quinta-feira, 10 de julho de 2014

Começar

"Percorro A BOLA dos últimos dias. Registo vários títulos: «É um jogador com grande futuro». «Em busca do prestígio perdido». «Vim para o clube ideal». «Já sinto mística amarela». «Época para voar mais alto». «Dia 1 a aguardar uma revolução». «Um plantel com muito berço». «Revolução está por concluir». «Quero fazer história». «Mostrar que não estou acabado». «Treinador tem muita fé em mim». «Não vejo a hora de começar». «Vai ser o nosso ano». «Repetir o que fez a geração anterior». «Luzes, câmara, acção: o leão pode começar a rugir». «Espero que seja a minha época». «Pantera começa a rugir». «Chaguinha ansioso por começar».
É compulsivo este modo de começar os começos. Sonhos, esperanças, ilusões, ambições, declarações de amor infinito ao novo clube, no único momento em que a aparência parece fazer crer que o ponto de partida é igual para todos. Ou seja no começo.
Bem sei que o pessimismo militante é uma prisão, mas também o optimismo inconsequente é a maior parte das vezes um delírio que toma o lugar da realidade. Nestes tempos de longo defeso, isto é da primazia da aparência, de compras, vendas, saldos, entradas, saídas, transumâncias e outras formas formas do que agora se designa tecnocraticamente por mobilidade, concluo em forma de síntese.
O que parece é. Os intermediários.
O que parece. Os passivos.
O que parece não é. As cláusulas de rescisão.
O que não é parece. Alguns reforços.
O que é não parece. Certos poderes obscuros.
O que parece é. Transferências com placa giratória. É só escolher..."

Bagão Félix, in A Bola

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