"O adiamento do União-Benfica levanta questões subjacentes que, mais tarde ou mais cedo, terão de ser objecto de reflexão profunda.
Na origem do caso está a inexistência de um estádio com condições para um clube disputar os seus jogos, problema que já se colocou esta temporada em Tondela e em Arouca.
Diga-se que estes e outros clubes da primeira liga, além de não terem estruturas, também não têm... adeptos. Ou seja, são realidades mais ou menos fantasma, que, suponho, apenas servem para satisfazer caciquismos locais sem qualquer expressão popular. São inexistências desportivas, cujo lugar jamais poderia ser num Campeonato altamente profissionalizado. Conheço razoavelmente a realidade de pequenos clubes e de pequenas cidades, e intriga-me como se financiam os Moreirenses, os Aroucas, os Uniões e os Tondelas. Não sei como pequenos municípios, ou mesmo freguesias, com pompa, mas sem circunstância, alimentam clubes de primeira divisão, recheados de jogadores estrangeiros, sem bancadas, sem sócios, nem adeptos. Também é estranho que a região autónoma da Madeira (cuja beleza tanto admiro, e cujas gentes muito prezo) mantenha três clubes (!!!) no principal Campeonato. Recordo, por exemplo, que o Algarve está à margem do Futebol maior, para não falar em todo o interior do país, ou até nos Açores.
Se queremos um Campeonato equilibrado, competitivo, espectacular, e com estádios cheios, este não é o caminho. Com metade dos clubes, estruturas à altura, e paixão nas bancadas (e já agora, também com ordenados em dia), o Futebol português poderia atingir o nível que merece. Haja bom senso para tal."
Luís Fialho, in O Benfica
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