"Portugal continua a apresentar ao mundo, ano após ano, alguns dos maiores talentos jovens do futebol internacional. É o fruto do bom trabalho feito nos primeiros segmentos de prospecção, a que se somam as óptimas condições dos principais clubes e uma cuidada e criteriosa escolha do departamento de selecções da FPF. A final ontem disputada pelos sub-19 na Hungria é apenas o exemplo mais recente de Portugal representado, nos escalões jovens, ao mais alto nível.
Porém, quando comparada com a produção, a aposta dos clubes nacionais no jogador português é escassa e irracional. Vivessem os nossos emblemas na fartura e perceber-se-ia que fossem a mercados externos em busca de talento caro; mas conhecendo-se a penúria das contas, não faz sentido, pelo menos por nenhuma boa razão, a insistência em futebolistas jovens estrangeiros quando por cá os há até de melhor qualidade.
É evidente que, se houver um negócio de ocasião, um fora de série que fique no radar português e seja trazido para a Liga nacional, daí não virá mal ao mundo. Mas fazer da procura externa e regra e transformar a oportunidade dada ao jovem jogador português na excepção é que não entra na cabeça de ninguém. Pelo menos pelas boas razões...
O futuro do futebol português está na formação. O resto é poeira que há de assentar. Começa a ser uma exigência, por questões de sobrevivência a médio prazo, que os clubes adoptem políticas desportivas conformes e industriem os técnicos para a aposta no produto nacional.
E deverá haver uma indignação generalizada - devem ser pedidas contas a quem os trouxe - por cada jogador estrangeiro sem qualidade que seja metido a martelo no nosso futebol!"
José Manuel Delgado, in A Bola
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