quarta-feira, 22 de julho de 2015

Talisca é um problema

"O primeiro Benfica de Rui Vitória teve a assinatura de Jorge Jesus (JJ). Não esteve lá Maxi Pereira, como não estaria com JJ e entrou Sílvio; não apareceu Salvio e foi titular Talisca. O 4x4x2 foi o de sempre. Com o antigo treinador é previsível que o substituto de Maxi, a abrir, fosse André Almeida, mas dificilmente a vaga de Salvio não teria sido preenchida por Talisca. O resto foi parecido - mais fraco, como seria de esperar nesta altura do campeonato -, apesar de algumas vozes internas se terem esforçado em demonstrar que a segurança no passe se sobrepôs ao risco, e que a equipa se expõe menos a adversários mais fortes. Veremos.
Optar por fazer jogar Talisca nas alas é uma espécie de pecado original deste Benfica, herança deixada por JJ. Não se deve cometer, mas o treinador cai sempre em tentação. E Rui Vitória nem sequer pestanejou. O brasileiro alavancou a primeira fase da época passada com nove golos, deu a única vitória ao Benfica, na Liga dos Campeões, e invariavelmente foi como segundo avançado que rendeu mais e melhor. Na zona central do meio-campo, nunca mostrou disponibilidade suficiente para jogar com a intensidade que lhe era pedida - daí que nunca tenha sido uma verdadeira alternativa a Pizzi -, e nas alas faltou-lhe tempo para defender: quis sempre atacar em diagonal, à procura do centro, onde frente ao PSG apareceu a marcar um golo e a mandar uma bomba ao poste. O que fazer com Talisca?
O lugar-comum manda dizer que os grandes jogadores têm sempre lugar, seja qual for a posição, mas não é bem assim. Talisca não é suficientemente versátil ou falta fazer o trabalho que JJ não conseguiu levar até ao fim? E é esse o desafio que se coloca a Rui Vitória.
A partir do momento em que teve Jonas, JJ foi deixando cair Talisca, que passou a aparecer episodicamente na equipa e perdeu capacidade goleadora. O Benfica ficou sem uma solução, ganhou um problema. Face às características de jogador que gosta de estar no coração do jogo e de dispor de maiores oportunidades de marcar, Rui Vitória tem espaço para apresentar obra de autor, reforçando a condição de Talisca enquanto médio-centro, um Pizzi mais alto, melhor rematador, que precisa de ser mais solidário a defender."

6 comentários:

  1. Talisca é homem que tem de jogar a "9,5" ou "10" ... sempre perto das zonas de finalização, mas não descurando a parte defensiva que deverá continuar evoluir ...

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  2. Atenção que o Talisca pode vir a ter um rendimento diferente neste sistema táctico de Rui Vitória. Apesar de ser um 442, existe uma diferença extremamente importante no processo ofensivo. Os extremos entram para zonas interiores do terreno, não foi por acaso que o Talisca marcou um golo na zona centro do campo e mandou uma ao poste do mesmo sítio. Vejam o jogo de novo e reparem nesse pormenor. O Samaris recua para 3ª central (clássico do sistema de JJ), os defesas alas sobem para o meio campo funcionado como extremos, e os extremos procuram espaços interiores do terreno. Os avançados podem abrir nas linhas ou recuar ao meio campo à procura de bola juntamente com o Pizzi. O processo ofensivo acaba por ser diferente do de Jorge Jesus, que encostava os extremos na linha, deste modo, a equipa ficava mais previsível na hora de construir jogo. Achei interessante esta nova mudança, o problema estava no processo defensivo, com muitas falhas devido a estes novos posicionamentos. Ainda há muito trabalho para desenvolver tácticamente obviamente. Resumindo, isto serve para dizer que o Talisca, com esta nova função (falso extremo) pode vir a ser um jogador chave este ano. Esta exibição contra o PSG pode vir a baralhar as contas todas.

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  3. Ai a azia que por aí vai... o Talisca ainda nos vai dar muitas alegrias!

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  4. Este António Varela deve ter visto outro jogo e outro jogador. Nem Talisca no jogo com o PSG jogou "na ala", nem é ele um jogador tão de ideias fixas, como parece querer transmitir o autor. Contra o PSG, Talisca jogou no meio campo ofensivo, um pouco descaído para a direita, é verdade, mas jamais na ala. Aquele posicionamento ligeiramente lateral visava providenciar-lhe mais oportunidades de fazer uso do seu pontapé forte de pé esquerdo, estando mais vezes virado interiormente para o remate com o seu pé favorável, o esquerdo.

    A qualidade de Talisca é indiscutivel enquanto pilar central do meio campo ofensivo. Teria, nessa posição, titularidade em qualquer equipa do nosso campeonato, de caras. Mais a mais, tem também a capacidade de resolver com uma rara capacidade de remate forte, técnico e preciso.

    Cada qual terá direito à sua opinião, mas parece-me este comentário muito mal fundamentado nos factos; não só do jogo, como das características e valor do jogador.

    Cumprimentos,
    Isaías
    http://aocolinhodoisaias.blogs.sapo.pt/

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