sexta-feira, 21 de março de 2014

Os bons da fita

"Nem um golo que ninguém viu, nem um penálti teatralizado por Capel (ambos no jogo de Setúbal), impediram as hostes sportinguistas de passar uma semana inteira a coagir os árbitros, vitimando-se até à náusea, numa prática que tem sido imagem de marca do clube de Alvalade.
O folclore é habitual, mas já era tempo de todos os agentes (sobretudo árbitros, mas, também, comunicação social) o reconheceram, reduzindo-o à sua real insignificância.
Infelizmente, não só um corrupio de comentadores logo se dispôs a assegurar que sim - que o Sporting tem sido 'o mais prejudicado' -, como as arbitragens na jornada seguinte vieram confirmar o velho ditado popular segundo o qual: 'quem não chora, não mama'.
Eis que o clube do luto, dos comunicados, dos movimentos 'basta', das montras de talho partidas, e dos depósitos na conta bancária de fiscais-de-linha, ganha com um golo irregular, vê um penálti por assinalar na sua área, e assiste à expulsão injusta de um jogador adversário - tudo compondo uma espécie de evangelho segundo Proença. No outro campo onde se jogava para o título, um árbitro que entretanto viu ameaçados os seus bens e a sua família, tendo sido ferozmente acusado de 'benfiquismo' pelo próprio presidente do Sporting, rapidamente se apressou a demonstrar uma estranha 'isenção', assinalando um penálti inexistente aos cinco minutos de jogo, e poupando a expulsão de um jogador madeirense pouco tempo depois.
Não sei como vai a contabilidade de Bruno Carvalho quanto a pontos ganhos e perdidos. Assim de repente, recordo-me do empate no 'dérbi' da primeira volta com um golo em fora-de-jogo de Montero, e um penálti por marcar sobre Cardozo; de golos irregulares em Coimbra e em Olhão; de um penálti fora... do campo, contra o Belenenses; de outros penáltis inexistentes em Alvalade, contra V. Setúbal e Marítimo; para além dos já mencionados benefícios das duas últimas jornadas. Quantos pontos aqui vão?... é fazer as contas.
Será que, perante tudo isto, não podemos também nós dizer 'basta'?"

Luís Fialho, in O Benfica

Ah! Fadistas!

"1. Se eu fosse árbitro (credo!) e entrasse em campo com o propósito vincado de prejudicar uma equipa, podia muito bem anular-lhe um golo limpo por um pretenso fora-de-jogo mas não trataria de validar de imediato outro golo que ninguém consegue dizer ao certo se o foi ou não. Aliás, se canalhamente tivesse a vontade de esbulhar essa tal equipa, também não iria oferecer-lhe um «penalty» muito duvidoso a cinco minutos do fim. A menos que além de desonesto fosse estúpido. Muito estúpido.

2. De olhos esbugalhados a aguar por postas de vitela, de bolsos cheios pela venda de opiniões a jornais e televisões sobre matérias das quais só exibe uma confrangedora ignorância, um dos mentores desta épica jornada agora inventada para limpar o futebol em Portugal (onde andavam eles quando o Apito Dourado emporcalhava definitivamente estes velhos senadores que ainda por aí vegetam?) tratou de juntar à mesa um belo grupo de atoleimados de garfo em riste e copo em punho prontos a tornar públicos os seus vapores alcoolizados. O Eça é que os topava: «No fundo são todos fadistas! Do que gostam é de vinhaça e viola e bordoada e viva lá o seu compadre!»

3. Para se ser o melhor treinador do mundo e arredores e andar nas palminhas dos jornais portugueses não basta mostrar três dedos ao adversário. É preciso espetar-lhes nos olhos e de preferência à traição. O Mourinho que o diga..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Resgate emocional

"Eusébio partiu. Fê-lo cruelmente. Coluna partiu. Fê-lo cruelmente também. No espaço de poucos dias, o Benfica perdeu duas das suas maiores referências emblemáticas numa história centenária. Há horas, recebemos a notícia da morte de José Medeiros Ferreira, conhecido intelectual, político saliente, benfiquista entranhado.
Sem embargo da sua reconhecida maturidade cívica, foram muitas as divergências que tivemos. De natureza ideológica, numa acentuada cifra de discrepâncias nas abordagens a uma sociedade pautada por gritantes desigualdades e não menos injustiças. Já quanto ao Benfica, o cumprimento fraternal que trocávamos, as palavras de assentimento que transmitíamos, revelavam, no essencial, quase absoluta sintonia.
Medeiros Ferreira acaba de nos deixar. Porventura, outros ilustres benfiquistas, mais ou menos anónimos, mas igualmente importantes no nosso universo grandioso. Com excepção de Eusébio ou Coluna, poucos mais, não existem apaniguados da causa de diferentes categorias. Somos todos iguais no apego ao Clube, na veneração ao seu historial, na ovação ao seu presente, na persuasão ao seu futuro reluzente.
Perdemos Eusébio, perdemos Coluna. Perdemos, mas ganhamos ainda mais emoção. Aquela que Medeiros Ferreira tinha, outros também, na hora da partida. Para mitigar a nossa dor, felizmente, vivemos um período entusiasmante em termos competitivos na mais predilecta das modalidades. O ano parece mais vermelho do que os últimos. Por Eusébio e por Coluna, ainda por José Medeiros Ferreira e outros associados ou simpatizantes da razão rubra."

João Malheiro, in O Benfica

Goleada televisiva

"1. O Benfica-Estoril, transmitido pela Benfica TV, teve uma audiência de 4,1 por cento, contra 3,3 por cento do Setúbal-Sporting, emitido pela Sport TV à mesma hora (17h de domingo). Triunfo retumbante da nossa TV e do nosso Clube que, à partida, estavam em desvantagem: o jogo de Setúbal foi muito mais emocionante em termos de resultado que o da Luz, resolvido (2-0) logo no primeiro quarto-de-hora; a Sport TV tem mais assinantes (cerca de 450 mil) que a Benfica TV (mais de 300 mil); a generalidade dos benfiquistas terão visto a Benfica TV, enquanto a generalidade dos adeptos dos restantes clubes, para além dos sportinguistas, não sendo assinantes da nossa TV, estariam naturalmente inclinados a ver a Sport TV; e, além de tudo isto, não estavam em casa cerca de 55 mil benfiquistas (que foram à Luz), contra escassos milhares de sportinguistas (em Setúbal). Pois, apesar de tudo isso, o Benfica e a nossa televisão ganharam e por boa margem. É a diferença da grandeza dos clubes.

2. Demos dois passos importantes nas duas principais competições que estamos a disputar. Em Londres, grande exibição e excelente resultado, que se espera confirmado na segunda mão, entretanto já realizada quando este jornal chegar aos benfiquistas. No Funchal, num sempre difícil e imprevisível campo, começamos praticamente a perder, demos a volta com uma excelente primeira parte, gerimos na segunda e 'matámos' o jogo depois de um pequeno susto. É preciso é continuar com este espírito, sempre 'desconfiados' dos adversários que aí vêm. E, claro, somando vitórias...

3. Espero que o Sporting desconte dois pontos ao seu (muito parcial) 'deve-e-haver' da arbitragem neste campeonato. A equipa de Pedro Proença conseguiu ajudar o Sporting a ganhar o jogo, embora não se vislumbre isso nas capas dos dois 'desportivos' lisboetas de segunda-feira passada, que se esqueceram de referir esse benefício, ao contrário do que havia acontecido (e bem) duas semanas antes, aquando do nosso golo no Restelo... A campanha sportinguista da última semana, pelos vistos, deu resultado, no campo e... nas capas dos jornais!"

Arons de Carvalho, in O Benfica 

Contra as injúrias da sorte

"Quando o Benfica já estava a aviar com 3 golos o Tottenham Hotspurs, o que se ouvia em White Hart Lane, Londres, era 'Só mais um, só mais um, só mais um...', em língua portuguesa. A verdade é que ainda com o marcador por estrear o que se ouvia era 'SLB, SLB, Glorioso SLB'. Isto acontece seja qual for a cidade do Mundo onde jogue o Benfica, é único em relação a clubes portugueses e será muito raro para qualquer clube do Mundo. O Benfica não tem fronteiras.
Estas vitórias são um justíssimo motivo de regozijo para os Benfiquistas e para Portugal. Independentemente dos Benfiquistas que se deslocam a acompanhar a equipa, o Benfica tem adeptos, na planetária dispersão do povo português, prontos a apoiar o Clube. E na realidade, o Benfica também os apoia.
Portugal sempre tem sido, e é agora uma vez mais, um País de emigração, o que não é motivo de grande orgulho para o País, que não assegura o presente e o futuro dos seus filhos, mas é um imenso motivo de orgulho para os portugueses, um povo desenrascado, sempre disposto a arregaçar as mangas, pôr a trouxa às costas e procurar oportunidades onde elas existam. Para esses muitos milhares de portugueses, uma visita do Benfica e uma vitória do Benfica lá fora compensa muitas das frustrações da vida. O Reino Unido é actualmente o principal destino de emigração dos portugueses, que têm vindo a fugir da crise, e do país, à razão de 120 mil por ano. Em Londres, na passada quinta-feira, 13 de Março, o Benfica deu a muitos desses portugueses o conforto de uma vitória, o aconchego de uma alegria, o amparo de um desforra 'contra as injúrias da sorte', como se canta no poema de A Portuguesa. Esta crónica, com vossa licença, é dedicada ao meu filho Manuel, em Londres."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Estupor

"A crueldade de ver partir em tão pouco tempo gente que tanto se admira e de quem tanto se gosta.

Perder qualquer pessoa de quem se gosta e se admira é sempre um murro no estômago. Quando se perde um amigo a dor é ainda maior. Partiu esta semana um homem de quem muito gostava e admirava, e acaba de partir um amigo de quase trinta anos. Levei um murro no estômago e sinto, agora, uma dor profunda. Não me levem os leitores a mal a intimidade que aqui partilho.
A partida de Medeiros Ferreira deixou-me muito triste; o desaparecimento, ontem, de Manuel Barbosa deixou-me em lágrimas.
Não se trata de ser ingrata a vida, trata-se de a sentirmos cruel quando nos leva assim em tão pouco tempo gente de quem tanto gostamos, e a mim, ultimamente, a vida tem-me dado fortes murros no estômago. Na família e nas amizades e em gente que admirámos.
Sé este ano, já vi partir Eusébio... o senhor Ferreira... e o senhor Coluna... duas das figuras do futebol que, conhecendo, mais admirei, e já me despedi esta semana do professor Medeiros Ferreira, que acompanhei até à última morada, no Cemitério dos Prazeres, e chorei ontem pela partida de Manuel Barbosa, com quem tanto me zanguei, discuti, me alegrei, convivi, partilhei e emocionei praticamente ao longo de toda a minha vida de jornalista.

Não faço a menor ideia se alguma vez Medeiros Ferreira e Manuel Barbosa privaram um com o outro, mas não será difícil presumir que, pelo menos, se conheciam, quanto mais não fosse pela paixão benfiquista de ambos. Mas não tinham apenas isso em comum.
Além de fervorosos adeptos encarnados, que tanto desejavam ver o Benfica este ano campeão, diziam ambos as palavras com todas as letras até pela afirmação das pronúncias açoriana e minhota de que os dois tanto se orgulhavam.
Adoravam uma boa conversa, de preferência dura, exigente e suficientemente argumentativa para nunca se ficar pelas meias-tintas, e tinham ambos um sentido de humor, embora diferente na acidez e na subtileza, capaz de os levar a rirem-se até deles próprias.

Medeiros Ferreira era historiador, homem inteligente e culto, professor e político, sempre com activo exercício da cidadania, figura incontornável da democracia portuguesa e de integração de Portugal na União Europeia. Era um extraordinário conversador e - como bom conversador -, igualmente um extraordinário ouvinte e ainda um verdadeiro.. encantador de histórias.
Conheci-o, há um bom par de anos, através dos meus amigos Leonor Pinhão e João Botelho, com quem Medeiros Ferreira tinha relação muito próxima e de quem foi, durante anos, vizinho.
Fora de combater político, do palco público e da actividade profissional, Medeiros Ferreira quase sempre tinha um sorriso. Foi assim que o encontrei, sucessivamente, ao longo dos anos, com aquele sorrido que lhe vinha também do jeito de ser e de estar.
Se partilhava com Manuel Barbosa a paixão pelo Benfica, o professor Medeiros Ferreira, como carinhosamente sempre o tratei, partilhava comigo a paixão pelo futebol e pela história do futebol, pela comunicação e pela história da comunicação e dos media, como bom historiador que também era.
Tive o privilégio de conviver com o professor Medeiros Ferreira em muitos momentos ligados ao futebol, à cultura e até mesmo à vida política.
Na Ponta Delgada que o viu nascer, fez 72 anos em Fevereiro, quando A BOLA o convidou para a ímpar iniciativa de homenagear o futebolista açoriano Pauleta, e partilhámos ainda a experiência sul-africana do Campeonato do Mundo de 2010, onde esteve como comentador de um diário generalista e eu como enviado-especial deste jornal.
Era um homem bom e um homem simples, um apaixonado pelas coisas da vida, das mais às menos profundas, e um extraordinário orador, que dava, naturalmente, gosto ouvir. Como bom cavalheiro, era um admirador das mulheres e, por muito tempo sem o sabermos, partilhávamos até a admiração pela encantadora e combatente Joana Amaral Dias, com quem o professor dividiu muitas horas de debate político na televisão e eu uma relação platónica de admiração profissional.
Não fui aluno nem companheiro de luta nem amigo íntimo do professor Medeiros Ferreira mas posso dizer que gostávamos francamente um do outro e gostávamos francamente de conversar um com o outro, ao ponto de o professor ter aceite o meu convite para estar como comentador num dos espaços de informação desportiva do então recém-criado canal de televisão de A BOLA, quando A BOLA TV era ainda uma televisão apenas na Internet.
Como eu gostava do professor Medeiros Ferreira.

Custa-me mais falar de Manuel Barbosa porque a Manuel Barbosa ligam-me muitos anos de amizade, muitas tardes de discussão e muitas noites de futebol.
Nos últimos tempos, fui percebendo e testemunhando como lhe fugia a vida que tão intensamente vivia, e foram então mais as horas de conversas pelo telefone do que os momentos de sorrirmos na cara um do outro.
De Manuel Barbosa escrevi o possível nas páginas centrais desta edição, e dele me esqueci ter sido responsável pela saída do primeiro treinador português de futebol para o estrangeiro, quando na década de 80 levou o saudoso - mas felizmente bem vivo - Quinito para o Kuweit.
Se me esqueci de mais alguma coisa é apenas porque escrevi o possível sobre um amigo que só não foi capaz de resistir ao estupor do cancro.
E me fez chorar."

João Bonzinho, in A Bola

Desejo concedido...

Ontem, pedi o AZ, hoje as bolinhas deram o AZ, portanto não me posso queixar!!!
O único perigo potencial, é os jogadores acreditarem na campanha de desvalorização do adversário que já começou... mas felizmente os jogadores do Benfica, já estão habituados a este tipo de analises canestras!!! Aliás, antes do Sorteio desta manhã, houve mesmo alguém que afirmou (sem se rir...!!!) que o Benfica tem a obrigação de derrotar a Juventus!!! Portanto, mesmo se tivéssemos como adversário, o antecipado Campeão Italiano, teríamos muitas 'facilidades'!!! Portanto, com o AZ como adversário, será mais do mesmo...!!!

Também como é habitual, já existem Benfiquistas a pensar nas Meias-finais, são os mesmos que quando as coisas não correm bem, parecem 'loiras histéricas'!!! A falta de humildade e atitude, que muitas vezes é apontada aos jogadores, normalmente começa nas bancadas (neste caso nos teclados!!!), sem respeitar o adversário, que com sorte ou azar, foi com competência que chegou aos Quartos-de-final da Liga Europa, e sendo assim, não será tão mau, como alguns vão querer fazer passar...

Pedi o AZ, porque ontem foi visível, que a equipa do Benfica está perto do limite físico. Neste momento em que o Campeonato Português ainda não está decidido, seria muito perigoso ter dois jogos Europeus, muito competitivos, com adversários de grande valia, como a Juventus, o Valência ou o Sevilha (e até os Corruptos)... e mesmo o jogo físico (porrada) do Basileia não seria agradável. Assim, na 1.ª mão na Holanda, o Jesus vai de certeza absoluta, manter a rotação profunda do plantel, e no segundo jogo, consoante o resultado do primeiro, vai ponderar as prioridades... Seria 'interessante' que até lá, o Sporting perdesse no mínimo 2 pontos, e o Benfica mantivesse o caminho das vitórias, porque nessa situação, já poderíamos arriscar mais um bocadinho na Europa.

O AZ Alkmaar na fase de grupos do Liga Europa ficou no mesmo grupo do PAOK, empataram os dois jogos entre eles, e acabaram empatados no final da fase grupos, com vantagem para os Holandeses nos 'golos'!!! Não estarei errado, ao pensar que o valor das duas equipas, é similar... Estão em 7.º na Liga Holandesa, não têm nenhuma estrela, mas têm alguns jogadores interessantes lá na frente... Destaco somente a muita experiência internacional do Dick Advocaat, treinador do AZ.

Será a primeira vez que defrontamos estes Holandeses, mas recordo-me da eliminatória emocionante do AZ com o Sporting... Neste momento, o Campeonato continua a ser a prioridades das prioridades, em 2.º vem a Liga Europa, e pessoalmente coloco a Taça de Portugal no 3.º lugar. E prevejo, que o sucesso desta eliminatória, vai depender muito da rotação que o Jesus, vai fazer na 1.ª mão da Taça de Portugal no Dragay!!!