terça-feira, 17 de novembro de 2015

Putin dobra a cerviz


"1. A sentença aplicada a todo o atletismo russo pela prática indiscriminada de doping de estado, com as consequências daí advenientes para a sua participação nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, dão-nos ideia da difusão e sofisticação deste flagelo. Por uma vez, até Vladimir Putin teve que dobrar a cerviz. Do mesmo modo que a revelação de que a realização do Campeonato do Mundo de Futebol em 2006 foi objecto de vários subornos - já depois de se saber que também as próximas edições da prova (na Rússia em 2018 e no Catar em 2022) o haviam sido - mostra até que ponto a corrupção impera na modalidade. Ou seja, doping e corrupção, que no fundo são a mesma coisa, andam e sempre andaram de mãos dadas. Não se pense, porém, que o fenómeno se reduz às altas esferas e não atinge em igual medida os patamares inferiores, tanto profissionais como amadores. O andaço é global e abrange, em maior ou menor grau, todos os desportos, sem excepção.
2. Só depois de muitos anos e ao fim de uma carreira modesta é que Jorge Jesus entrou na galeria dos bons treinadores. Ao contrário, por exemplo, de Marco Silva que ainda com os dentes de leite já dizia a olho nu ao que vinha. Para ser campeão foi necessário chegar ao Benfica onde tinha à sua disposição um plantel de luxo. Se esta época vier a repetir a proeza com o Sporting, o que duvido, então sim a sua cotação dará um salto. Sempre, naturalmente, ao nível caseiro porque no campo internacional o reconhecimento de que goza é muito pouco. Nenhum grande clube inglês, italiano ou espanhol o contrataria e muito menos lhe pagaria o salário que aufere em Alvalade. Ponha os olhos em Paulo Sousa, treinador da Fiorentina, que poderia ser seu filho e já é um nome respeitado na Liga dos Campeões. Só a prosápia de Jesus, que sabe de antemão que nunca treinará na Europa dos grandes, é que o leva a dizer que se estivesse à frente de uma dessas equipas de maiores recursos seria campeão europeu logo na sua temporada de estreia. Enfim..."


Manuel Martins de Sá, in A Bola

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