"«É este ano que o homem vai explodir!»: assim rezam as crónicas premonitóras e decretam os magos. E acrescentar-se-à: 'aliás, há vários que vão explodir'. 'É o trabalho de muitos anos que, finalmente, está a dar resultados'. Ou seja, explodir.
Entre duas épocas, explodir é a mensagem e a esperança. A sorte e a probabilidade. O preço e a pressa. O retorno e o entorno. Alguns explodem tanto no defeso que esgotam as munições e têm que mudar de ares para tentar explodir com novo oxigénio. Isto acontece sobretudo com os que confundem explosão com estoiro ou rebentamento. Daí a importância do trabalho oportuno dos cartomantes - ora chamados orientadores motivacionais - para gerir, cientificamente, a explosão.
É claro que muitos explodem de tal sorte que desaparecem. E outros, coitados, explodem em jeito de fogo preso. Quero dizer, por causa da compulsiva cláusula de rescisão que os prende entre sucessivas explosões. É, por isso, que não sabem conjugar o verbo explodir, na primeira pessoa do singular do presente do indicativo.
Volto ao fogo inerente à explosão. É que se esta acontece mesmo, é um ver se te avias com o fogo-de-artifício de quem dela beneficia. Acontece até que, para estas explosões, basta mudar a cor do foguetório e os óculos de quem a ele assiste.
Por exemplo, Maxi Pereira vai explodir agora em tons de azul. Só não se sabe qual vai ser o combustível da explosão (bem caro, por sinal). Para já, explodiu em falta de nível e de educação do modo como (não) de dignou agradecer aos benfiquistas a explosão na Luz. E, ao que leio, há clubes onde ainda não há explosões, mas há foguetório, com estampido."
Bagão Félix, in A Bola
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