"No passado domingo não pude ir a Arouca porque estava em Santo Tirso com a equipa de voleibol do Benfica, que aliás venceu a sua 15.ª Taça de Portugal de forma clara (e conseguiu pela primeira vez, na passada quarta-feira, umas meias-finais europeias na história do voleibol do clube). Não nego que apesar da muita simpatia pelo voleibol do Benfica, que acompanho em permanência com gosto, havia uma natural expectativa no jogo de futebol. Eram os olhos no voleibol e os ouvidos no futebol. Era mão na Taça e coração em Arouca. Era um abraço ao professor Jardim e o pensamento em Jorge Jesus. Quando o voleibol acabou, perdíamos em Arouca e, por isso, a minha alegria estava mitigada. Saí do Pavilhão em direcção a casa na ânsia de ver algo de melhor em Arouca. Foi com natural alegria que recebi os golos da reviravolta durante o trajecto.
Chegado a casa vi o jogo em diferido, sabendo o resultado. Não havia na análise, nem insegurança do desfecho, nem incerteza. O Benfica voltou a ganhar um jogo em que foi prejudicado de forma acentuada. A perder 0-1 há um penalty não assinalado, empatado 1-1 há outro penalty por marcar, foram muitos os erros e de sentido único. Foi um resultado óbvio e uma vitória indesmentível, que podia e devia ter números mais expressivos.
Sábado, com o SC Braga, vai ser ainda mais difícil. Só um Benfica de superior qualidade poderá superar o que aí vem. Sabemos que nos próximos dois jogos se joga 51 por cento do campeonato, mas os nossos adversários também sabem isso. Sábado espero ser levado ao colo pelos adeptos e não ser atirado ao tapete por ninguém. Se o Benfica jogar tão bem como no jogo da Taça de Portugal que perdeu, ganhará com tranquilidade ao Braga. Será com um estádio cheio e muito apoio que se inicia esta corrida final ao 34.º título nacional."
Sílvio Cervan, in A Bola