sexta-feira, 12 de junho de 2015

Boa sorte, 'mister'!

"Habemus Vitória, agora falta que o Rui nos dê muitas vitórias. Estamos mal (bem) habituados, no passado recente foi uma barrigada de êxitos, como nunca houve. A Taça de Portugal ganha pelo Sporting interrompeu uma série de seis títulos nacionais consecutivos (todos) que o Benfica ganhou com brilho. Na próxima época, quando Rui Vitória orientar jogos no Estádio da Luz, cedo se ouvirá cantar Dá-me o 35! 
Interessa pouco nesta fase fazer sondagens sobre se Rui Vitória era o preferido dos adeptos, em rigor quando Jorge Jesus chegou há seis anos não havia nenhuma sondagem junto dos adeptos que o colocasse como desejado para treinar o Benfica, e seis anos volvidos, ganhou 10 títulos com o emblema da águia ao peito.
Rui Vitória será aclamado se ganhar e criticado se não o conseguir. É sempre esse o duro e difícil desígnio de um treinador de um clube grande, como o Benfica. Ele melhor que ninguém o sabe, e quer ganhar mais (ou tanto) que qualquer um de nós. Mas há créditos que Rui Vitória tem, e não podem ser ignorados. Sempre conseguiu resultados acima da matéria-prima que dispunha e, por isso, se lhe for dado um bom plantel, como certamente será, há legítimas esperanças que o rumo do êxito se manterá. Lembro-me, há dois anos, de em conversa com Júlio Mendes no camarote da Luz, lhe dizer em jeito de brincadeira que com nove bidões e dois jogadores de futebol o Vitória de Guimarães de Rui Vitória era das equipas que melhor jogava. Fiquei com um sorriso malandro do presidente vitoriano, de quem sou amigo, e que obviamente não poderia concordar com a minha provocação, apesar do elogio ao treinador.
Temos treinador, estamos a fazer o plantel, e seguramente entraremos na próxima época para tentar vencer as provas que vamos disputar.
Boa sorte, mister! Estamos juntos rumo ao êxito!"

Sílvio Cervan, in A Bola

De cavalo para burro

"O Jorge era trolha. Tinha muitos anos de experiência. Começou por construir uma vivenda na Margem Sul. Depois: convidaram-no para ir para uma obra no norte, em Felgueiras. 'Parece que há lá muito graveto', disse-lhe um colega. Jorge exigiu materiais mais caros. Queria parquê nos quartos e uma lareira na sala. 'Mas sem factura', pediram-lhe os empresários da indústria têxtil. O trolha aceitou e meteu algum ao bolso. Estava lançado. Continuou a saltar de obra em obra, até que um dia, foi desafiado para um projecto maior, em Braga. Juntou meia dúzia de homens da sua confiança e fez-se ao trabalho. Na inauguração as falhas estavam à vista, havia uns fios soltos e umas tomadas que não funcionavam, mas a acústica era boa. E entregou a obra só com alguns meses de atraso e com uma derrapagem financeira que interessava a toda a gente. Ficou bem visto e um gabinete de arquitectos convidou-o para uma obra especial, a seis anos - uma catedral neorealista. A ideia era a de conseguir o Pritzker, o prémio Nobel da arquitectura. Jorge nunca tinha ouvido falar de tal coisa. Chamou a sua equipa, reforçou os ordenados e nem queria acreditar quando chegaram as madeiras nobres do Brasil, as pedras preciosas da Argentina e os filões de ouro da ex-Jugoslávia. Tudo sem mexer uma palha, a equipa de trabalho estava bem oleada. Todos acreditavam que não deveria faltar muito para conseguir o prémio. Jorge achava-se o maior arquitecto do mundo, mas era só um pedreiro muito bem pago, com uma equipa que lhe dava todas as condições para chegarem juntos ao Nobel. 'Nada disso', disse Jorge - 'Eu sou o melhor'. E bateu com a porta quando só faltavam terminar os arruamentos. Consta que aceitou uma pipa de massa para ir salvar unicórnios para a Atlântida. A Catedral, essa, continua linda."

Ricardo Santos, in O Benfica

Apagados

"Há uma diferença óbvia entre a legalidade e a ética. Não é à toa que existem códigos de conduta para muitas profissões, por vezes de cumprimento obrigatório.
Treinadores e jogadores de futebol têm o direito legal de mudar directamente para um clube rival. Mas se me perguntam se isso é saudável, respondo categoricamente que não.
Embora estejamos perante um universo altamente volátil e mercantilizado, por onde rodam muitos milhões de euros, entendo que os agentes de uma indústria que desperta tão intensas paixões jamais devem perder de vista um facto muito simples: são essas paixões que lhes sustentam o estatuto e lhes permitem vidas milionárias. Respeitar os adeptos que os idolatram não é um favor, nem um acto de altruísmo. É uma exigência.
Paulo Sousa, Pacheco ou Rui Águas (Figo, lá fora), ignoraram essa exigência no passado. Nenhum deles mereceria ver aberta a porta por onde um dia fugiu. Mais do que um clube, trataram mal o próprio futebol - subvertendo a sua natureza enquanto fenómeno identitário de agregação e de emoções. Perante a lei, fizeram aquilo a que achavam ter direito. Não podem é esperar, depois, qualquer tipo de compreensão, carinho, admiração ou respeito por parte daqueles que choram com as derrotas, que não dormem na véspera dos grandes jogos, e que, directa ou indirectamente, pagam do seu bolso (muitas vezes com grande sacrifício) todo o futebol.
O agora treinador do Sporting entendeu seguir este caminho, quando podia deixar o seu nome escrito a ouro na nossa história. Apagou-se a si próprio nas fotografias. Não as da loja, mas, sobretudo, as da nossa memória."

Luís Fialho, in O Benfica

O Benfica continua!

"Era ponto assente que, independentemente das circunstâncias, o anúncio do abandono de Jorge Jesus do comando técnico da nossa equipa, provocaria as mais diferentes reacções entre os Benfiquistas.
Como sempre há aqueles que julgam que o clube irá 'acabar'. No polo oposto encontram-se os que acreditam piamente que o sucesso Benfiquista obtido ao longo da história se deve exclusivamente à grandeza do Sport Lisboa e Benfica e à capacidade daqueles que, num determinado momento, o dirigem e o representam. A maioria, creio, sabe reconhecer que a glória alcançada é fruto do trabalho e dedicação de todos que contribuem para o engrandecimento da instituição, encarnando a expressão E Pluribus Unum que, mais que uma mera divisa, consubstancia o espírito Benfiquista, o verdadeiro e único motivo da grandeza do nosso Clube.
Jorge Jesus. com toda a competência e mérito que lhe são reconhecidos, foi uma peça importante nas conquistas (e derrotas!) 'encarnadas' nos últimos anos. No entanto, apesar do seu apelido, não é o messias. Sem as condições que lhe foram proporcionadas para desenvolver o seu trabalho, os jogadores colocados à sua disposição ou o apoio incessante da massa adepta do Benfica, o ex-treinador do Benfica apresentaria, ao fim destes seis anos e pese o seu valor, o mesmo currículo que tinha quando se juntou à família Benfiquista: Um deserto de títulos.
Esta constatação, que me parece indiscutível, deverá servir de lição para o futuro próximo. 
Independentemente do treinador a quem for dada a honra de liderar o futebol Benfiquista, dificilmente terá 'pior' currículo que o nosso ex-técnico quando chegou à Luz. O resto manter-se-á certamente."

João Tomaz, in O Benfica

A Formação que faz falta!

"Muito se tem dito nestes últimos dias, a reboque da saída do actual treinador, relativamente ao papel da formação nas grandes equipas e nos resultados que conseguiriam transpor para o plano desportivo concreto.
Pois bem, os números que vos vou deixar são tudo menos abstractos. São a expressão de nove anos do laboratório de talentos do Seixal e das fundações em que assenta o projecto de Vieira para os próximos anos no clube:
- 9 Títulos conquistados;
- 50 atletas internacionais nas respectivas selecções nacionais nos vários escalões: Sub-15, Sub-16, Sub-17, Sub-18 e Sub-19, o que significa que o Benfica tem, a este nível, mais atletas jovens representados nas selecções do que Porto e Sporting juntos.
É preciso não esquecer este dado fundamental: apenas se ganham campeonatos com a Formação se se deixar os jogadores crescer e amadurecer naturalmente, sem ciclos de instabilidade ou precipitações movidas pelo contexto financeiro ou competitivo.
É agora que começamos a ver resultados palpáveis e mensuráveis de um projecto que foi já iniciado no longínquo ano de 2003.
Uma última nota de congratulação para com a conquista de mais três títulos das nossas modalidades: Hóquei patins feminino, Basquetebol de Sub-16 e ainda os nossos queridos Juvenis A de Futebol. Afinal, qual é o clube que aposta na Formação e nas modalidades?"

André Ventura, in O Benfica

Sob o signo do um

"1 Euro
Por 1€ se mata, se esfola, se ri, se fazem contas, se fala, se compra, se vende, se faz tudo e mais umas botas de borracha. Esta simples moeda, com imensas variantes consoantes os Países que as emitem, possui uma atracção fatal sobre todos os seres humanos.
As moedas são emitidas por cada um dos Países que compõem a actual União Europeia (antigamente designada por CEE), em função da importância de cada um desses Países.
A coisa é muito simples.
Os critérios de emissão de moeda são vários, desde a importância económica de cada País até ao critério populacional. Em termos muito simplistas, tal significou que a Alemanha teve direito a cunhar muitas mais moedas, que por exemplo Portugal, ou a Grécia.
O que é que isto quer dizer? Uma coisa muito simples!
Na 1.ª jornada do campeonato, a Alemanha tinha 100 moedas, Portugal 20 e a Grécia, 15. Ora, se Portugal gastar os seus 20 comprando produtos à Alemanha, obviamente fica teso! O mesmo se aplica, se a Grécia gastar os seus 15 a comprar produtos alemães.
Ficando tesos, Portugal e Grécia tem de pedir emprestado à Troika, que com aquele seu ar de emprestadores abastados, onde faz parte a própria Alemanha, emprestam dinheiro a Portugal e Grécia para comprar mais produtos alemães!

1 Punhal
Uma equipa do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) de Espanha encontrou, o ponto exacto onde Júlio César foi apunhalado enquanto presidia uma reunião do Senado em Roma, na Itália.
O imperador estava exactamente no centro do fundo da Curia di Pompeo.
A punhalada fatal foi lhe dada pelo seu filho adoptivo Marcus Brutus, daí vulgarmente se afirmar hoje em dia quando alguém se sente atraiçoado. Até tu Brutus! Isto porque segundo rezam as crónicas - naquele tempo não existiam redes sociais, pelo que muita da informação que chegou até aos nossos dias pode vir distorcida!
Em bom rigor, ela com as redes sociais também sai distorcida, quanto mais sem elas! Ora, não foi por falta de euros que certamente Brutus apunhalou Júlio César! Nem foi por Amor, que Brutus o apunhalou!
Foi simplesmente por essa cega vontade de mudar e pensar-se que tendo tudo e todos a seus pés, irradia-se segurança suficiente para podermos acreditar que somos invencíveis e infalíveis!
Nada de mais errado!

1 Farsa
Juntando 1€, com um punhal e uma ilusão, concluímos que mesmo ao nível das instituições mais prestigiadas, afinal tudo era uma farsa!
Se ele era uma farsa quanto às relações entre as pessoas e entre estas e as instituições, muito mais será ao nível próprias instituições mais prestigiadas!
Mesmo aqueles que se achavam mais invenciveis, acabaram por estar sob a perseguição da justiça, neste caso a norte-americana, veja-se só - por situações de corrupção que tem mais de tempo de existência que muitos dos adeptos benfiquistas tem de idade.
E da perseguição das folhas de papel que legitimam a perseguição policial, já não se livram tão facilmente.

1 Ilusão
A ilusão é a distorção da realidade. Podem perguntar os mais atentos, mas afinal a realidade é aquilo que vemos? Aquilo que sentimos?
É uma pergunta que não sei responder. Mas temos de viver com aquilo que achamos que é!
Criando equipas motivadas e unidas, corremos o risco de criar Deuses, Humanos que perante tanta adoração se acham mais fortes e seguros que os próprios Deuses, que afinal bem vistas as coisas, não existem!
A criação de crenças, suposições, a facilidade com que se criam heróis na sociedade actual é inversamente proporcional à capacidade que cada um de nós tem para compreender os fenómenos que nos rodeiam. E no fim, a ilusão acaba por nos siderar!

Até para a semana.
(...)"

Pragal Colaço, in O Benfica

A circunstância de Rui Vitória

"Pertence ao filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955) o pensamento «eu sou eu e a minha circunstância».
Rui Vitória, por si só, é um treinador competente, com provas dadas, capaz de potenciar quem com ele trabalha, homem de personalidade forte e relacionamento afável.
Já a circunstância que vai encontrar na Luz, que passará a fazer parte dele mesmo, está longe de ser o drama que se tem visto descrever. É sabido que no Benfica, o clube português de maior dimensão, tudo é hiperbolizado, aquilo que noutro lado pode não passar de uma constipação, na Luz ganha logo foros de pneumonia. Jorge Jesus saiu - só Janos Biri, na década de 40 do século passado, teve um reinado mais longo de águia ao peito - mas a estrutura que fez do Benfica bicampeão permanece, a força do clube é a mesma e o plantel à disposição do novo treinador não será, por certo, inferior ao da temporada que agora termina.
Do lado do Benfica, a chegada de Rui Vitória deve ser vista como um momento de renovação, um capítulo novo que se abre, diferente do anterior pela filosofia, mas apontado ao único objetivo que norteia o clube da Luz desde a fundação, em 1904: vencer.
Quanto a Rui Vitória e à circunstância que passa a envolvê-lo, que mais pode desejar o novo treinador do Benfica? Vai ter em mãos os melhores jogadores que já treinou e disporá de condições de trabalho ao nível do que há de mais moderno. Tem razões para estar feliz e olhar o futuro com toda a ambição do mundo. 
«Eu sou eu e a minha circunstância... » A circunstância de Rui Vitória só pode estar pintada de esperança."

José Manuel Delgado, in A Bola

Águia procura nova identidade

"Um novo treinador depois de seis épocas de convivência marca qualquer clube. Contratá-lo após Jesus, que ganhou três Ligas nas últimas seis, mais ainda. Num dos mais conturbados defesos de que há memória, a chegada de Rui Vitória ao Benfica é mesmo marcante. Somada à mudança de paradigma, defendida por Vieira, leva-nos a um clube à procura de nova vida. Entre a aposta na formação e o desejo do tri, há gerações, uma miragem, a águia faz um caminho que deve trilhar com cautela.
Não será a aposta nos jovens do Seixal que dará maior competitividade ao Benfica. A ideia passa sim pela racionalização de custos, sendo que os salários baixos de quem chega da formação deixarão margem orçamental para as trutas. Mais, Vieira percebeu que os jovens podem render bom dinheiro mesmo sem chegarem à titularidade. Valores como Bernardo Silva ou Cancelo provaram a teoria. Com Vitória ao leme, homem sem medo de apostar nos miúdos, sejam de que nacionalidade forem, a política pode trazer ainda melhores resultados financeiros à tesouraria da Luz.
A chegada de Rui Vitória ao Benfica tem sido abafada pela tempestuosa saída de JJ e consequente despedimento de Marco Silva. Uma injustiça que não deverá durar muito tempo. O ex-técnico vimaranense merece ser levado muito a sério. Os bons trabalhos realizados nos clubes anteriores, o conhecimento global do futebol nacional em todas as suas vertentes e um pragmatismo que poderá ser útil a quem terá agora melhores armas para entrar na luta, fazem dele um dos favoritos à conquista do título. Sim, pode dizer-se que o Benfica é sempre candidato. Mas é bom que não se pense que a saída de Jesus matou a águia. Ela está apenas à procura de uma nova identidade. E pode bem continuar a ganhar."

Taarabt

Está oficializada a primeira contratação para a próxima época: Adel Taarabt, de 26 anos, nascido em Marrocos, mas mudou-se para França ainda jovem. Um jogador com um enorme talento individual, mas que ainda não conseguiu explanar todo o seu potencial mas equipas onde passou... Começou no Lens, mas foi rapidamente contratado pelo Tottenham. Em Inglaterra, tanto os Spurs como o QPR fartaram-se de 'enterrar' jogadores... o seu melhor momento terá sido no Milan, onde fez meia-época muito boa (emprestado a partir de Janeiro...), mas o QPR recusou a proposta Milanesa de 7 milhões no final da época...
Não receio problemas disciplinares (o Júlio César terá papel importante na adaptação a Lisboa; o facto de ter 'abdicado' de mais de metade do ordenado é um excelente indicador da atitude com que veio...), aquilo que receio é a adaptação do Adel ao jogo colectivo do Benfica, já que muitas vezes saber fintar, não é sinónimo de grande jogador de Futebol... Agora, o pessoal dos Gif's e dos Videos deverá ficar contente, pois o Taarabt é daqueles jogadores que é capaz de levantar o Estádio com uma finta...!!!
Podendo jogar nos flancos, não é um extremo puro, no 442 - que eu espero continuar a ser o nosso sistema de jogo -, sendo um jogador com características diferentes, penso que irá ser usado como 2.ª avançado (no lugar do Jonas)...
Olhando para a maneira como controla a bola, o físico, e forma de fintar, dá 'ares' de Zidane é indesmentível (chegou mesmo a ser falado para o Real Madrid de Mourinho!!!), mas falta-lhe a tomada de decisão, que é muito difícil mudar com esta idade, mas bem enquadrado no Benfica, na Liga portuguesa, tem tudo para triunfar... mas tem que saber resistir aos assobios do 3.º anel, sempre que se atrasar a fazer um passe, ou quando fizer uma finta parva...!!!

Uma nota ainda para a forma como a comunicação social, foi completamente apanhada de surpresa, por esta (e por outras) contratação. Andam completamente à nora...
Com a saída de Jesus (e todo o conhecimento na preparação da nova época, incluindo os alvos a contratar...), com o racionalização de recursos, com a chegada de um novo treinador, é fundamental o Benfica definir o plantel o mais cedo possível. Os jogadores a custo zero, só estarão disponíveis no início do Verão, lá para o final de Agosto, só se for jogadores emprestados...; e o Rui Vitória deverá ter todos os jogadores ao seu dispor no início dos trabalhos...