sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Tacuara

"Muitos motivos justificam a venda de Óscar Cardozo ao Trabzonspor: uma lesão grave nunca inteiramente debelada, e, porventura, de duvidosa reabilitação; o sub-rendimento quase penoso que a partir daí o jogador evidenciou; um salário elevado, acima das limitações colocadas pelos novos tempos, e acima daquilo que, neste momento, poderia acrescentar à equipa; e, talvez mais importante que tudo o resto, a parcela do passe afecta ao Benfica Stars Found, que obrigaria a SAD a desembolsar uma verba considerável (4 milhões?) caso tencionasse manter os serviços do goleador.
Tendo em conta estas circunstâncias, ninguém de bom senso poderia atar um jogador de 31 anos ao seu passado. Perante uma boa proposta (para ele e para o clube), havia que abrir a porta.
Dito isto, não posso deixar de manifestar a minha tristeza por ver partir o melhor, o mais eficaz, e o mais marcante ponta-de-lança do Benfica neste século XXI.
Cardozo nunca gerou unanimidades. Dele chegaram a dizer que “só” marcava golos. Coisa pouca, portanto. 
Para quem, como eu, dispensa fintas, toques de calcanhar, malabarismos e números mais ou menos circenses, gostando antes de ver futebol prático, com remate pronto e certeiro para dentro das balizas, ele foi um ídolo. Era ele que me fazia levantar da cadeira. Foi ele, com os seus quase 200 golos, que mais alegrias me proporcionou ao longo destes anos.
Tacuara marcou 13 golos ao Sporting, 7 ao FC Porto, 34 nas competições europeias. Sai como o melhor marcador estrangeiro da história do clube, e um dos dez melhores em termos absolutos (emparceirando, na lista, com nomes como Eusébio, Águas, José Augusto, Arsénio, Julinho, Rogério, Nené ou Torres). Só o tempo fará perceber aos mais cépticos a importância e a dimensão histórica que um ponta-de-lança com estes números tem para um clube.
Teria de sair um dia. Esse dia chegou. Da minha parte, fica o eterno agradecimento por tudo quanto nos deu. E a esperança que consigamos rapidamente encontrar alguém capaz de o fazer esquecer."

Luís Fialho, in O Benfica

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