"1. As leis do jogo são o verdadeiro ADN de qualquer modalidade ou disciplina desportiva, aquilo que diferencia o futebol do râguebi, a canoagem do remo ou o ténis do basquetebol. No futebol, ao contrário do que se possa pensar, quem manda no jogo não é a respectiva federação internacional (a FIFA) mas antes uma entidade - que agora, pois nem sempre foi assim, conta com a representação da FIFA -, o IFAB, muito ligado à propriedade britânica do futebol.
2. Sucede que essas leis do jogo não são imunes a outras regras que comandam a nossa vida, para o bem e para o mal, neste caso as estatais. A Copa do Brasil já nos tinha oferecido uma decisão judicial que tornou bem efectiva a pausa nos jogos em que as temperaturas pudessem atingir valores bem elevados. Em nome, claro está, da saúde dos trabalhadores.
3. Um novo exemplo chega-nos agora dos EUA. Por via de um acordo alcançado em tribunal, a federação americana de futebol (USSF), adoptou todo um plano de segurança para a prática do futebol por crianças, tendo como foco principal as lesões na cabeça.
4. Assim, a partir de 1 de Janeiro, os miúdos com 10 ou menos anos de idade estão proibidos de jogar com a cabeça. Limitação existirá, para os golpes de cabeça, para miúdos entre os 11 e 13 anos. E para permitir atenção imediata na detecção de lesões, os jogadores que sofram lesão significativa na cabeça, podem ser substituídos, sendo a substituição reversível (e de novo disponível), no caso de a gravidade não se confirmar.
5. As leis do jogo não são assim, bem se vê, resistentes às normas jurídicas públicas e ao lado do IFAB há que contar ainda com outros valores - que tais leis protegem - como seja, no caso, a saúde das crianças que jogam futebol."
José Manuel Meirim, in A Bola
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