sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Matemática e psicologia

"Depois da 18.ª jornada o Benfica está matematicamente mais perto do título e psicologicamente mais longe dele. A derrota do FC Porto na Madeira deu aos encarnados a possibilidade de fechar praticamente as contas do campeonato em Paços de Ferreira. Ao não o fazer, o Benfica ressuscitou um adversário morto e criou um bloqueio psicológico a si mesmo. De facto, não há razão para ser assim, falta menos uma jornada, menos um jogo dos mais difíceis, e a vantagem é igual, seis pontos.
Jorge Jesus tinha razão quando disse que o empatar já era positivo naquelas circunstâncias em Paços de Ferreira. É uma ilusão pensar, que após a venda do Enzo, com o Gaitán lesionado, com tantas dificuldades, vai jogar-se um jogo daqueles com alguma facilidade.
Ainda assim três bolas nos postes podiam ter mudado o curso da história, mas no futebol dos ses alimentam as conversas, mas não mudam a tabela classificativa.
Na última jornada não aumentámos a distância pontual para o rival, mas diminuímos a distância para o fim do campeonato, com a mesma vantagem, o que também é positivo.
Ganhar ao Boavista é o único antídoto neste momento. Obrigatório amanhã ganhar os três pontos. Ganhar para manter a distância, ganhar para elevar o moral, ganhar para ficar mais perto do fim do campeonato com os olhos no objectivo do título.
A última jornada foi a excepção, FC Porto e Benfica não vão perder muitos pontos até ao fim, e quem perder não ganhará o campeonato.
Luís Figo, seria um excelente presidente da FIFA, mas a FIFA nunca escolhe excelentes presidentes. Também por isso, esta candidatura é apenas um marcar de posição de alguém cujo percurso dentro e fora dos relvados honra o futebol. É bom que haja senhores a concorrer a lugares normalmente ocupados por garotos."

Sílvio Cervan, in A Bola

Murro no estômago

"Os cerca de quarenta anos que levo a ver futebol ensinaram-me uma máxima, segundo a qual, uma grande equipa pode perder jogos decisivos contra outra grande equipa, uma grande equipa pode até perder jogos não decisivos contra equipas menores, mas uma grande equipa jamais poderá perder jogos decisivos contra equipas que não são da sua igualha. Na Mata Real, o Benfica – que nas semanas anteriores havia justificado o epíteto de “grande equipa” – falhou na resposta a essa equação. As pessoas ligadas directamente futebol (jogadores, treinadores, dirigentes, etc) encontrarão explicações para este tipo de acontecimento. Muitas dessas explicações resumem-se à simples e batida frase “é futebol”. Para o adepto comum, mesmo o mais atento (como, perdoem-me a imodéstia, creio ser o meu caso), as coisas não são assim tão fáceis de entender. E muito menos de digerir.
Em Paços de Ferreira, a nossa equipa desperdiçou uma oportunidade soberana para quase colocar uma pedra sobre este importantíssimo campeonato. Não o fez, e se as consequências na moral dos jogadores 'encarnados' estão ainda por aquilatar, já quanto à moral dos principais adversários na luta pelo título, tenho, neste momento, poucas dúvidas: esta generosa derrota recuperou o ânimo do FC Porto, e reforçou fortemente o do Sporting.
Dito isto, importa não chorar mais sobre o leite derramado. Importa, sobretudo, olhar para os próximos jogos com redobrada atenção, e redobrada vontade de vencer. Continuamos na frente, com uma vantagem ainda considerável, e não deixámos de ser os principais candidatos ao título.
Este sábado, diante do Boavista, temos nova 'final'. É imperioso vencer, para afastar fantasmas, e repor uma certa ordem na história deste campeonato. É importante que os adeptos esqueçam rapidamente a frustração da passada segunda-feira, e voltem a focar-se no apoio a uma equipa que, ainda assim, continua a realizar uma temporada bastante acima das expectativas iniciais.
Perdemos uma batalha, mas estou seguro de que venceremos a guerra."

Luís Fialho, in O Benfica