terça-feira, 26 de maio de 2015

Calor: inimigo n.º 1

"Calor, nudez, perturbações gástricas e... uma boa prestação futebolística.

A convite do Conselho de Educação Física da Índia Portuguesa, o Benfica foi o primeiro clube da metrópole a deslocar-se aos territórios portugueses na Índia.
A comitiva saiu de Lisboa a 6 de Maio de 1960 e depois de mais de trinta horas de viagem, com quatro escalas pelo meio, aterrou em Goa. A representação do Clube esteve a cargo da equipa de reserva, pois o convite assim o solicitava. Certamente porque o nível do futebol indiano não justificava a ida da equipa principal.
A comunidade portuguesa recebeu-os com enorme entusiasmo, os jogos registaram sempre lotação esgotada e por todo o lado ecoava: 'Viva o Benfica', 'Viva Portugal'! Contudo, alguns factores influenciaram a sua prestação em campo. Para além da longa e interminável viagem de ida e do pouco tempo de descanso entre cada jogo, a equipa ainda teve de lidar com algumas 'perturbações gástricas'. Mas, segundo Fernando Caiado, '(...) o factor mais importante de tudo foi a circunstância de os nossos adversários terem jogado com 12 elementos. Sim, porque o calor foi o elemento em mais evidência no campo... e jogou pelos nossos adversários'. O calor era de tal forma perturbador que, na sua crónica para o jornal A Bola, Caiado escreve ainda: 'Estou completamente nu e com uma toalha junto de mim para poder limpar o suor que me escorre da cara. Tal é o calor que faz nestas paragens (...)'.
Depois de vencer os três jogos realizados,de visitar o património histórico e artístico de Goa e de participar numa série de recepções em sua homenagem, a comitiva regressou dez dias depois. À chegada, o saldo era bastante positivo. Apesar de todas as condicionantes, a equipa demonstrou plenamente a qualidade do futebol 'encarnado', chegando um jornalista desportivo goês, a questionar: 'Quando isto é uma «reserva», o que será a equipa de honra?'.
Na área 26. Benfica universal do Museu Benfica - Cosme Damião, encontra-se exposta uma salva oferecida pelo governador-geral da Índia Portuguesa ao Clube, durante essa viagem."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

1 comentário:

  1. Só para dizer que o nosso companheiro Afonso de Melo é com o Minguéns a nossa força motriz.
    A força motriz que nos alimenta as suas pequenas e grandes estórias e a história de mais de um século que nos fazem Benfiquistas.
    Estes dois Senhores sabem Benfica, como ninguém!

    Obrigado Afonso!

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