sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A patranhada

"O futebol português é diferente. É um futebol que nos surpreende pela capacidade de inovar dentro do improviso. É uma espécie de chico-espertice de engana-tolos feita por parvajolas. A arte de bem labregar conheceu o seu ponto mais alto quando, não há muito tempo, se conseguiu a singular peculiaridade de se ter demonstrado a existência de dirigentes desportivos que corrompiam árbitros e árbitros corrompidos por dirigentes desportivos, mas, simultaneamente, provar que nesta relação entre corruptores e corrompidos não havia (pasme-se!) corrupção. E assim, nesta saudável e incorrupta relação, lá continuaram os ditos dirigentes a distribuir fruta aos árbitros em hotéis, prostíbulos e outros lupanares de boa índole. Fruta essa que, depois, permite que os Casemiros desta vida (cuidado com o Casemiro) distribuam impunemente fruta da outra aos adversários, na ensinança de bem sarrafaçar toda a canela. Mas não os desviemos do assunto e voltemos à labreguice dos chico-espertos.
No passado fim-de-semana, a tal capacidade de ser diferente, vestindo a pantominice com roupa séria, pariu outro conceito peregrino. De agora em diante (depois de se ter anulado um golo contra o Benfica, por comprovado fora-de-jogo) passou a ser legítimo considerar errada qualquer decisão acertada da arbitragem, desde que não se considere que quem ajuizou correctamente estivesse em posição de ajuizar correctamente. Deste modo, e seguindo esta supina tese, a decisão correcta seria decidir incorrectamente. A solução para as luminárias (e são tantas na comunicação social) que advogam esta linha de raciocínio não está no futebol, nem na justiça, está na medicina... certamente numa especialidade que trate problemas de coluna vertebral provocados pela mau funcionamento da glândula da decência."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

1 comentário:

  1. Totalmente de acordo! Contudo, esta autêntica patranhada apenas DEMONSTRA em absoluto o sentido e intenção de todas as críticas e difamações que têm sido feitas ao Maior de Portugal. A vergonha já se perdeu em muitos campos da nossa sociedade. Esta última patranhada, a sua dimensão, apenas o confirma!

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