quinta-feira, 21 de maio de 2015

De Jardel a Jorge Jesus

"Para além de ter sido em Alvalade, o Kelvin do Benfica, Jardel fez esquecer Garay! Jesus: o seu salário... ou o próximo plantel?

Jardel foi, neste campeonato, o Kelvin de há dois anos... Quanto a golo inesperado, e decisivo!, nos derradeiros segundos de jogos que marcaram a história na conquista do título.
Aquele remate de Kelvin, tão surpreendentemente inspirado, ao minuto 90+2 de FC Porto-Benfica na penúltima jornada, virando tudo do avesso, fica na memória do país futebolístico e será eterno na memória portista; ainda mais crucial do que o lendário golo de Madjer que embalou o FC Porto para o seu primeiro título de campeão da Europa.
Aquele pontapé de Jardel, explodindo raiva a fechar Sporting-Benfica, terá sido mais decisivo do que possa parecer ainda na terceira jornada da segunda volta. Sem empate assim arrancado (num dia importantíssimo também para o Sporting, cuja candidatura a campeão ali de vez se evaporou...), o Benfica veria reduzida a metade a vantagem de 6 pontos sobre o FC Porto com que concluíra a primeira volta, e, sobretudo, sofrendo segunda derrota em três jogos (quase na passada de Vila do Conde), muito poderia abanar psicologicamente. Não existe qualquer vislumbre de outra sintonia entre Kelvin e Jardel...
O extremo portista acabara de ser posto em campo num tudo por tudo roçando desespero do treinador Vítor Pereira. Somava temporadas sem sequer ser primeiro suplente...; e aquela tamanha proeza não o lançou para superior nível; praticamente não voltaria a jogar, apesar da mudança de líder técnico, um ano depois confirmou-se ser dispensável (sempre flagrante défice de firmeza em estrutura competitiva) e, mais um ano decorrido, dele não há boas notícias vindas do Brasil... Fogo fátuo naquele inspiradíssimo pontapé...
O defesa central Jardel define-se pelo oposto de Kelvin: muito forte estrutura competitiva. Foi suplente da magnífica dupla Luisão-Garay, mas um suplente com muito boa resposta sempre que chamado, nomeadamente por castigos e lesões de Luisão. Para esta temporada, pesadíssima responsabilidade: preencher a vaga aberta pela transferência de senhor titular na selecção da Argentina. Poucas vezes alguém se lembrou de que Luisão já não tinha ao seu lado a classe com nível mundial, de Garay... Apetece dizer que só numa noite: primeiro jogo da Champions, na Luz, perante Zenit com Garay, Javi, Witsel...; derrota por 2-0, duas fífias de Jardel (o jogo que terá levado Jorge Jesus a 'desistir' da Champions; mas essa minha ideia será explicada noutro dia).
A forte estrutura competitiva de Jardel muito mais veio ao de cimo no rescaldo dessa noite desastrada que poderia tê-lo afundado. Não se ganha campeonatos sem jogadores (e, óbvio, treinadores) mentalmente pujantes na reacção a graves erros. Que campeonato, que temporada, Jardel veio a fazer! Concentradíssimo, eficaz. E com notório progresso na qualidade técnica, progresso que já expressara enquanto primeiro suplente. O seu mais poderoso trunfo já era conhecido: não há em Portugal defesa central mais rápido do que ele. Crucial na recuperação face a adversários que se escapam nas costas de cobertura defensiva, inclusive nas dobras a laterais ultrapassados. E essa velocidade de Jardel torna-se ainda mais importante ao lado de Luisão, o grande líder não especialista em rapidez a recuperar terreno. Jardel; decisivo no precioso empate, para o Benfica, em Alvalade, foi fulcral na consistência defensiva do campeão.  
Jesus continuará no Benfica? Muito se tem falado da questão financeira: aceitar, ou não, menor salário em novo contrato (insólita redução para quem é bicampeão e soma 6 temporadas a valorizar jogadores à escala de larguíssimo milhões em mais-valias).
Sim, esse poderá ser obstáculo a 4.º contrato no Benfica. Mas será mesmo o maior? Talvez outro... Decerto com muita razão, Luís Filipe Vieira faz questão fechada em orçamento substancialmente ainda mais baixo (já diminuído para esta época, vide perda de mais de meia equipa), mais, quase de certeza, continuidade de forte receita em transferência (s). Jorge Jesus, que pode sair em grande, com 3 títulos e mais 6 troféus (veremos se 7) em 6 anos, perguntará: que plantel para a próxima temporada? Exigência de novo milagre? Talvez aqui resida a questão chave."

Santos Neves, in A Bola

1 comentário:

  1. Jardel é sem dúvida um dos rostos deste novo Benfica, porque personifica o trabalho, a humildade, a determinação, a garra e a superação.
    Dentro de campo agiganta-se e torna-se super-homem.
    Jardel é um no Sport Lisboa e Benfica fora dele será menos.
    É a mística da águia dando asas a quem dela se alimenta.
    Cada vez mais serão onze Eusébios em campo.
    Ele que é o expoente máximo da mística encarnada em gente!

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