"Belo golo de Carcela a fazer o 1-0 para o Benfica no jogo de ontem e linda defesa de Júlio César a evitar-nos a vergonha de uma eliminação escandalosa e prematura na Taça. Mas foi à cabeçada (na bola) que Jardel evitou o prolongamento e, resolveu o jogo. Jardel, o impecável, outra vez.
Será antipedagógico se os correntes comportamentos dos presidentes do Benfica e do Sporting vierem a ser julgados em função do resultado do próximo dérbi. Luís Filipe Vieira, no entanto, continuará a subir na consideração dos adeptos do Benfica se persistir no seu mutismo e no silêncio mais eloquente de que reza a história. "É impressionante a altura a que um homem pode subir apenas não descendo de nível" dizia o grande Millôr Fernandes. E dizia bem.
O presidente da Liga, um antigo árbitro, disse aos jornalistas que tem em casa "mais de quinhentas camisolas" oferecidas. Classificou ainda de 'fait-divers' o barulho que se vai ouvindo. Se o presidente da Liga persistir nestas barbaridades, o Ministério Público tem de entrar em acção e lá teremos novas eleições não tarda nada.
Se é verdade que o presidente do Sporting decidiu não ir à Luz, deve o Benfica responder baixando o preço dos bilhetes por rombo no elenco. Trata-se, também, de uma ausência historicamente injustificável. Imagine-se só como teria sido diferente o rumo do império romano se o imbecil do Nero se tivesse enfiado numa catacumba, com receio que uma labareda lhe pegasse à toga, em vez de se pôr a cantar e a tocar lira à varanda enquanto assistia ao incêndio que ele próprio mandara atear e de que culpou, obviamente, os cristãos.
Os árbitros, e não o Benfica, são os ofendidos do momento. A única consolação que o sector da arbitragem recebeu por estes dias chegou pela via de uma "fonte anónima da direcção do Sporting". Os árbitros descansaram quando souberam que o Benfica tem "uma lista de Schindler" onde constam "nomes de árbitros, delegados e observadores" para "os ameaçar, denunciar ou tramar". Ao contrário da "fonte anónima" que por estar sempre ligada à torneira não sai do sítio, os árbitros foram ao cinema ver o filme e sabem que a lista de Schindler não era para ameaçar, denunciar ou tramar ninguém, antes era, resumidamente, uma lista onde figuravam milhares de judeus salvos do Holocausto. Agora, por favor, não venham dizer que o Holocausto nunca existiu."
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