sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Primeiro objectivo é vencer a Liga

"Não vi os jogos de Sporting e FC Porto na Liga dos Campeões, porque estava sintonizado na BOLA TV a ver o Águas Santas-Benfica em andebol, mas foi importante para as aspirações do Benfica no campeonato manter o(s) rival(ais) com jogos europeus a meio da semana.
A boa notícia para o FC Porto foi a vitória do Benfica sobre o Mónaco, pois faz acreditar que a Europa também não acabou para os lados da Luz, e, neste caso, a Taça de Portugal também não. Pode vir calendário apertado para os lados da Luz enquanto o FC Porto já tem duas folgas marcadas até ao Natal.
O Benfica teve 25 minutos iniciais muito bons contra o Mónaco, mas venceu com uma ponta de sorte no final. Já na passada sexta-feira, contra o Rio Ave, só gostei do resultado. O melhor Benfica, joga o melhor futebol da primeira Liga, mas este ano aparece de forma muito intermitente. Reconheço que os recursos não são iguais aos das últimas duas épocas, mas vejo capacidade para lutar pelo Campeonato e Taça de Portugal. Diria que o Benfica da primeira meia-hora contra o Mónaco ganharia estas provas sem grande dificuldade.
A deslocação à Madeira, sempre, difícil, tem este ano como dificuldade acrescida o cansaço acumulado da semana europeia. Se me perguntarem se não quero ganhar os jogos da Liga dos Campeões terei que dizer que quero ganhar os jogos todos. Para mim até ganhar ao Étoile Carouge, o primeiro amigável da época, é saboroso. Mas estou em linha com os adeptos do Benfica que estavam em maior número contra o Rio Ave que no jogo europeu. O primeiro objectivo do Benfica é ser campeão nacional, e na minha opinião o segundo é ganhar a Taça de Portugal. Por isso domingo jogamos na Madeira o grande jogo da semana. Era importante não 'entrar pela Madeira dentro' para não hipotecar o Nacional."

Sílvio Cervan, in A Bola

A patranhada

"O futebol português é diferente. É um futebol que nos surpreende pela capacidade de inovar dentro do improviso. É uma espécie de chico-espertice de engana-tolos feita por parvajolas. A arte de bem labregar conheceu o seu ponto mais alto quando, não há muito tempo, se conseguiu a singular peculiaridade de se ter demonstrado a existência de dirigentes desportivos que corrompiam árbitros e árbitros corrompidos por dirigentes desportivos, mas, simultaneamente, provar que nesta relação entre corruptores e corrompidos não havia (pasme-se!) corrupção. E assim, nesta saudável e incorrupta relação, lá continuaram os ditos dirigentes a distribuir fruta aos árbitros em hotéis, prostíbulos e outros lupanares de boa índole. Fruta essa que, depois, permite que os Casemiros desta vida (cuidado com o Casemiro) distribuam impunemente fruta da outra aos adversários, na ensinança de bem sarrafaçar toda a canela. Mas não os desviemos do assunto e voltemos à labreguice dos chico-espertos.
No passado fim-de-semana, a tal capacidade de ser diferente, vestindo a pantominice com roupa séria, pariu outro conceito peregrino. De agora em diante (depois de se ter anulado um golo contra o Benfica, por comprovado fora-de-jogo) passou a ser legítimo considerar errada qualquer decisão acertada da arbitragem, desde que não se considere que quem ajuizou correctamente estivesse em posição de ajuizar correctamente. Deste modo, e seguindo esta supina tese, a decisão correcta seria decidir incorrectamente. A solução para as luminárias (e são tantas na comunicação social) que advogam esta linha de raciocínio não está no futebol, nem na justiça, está na medicina... certamente numa especialidade que trate problemas de coluna vertebral provocados pela mau funcionamento da glândula da decência."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Encarnado é o Vermelho-amor

"1. Ainda há poucos dias fechou o período de contratações, já os nossos periódicos nacionais voltaram à carga com a venda de Enzo Pérez. Estou certo de que um dia poderão acertar, se o Sport Lisboa e Benfica decidir vendê-lo. Nesse momento, os méritos não poderão atribuir-se às fontes desses jornais, mas à lei da probabilidade, pois se, dia sim dia não, noticiarem que o jogador sairá, um dia poderá dar-se o caso.
Por estas e por outras, pensarão os mais desatentos que Enzo Pérez terá qualquer coisa de pombo-correio, porque já foi vendido dezenas de vezes e acaba por voltar sempre a casa.

2. Foi notícia esta semana que Luisão renovará com o Benfica até 2017. Que grande notícia! O capitão do Benfica representa a maturidade, a estabilidade e a qualidade que um grande plantel deverá ter. Os grandes jogadores já não acabam a carreira aos trinta anos e Luisão fará do privilégio de poder jogar até muito tarde uma segurança para o próprio Benfica. Em campo, sabe-se, é uma extensão de Jesus, no balneário, uma voz de respeito, um líder, um agregador. Em suma, o acto de gestão desportiva arguto.

3. Por último, foi também apregoada a notícia de que Luís Filipe Vieira não fará alianças com nenhum clube, referindo-se, na minha leitura, a suposta aliança com o FCP, na Liga de Clubes. Ora, este é uma não notícia. Não se armem agora outros em paladinos da verdade desportiva, quando foi a LFV e o Benfica que lutaram arreigadamente a favor desta na última década.
Seria impensável que nos esquecêssemos de com quem estamos a lidar, mas também seria displicente não defender os interesses do Benfica, estar presente e vigilante. A nossa hegemonia futebolística falará mais do que os nossos medos no final do Campeonato!"

Carlos Campaniço, in O Benfica

Os melhores treinadores

"Ficámos a conhecer a semana passada a short-list dos 10 melhores treinadores do mundo. E foi, claro, com manifesta surpresa, que todos verificámos a ausência de Jorge Jesus nesse grupo de mestres da bola.
Não me parece normal que um país que vive e respira futebol como Portugal deixe passar em branco uma afronta destas à qualidade do nosso desporto-rei e a mais uma incompreensível discriminação das estruturas internacionais do futebol ao nosso país. Vejamos: que eu saiba o prémio de melhor treinador do mundo não é uma medalha de carreira, mas um reconhecimento dos resultados desportivos obtidos no ano transacto. Resultados desportivos, espera-se, objectivamente alcançados e mensuráveis.
Ora, é nesta linha que lanço a questão: alguém me explique o que é que Klinsmann ou José Mourinho ganharam o ano passado para estar numa short-list que visa premiar 'o melhor treinador do mundo de 2014'? E, já agora, alguém que me explique como é que um treinador que ganha todas as principais competições no Campeonato português e é consecutivamente finalista da Liga Europa duas temporadas não consta da lista? Mourinho, muito ao seu estilo, veio imediatamente lançar farpas para o debate, procurando conter a estupefacção portuguesa com uma qualquer proibição do regulamento referente a treinadores 'eliminados na fase de grupos da Champions'. Os nossos adversários internos e externos pegaram no precioso apoio de Mourinho para adquirirem uma nova cassete. Acontece que a verdade vem sempre à tona. Não só não há nenhuma proibição regulamentar (há treinadores naquela lista que nem sequer jogaram na Champions) como lá se encontra António Conte, treinador da Juventus, eliminado na fase de grupos da Champions e curiosamente eliminado por Jorge Jesus nas meias-finais da Liga Europa."

André Ventura, in O Benfica

À moda da FIFA

"As nomeações da FIFA valem o que valem. Estão, aliás, ao nível da própria instituição, presidida por uma personagem típica dos filmes série B, que por sua vez está ao nível da UEFA de Platini (outro que tal), o que expressa bem o panorama futebolístico internacional – aparentemente ainda mais desprezível do que aquele que vemos no nosso país, para mal dos pecados de uma modalidade que não tem culpa de ser tão sedutora para milhões de adeptos em todo o mundo.
Ainda assim, as injustiças cometidas não podem deixar de ser denunciadas. E a ausência de Jorge Jesus da lista de dez treinadores escolhidos para a eleição anual é uma delas. Relembremos os nomeados: Ancelotti, Conte, Guardiola, Klinsmann, Low, Pellegrini, Sabella, Simeone, Mourinho e Van Gaal.
Não há dúvida de se tratar de um lote de elevado nível. Mas se as presenças de Ancelotti (campeão europeu), Low (campeão mundial), Simeone (campeão espanhol), Pellegrini (campeão inglês), Guardiola (campeão alemão) e Conte (campeão italiano) parecem pacíficas, já os restantes nomes não mostraram nada de relevo em 2014. Van Gaal, enfim, ainda chegou às meias-finais de um Mundial com a sua Holanda. Sabella foi levado até à final da mesma prova pelo talento individual que tinha à disposição. Mas Mourinho, nas várias competições em que a sua equipa esteve envolvida, nem a uma final chegou. E Klinsmann (o maior dos mistérios,) só alguns saberão tratar-se do seleccionador dos EUA - que passaram com honra, mas sem glória, pelo Mundial do Brasil.
Jorge Jesus, vencedor do Campeonato, da Taça de Portugal, da Taça da Liga, da Supertaça, e finalista da Liga Europa (onde foi derrotado por um árbitro alemão, e pela infelicidade nos penáltis), ficou esquecido. 
Este tipo de prémio poderia até ser interessante. Peca, porém, pela obscuridade dos critérios. Serão os títulos? Seguramente não. Será a qualidade do futebol? Não parece. Será o mediatismo? Talvez. Questões relacionadas com patrocinadores? Provavelmente. A ser assim, é melhor não haver nada."

Luís Fialho, in O Benfica