"Aquilo que o actual presidente leonino tem para apresentar, e é muito, já lá estava, por iniciativa e esforço de outros. Bruno de Carvalho não fez nada, Filipe Vieira fez tudo.
BRUNO DE CARVALHO interrompeu o blackout antes do jogo com o Estoril por ter percebido que se corresse mal a família sportinguista não se indignaria com o treinador, por não enxergar motivo para tal, mas existia o perigo de apontar ao presidente o dedo acusador, responsabilizando-o pelo ambiente de tensão gerado em redor de Marco Silva. Na véspera de receber o Benfica, em Alvalade, decidiu abolir a lei da rolha e na terça-feira seguinte, em comunicado, o conselho directivo leonino cortou relações institucionais com o Benfica, na sequência de idêntico procedimento que havia tomado com o FC Porto e com a Liga de Clubes.
Não vou tomar partido sobre nenhuma das partes, mas por dever de ofício compete-me expressar a minha opinião, a qual não pode ser favorável ao presidente sportinguista, que me parece ter-se enredado nas teias que criou.
Rompeu com a Liga por não apoiar a escolha de Luís Duque, sem alguma vez ter enfrentado os restantes parceiros em sede própria.
Cortou com o FC Porto sem se incomodar com a deselegância nas referências a Pinto da Costa, uma personalidade complexa, que se admira e odeia, mas que vai deixar um legado notável quando resolver passar a pasta a outro.
Provocou, agora, outro conflito, desta vez com o Benfica, traduzindo em medida avulsa e sem substância e mais uma vez caracterizada por linguagem que viola as fronteiras do razoável. Refugiando-se nas chamadas redes sociais, em que o despudor se espraia com estranha impunidade, utilizou termos raiam o insulto, através de insinuações poucos claras e despropositadas entre pessoas que lideram instituições cuja honorabilidade não deve ver-se despromovida a banais questiúnculas de bairro.
BRUNO DE CARVALHO ainda não enxergou essa destrinça e por isso enfrenta nítida dificuldade em comportar-se como primeira figura de um clube grande e respeitado como é o Sporting, tal como deve entender-se o desempenho institucional do cargo, em vez de manifestar-se como simples chefe de tribo, com especial preocupação pelos ecos que lhe chegam dos grupos de pressão, ou claques organizadas, como se queira designá-los. Dá a ideia de confundir tribalismo com rivalidade, o que não só é perigoso, como despiciendo. Nada me move contra BdC, obviamente, mas julgo que a estratégia turbulenta por ele seguida não o beneficia, nem ao clube. Pelo contrário, as mudanças que repetidamente proclama (ou proclamou) no futebol português só terão sucesso pela razão e não pela confrontação.
ALÉM de se zangar com quantos o contrariam, que mais fez Bruno de carvalho nestes quase dois anos de consulado? Contestou os fundos quando na primeira tentativa presidencial ele mesmo agitou como bandeira o apoio financeiro de um fundo russo. Aliviou a despesa com a redução de pessoal sem olhar a nomes e provocando mal entendidos dispensáveis e desagradáveis. Interveio na área da formação, tirando e pondo gente com as consequências que o futuro revelará. Pactuou na encenação de despedimento de Marco Silva, sabe-se lá com que intenção. Comunicou em assembleia geral a construção de um pavilhão até final do próximo ano (!) e, em simultâneo, anunciou a entrada de 18 milhões de euros sem divulgar, no entanto, a sua origem devido a uma cláusula de confidencialidade. Ou seja, em concreto, BdC prometeu muito, mas concretizou pouco e... quanto a obra visível, nada, ao contrário de Luís Filipe Vieira que construiu um estádio emblemático, ergueu um complexo desportivo fantástico e apresenta um museu de referência e um centro de treinos ao nível dos melhores do mundo, além de ter em projecto a Casa do Jogador, sinal inequívoco de que um presidente não deve limitar-se a contar os troféus e se calhar, por isso, as ditas claques o têm incomodado...
Aquilo que o actual presidente leonino tem para apresentar, e é muito, já lá estava, por iniciativa e esforço de outros. Bruno de Carvalho não fez nada, Filipe Vieira fez tudo: eis a diferença entre ambos. São incomparáveis!"
Fernando Guerra, in A Bola
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