sábado, 12 de setembro de 2015

Estranho silêncio no futebol português

"Presidente da Liga espanhola acusa a UEFA e a FIFA de estarem a transformar a Liga inglesa num género de NBA do futebol europeu.

Uma das grandes e universais discussões do mundo do futebol profissional prende-se, hoje em dia, com as limitações impostas pela UEFA e pela FIFA no que respeita ao financiamento à contratação de jogadores pelos clubes com menos capacidade financeira. Esse foi, aliás, um dos temas principais do importante Fórum que o ICSS (International Centre for Sport Security) promoveu na última semana, em Genève, e que teve como principal organizador, o português Emanuel Medeiros, CEO da organização para a Europa e países da América Latina.
A questão afecta, em especial, as ligas menos ricas da Europa e, em particular, os principais clubes portugueses que viram muito limitada a sua capacidade para contratar jogadores de qualidade internacional, através do apoio de fundos que aceitavam partilhar os direitos económicos dos jogadores, num investimento que manifestava total confiança na capacidade dos clubes portugueses poderem valorizar esses jogadores. 
A pressão exercida, muito em especial pela Premier League, levou a UEFA e a FIFA a proibirem os chamados TPO (Third Party Owernship), o que em português vulgarmente se traduz por propriedade de terceiro.
Claro que alguns clubes (incluindo em Portugal) trataram de driblar essa proibição, conseguindo manter o apoio de fundos de investimento através de supostos empréstimos de clubes (por norma sediados na América Latina) e que passaram a dar o nome apenas para tornar possíveis as transações. Nem todos, porém, decidiram experimentar as linhas tortas desse jogo ilegal e perigoso. A questão foi colocada de uma forma clara e frontal, no Fórum de Genève, pelo atual presidente da Liga Espanhola de Clubes, Javier Tebas. Para o líder dos clubes espanhóis de futebol profissional, a UEFA e a FIFA estão a contribuir para que a Liga inglesa se distancie de tal forma de todas as outras ligas que se tornará, em breve, num género de NBA do futebol.
Tebas foi muito duro com os dirigentes do futebol internacional, que acusou de irresponsabilidade e de incompetência. «Esses dirigentes da FIFA e da UEFA não têm de facto, qualquer noção do que é o mercado do futebol» - disse o espanhol, que ainda afirmou ser contrário à ideia de que existem cinco ligas ricas na Europa: «Existe apenas uma Liga rica, a inglesa, a larga distância de qualquer outra» - considerou 
Os defensores da posição da UEFA ainda tentaram argumentar com a questão da opacidade de alguns desses fundos de investimento, questionando a proveniência desses dinheiros, que poderiam estar a ser investidos no futebol apenas com o intuito de lavagem de lucros de negócios sujos. Tebas replicou que seria fácil à UEFA e à FIFA regularem no sentido de fazer a defesa da transparência, aceitando apenas Fundos de investimento que mostrassem de forma clara quem eram os seus donos. É particularmente curioso que um assunto tão importante para o futebol português não faça parte da agenda prioritária dos nossos principais clubes e apenas esteja a ser publicamente pensada e discutida por alguns especialistas em direito desportivo, como é o caso de Fernando Veiga Gomes, autor de um interessante artigo que tem por título Dos direitos económicos no direito do futebol e que apresentou em recente Congresso.
Faz obviamente falta a discussão pública do assunto por parte dos clubes e da Liga portuguesa de futebol. Tal como é essencial uma estratégia de lobby da maioria dos países europeus para obrigar a UEFA a rever a sua posição, antes que os tribunais europeus o façam, porque é inaceitável que a indústria do futebol possa ser discriminada em relação qualquer outra.

Uma abraço para o Salvio
momentos difíceis na vida de um jogador profissional de futebol, mas dificilmente se encontra um momento mais difícil do que uma lesão grave, que obriga a parar por tempo prolongado. É o caso do jogador argentino do Benfica, Eduardo Salvio. E, no entanto, a força como continua a apoiar os seus companheiros e o modo paciente e racional como se tem relacionado com a infelicidade que lhe bateu à porta faz dele um grande e bom exemplo. Um abraço para o Saçvio e que regresse depressa.
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola

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