sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Esclarecedor

"Duas entrevistas a dois diários desportivos portugueses, duas personalidades bem distintas, dois discursos bem diferentes. No jornal “A Bola”, um verdadeiro homem de estado fala sobre o futuro da instituição a que preside, denota confiança, transborda determinação quanto ao rumo que pretende seguir. Respeita os adversários. Com humildade, sabe que não poderá vencer sempre, mas acredita que pode vencer mais vezes do que os outros. Muito importante: garante que, com ele, o futuro do clube jamais será hipotecado. 
No jornal “Record”, um indivíduo ressabiado ajusta contas com o passado. Do alto da sua ilimitada vaidade, desrespeita aqueles que o levaram ao topo, dispara a vários colegas de profissão, e mostra um revelador desapego face aos que hoje lhe pagam o principesco ordenado que aufere. Há três meses estava num clube, agora está num rival, e já ameaça partir para outro. Vai com quem pagar mais, tal como certas senhoras que, por vezes, vemos na estrada. Admite que andou a brincar com o Benfica e com o seu treinador, na antecâmara da supertaça. Mas a principal pérola da entrevista surge quando, candidamente (?), faz a seguinte afirmação: “nunca vão conseguir pôr os adeptos do Benfica contra mim”. Ou está a rir-se de nós, ou vê muito pouco para lá das quatro linhas de um campo de jogo. Deveria saber que foi ele próprio a colocar os adeptos do Benfica contra si, saindo pelas traseiras, deitando todo um passado para o lixo, e transformando-se, num sopro, em figura menor na história do clube. Talvez seja preciso explicarmos-lhe melhor. Talvez à oitava jornada o entenda devidamente."

Luís Fialho, in O Benfica

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