vitória (Rui), Vitória (águia)?
3. Conseguirá Rui Vitória olhar de frente os penalties, como não fazia com o Vitória de Guimarães?
4. Quantos cartões amarelos e vermelhos vai ter o até há pouco tempo considerado, no FCP, rei dos sarrafeiros, Maxi?
5. Em que especiais circunstâncias vão os portistas apresentar o seu equipamento alternativo cor de cacau com leite?
6. Será que Lopetegui vai fazer as pazes com Jesus e que este vai soletrar bem o nome do basco, agora que não há Benfica pelo meio?
7. Quando irá Bruno Paixão arbitrar o FC Porto (o último foi em Barcelos, em Janeiro de... 2012)?
8. Quando acontecerá um cartão vermelho para Casillas de modo a, finalmente, haver pretexto para Helton voltar ao seu lugar?
9. Vai o presidente do Sporting sentar-se menos vezes no banco do que na época passada?
10. Passarão as pastilhas elásticas de Jesus de sabor a morango para fragrância de puro mentol?
11. Quantos pontos poderá ter o Boavista a menos em casa, agora que foi substituído, no Bessa, o relvado sintético por relvado natural?"

Bagão Félix, in A Bola

Querido Agosto

"A pouco mais de duas semanas do arranque do futebol de primeira linha em Portugal, nenhum dos grandes tem particulares razões para estar optimista. O Benfica, nas Américas, continua sem vitórias e acumula sobretudo dúvidas; o Sporting mostrou fragilidades defensivas que devem preocupar Jorge Jesus, especialmente porque os adversários estavam longe de ser de primeira linha; o FC Porto, apesar do forte investimento, também somou exibições e resultados tristonhos quando o nível de dificuldade subiu.
Estamos em finais de Julho e, por esta altura, ninguém tem razões para se rir das desgraças do vizinho. Mas a experiência, sobretudo dos últimos anos, diz-nos que não devemos levar muito a sério os resultados de verão. Porque são treinos, em que cada treinador aproveita para testar novas soluções e variantes, e, acima de tudo, porque teremos o mercado aberto por mais um mês.
Há um ano, as goleadas sofridas na Emirates Cup fizeram soar os alarmes na Luz: chegaram Júlio César, Samaris e Jonas, três elementos fundamentais no sucesso que viria a acontecer depois. Por isso, é de esperar que também o jogo da Supertaça, com toda a carga emocional que tem em cima, ajude a definir o posicionamento de Benfica e Sporting para as três semanas que sobram de mercado. E mesmo o FC Porto terá ali uma indicação da real valia dos dois grandes adversários que lhe permitirá balizar as suas próprias necessidades competitivas.
A procissão ainda vai no adro. Por isso, fazer contas à força e ao valor de uma equipa neste momento é um exercício tão desnecessário como perigoso. Os jogos já disputados, em breve não serão mais do que uma memória vaga. Vamos entrar no mês mais importante do futebol europeu: o querido, ou maldito, mês de Agosto."

A UEFA das meias medidas

"Um dos factores que exercem maior fascínio entre os amantes do futebol está relacionado com a incerteza dos resultados, mesmo quando se trata de adversários desequilibrados. Tal deve-se às características do jogo (enorme dificuldade em marcar golos) e à cada vez maior uniformização de metodologias de treino, independentemente da capacidade de investimento de cada clube. A bola preparação física e táctica da generalidade das equipas, num desporto em que é significativamente mais fácil defender do que atacar, a que acresce a discrepância nos objectivos de cada clube, sejam referentes à competição ou à partida em disputa (na maior parte dos casos, a uma das equipas só interessa a vitória enquanto à outra também lhe serve o empate). Por isso, é normal ouvir-se que este é um jogo que se decide nos detalhes, por norma reservados aos grandes jogadores, os quais custam muito dinheiro.
Mas se é indiscutível que a incerteza do resultado, apesar de as estatísticas indicarem o contrário, existe de facto quando uma partida é iniciada, não menos o é que, em provas de regularidade ou mesmo naquelas disputadas por eliminatórias, mas em que o sorteio é condicionado, ganham, na grande maioria dos casos, as equipas favoritas, ou seja, as que mais investem.
A propósito deste tema, Michel Platini, presidente da UEFA, em entrevista publicada na edição de Julho da revista 'World Soccer', manifestou alguma preocupação, revelando que considera necessário proceder-se a alterações no futebol de forma a promover a competitividade nas provas europeias, e nos diversos campeonatos nacionais e, assim, evitar o possível desinteresse dos adeptos. O antigo jogador francês foi mais longe, ao afirmar que o que é verdadeiramente importante é limitar a possibilidade de concentração dos melhores jogadores em meia dúzia de equipas e recorda que Barcelona e Real Madrid têm dividido quase todos os títulos em Espanha na última década, a Juventus é tetracampeã nacional Italiana e Bayern Munique e PSG são tricampeões nacionais Alemão e Francês, respectivamente.
É justo reconhecer que a UEFA tem tentado criar mecanismos de controlo do negócio futebol. A criação do 'fair-play financeiro' em 2010 e a sua aplicação a partir do ano seguinte (a primeira avaliação dos clubes foi realizada em 2014 e o regulamento foi actualizado este ano) obrigaram a que os clubes sejam mais racionais na tomada de decisões, estando impedidos de, no período compreendido entre 2015/16 e 2017/18, apresentarem mais de 30 milhões de euros de prejuízo (o investimento em estádios, centros de treino e a aposta na formação de jovens e no futebol feminino estão excluídos desta avaliação).
Esta medida visa, sobretudo, zelar pela sustentabilidade financeira dos clubes, ao impor a racionalidade sobre a emoção e limitando a capacidade de um único interveniente desvirtuar a competição conforme ocorreu, por exemplo, quando surgiram os primeiros magnatas investidores no futebol europeu que, mais do que oferecerem uma visão estratégica e/ou novos processos de gestão, 'limitaram-se' a injectar dinheiro no apetrechamento dos seus plantéis.
No entanto, e apesar de o 'fair-play financeiro' ser destinado à 'melhoria da saúde financeira global do futebol europeu', esta não é uma medida que resultará numa solução para o problema da falta de competitividade dos vários campeonatos europeus. Houve, inclusivamente, quem, neste âmbito, a criticasse, pois poderia tornar ainda mais difícil aos clubes pequenos aproximarem-se, mesmo que episodicamente, dos maiores clubes. A UEFA refuta este argumento, recordando que essa realidade é anterior à implementação de o 'fair-play', Platini, na entrevista referida anteriormente, defende que o fosso entre clubes aumentou a partir da entrada em vigor da Lei Bosman, e eu acrescento que a evolução da Liga dos Campeões, nomeadamente no que diz respeito à distribuição de prémios, e os contratos de exploração dos direitos televisivos celebrados nos últimos anos em Inglaterra, Alemanha e Espanha (além de casos pontuais em Itália e França) fizeram o resto, tornando numa miragem, aos clubes dos restantes países, a ambição da conquista da principal prova europeia.
Ciente desta problemática, e com a impossibilidade de contrariar o direito de livre circulação de cidadãos dos países comunitários na União Europeia, a UEFA entendeu, há poucos anos, condicionar os clubes na escolha dos jogadores que compõem os seus plantéis, introduzindo a obrigatoriedade de inscrição de, no mínimo, quatro formados no clube e de outros quatro formados localmente (inscritos pelo menos três anos na federação do país entre os 15 e os 21 anos), depreendendo-se que, de acordo com declarações do presidente da UEFA, este requisito seja ampliado num futuro próximo, tendo, inclusive, revelado que pretende discutir o tema com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, numa reunião agendada para Setembro.
Ironicamente, numa demonstração de que, por vezes, a bondade das medidas, ao serem definidas, não encontra paralelo quando as mesmas são aplicadas, já há quem, em Inglaterra, critique esta restrição à inscrição de atletas, por, na sua opinião, resultar numa sobrevalorização dos jogadores formados localmente. É lógico: se a procura aumenta e a oferta se mantém, o preço sobe.
Em Portugal, o Sporting, seja por necessidade ou princípio filosófico, é o clube, entre os 'três grandes', que há mais anos aposta na formação. Dessa política poucos benefícios tem obtido desportivamente, a escassez de títulos é um flagelo para os seus adeptos; financeiramente, a acumulação de maus resultados é evidente. O Benfica, após anos de política 'expansionista', parece agora começar a inverter essa tendência. Anos de investimento em infra-estruturas e departamentos de suporte transformaram o clube no dominador da formação, somando-se, no presente, o que mais proveitos financeiros obtém desta aposta. A julgar pelas intervenções públicas dos seus dirigentes, pretende agora capitalizar esse investimento também no plano desportivo. Pelo contrário, o FC Porto, talvez pela pressão do mau desempenho desportivo recente, insiste em investir fortemente em jogadores feitos e caros, na presunção de que o retorno desportivo seja imediato e correndo o risco de, a médio prazo, ter que lidar com graves problemas financeiros.
No plano teórico, e num cenário em que a UEFA imponha uma restrição mais ampla à inscrição de atletas estrangeiros, Sporting e Benfica estarão melhor preparados que o FC Porto. No entanto, há que considerar que, sempre que há um sector em que coexistem entidades reguladoras e reguladas, as segundas adaptam-se às imposições das primeiras. Provavelmente, os clubes europeus mais ricos passarão a contratar os jogadores estrangeiros mais promissores do escalão sub-17 e, se necessário, a emprestá-los a clubes do seu país, antecipando-se ao problema que a UEFA lhes julga estar a criar. Em boa verdade, esta prática já é comum. A diferença é que passará a ser sistemática, podendo, num cenário pessimista, colocar em causa até o propósito do investimento sério na formação de jogadores nos países menos endinheirados.
Na minha opinião, a única forma que a UEFA tem de alterar este paradigma, caso esteja de facto preocupada com a competitividade e a rotação competitiva nas suas competições e campeonatos nacionais dos países que a integram, passa pela instituição de um tecto salarial às equipas participantes nas competições por si organizadas. E esta nem sequer seria uma solução inovadora. Os seus méritos, salvo as devidas diferenças (ligas fechadas e sistema de 'draft' no recrutamento de jogadores), estão comprovados no desporto americano, em que a rotatividade dos campeões é a norma."

João Tomaz, in Visão Económica