quinta-feira, 31 de julho de 2014

À chuva à procura dum lugar ao sol

"Importante é que a 10 de Agosto, terminada nova discussão por um troféu com o Rio Ave, possamos constatar que o campeão voltou. E, melhor ainda, que voltou na altura certa.

estava na altura de o Benfica, que foi fundado por rapazes sem fortuna criados na Casa Pia, ver chegar à sua equipa de futebol um rapaz criado na Casa do Gaiato.
Por aqui toda a gente gosta do Bebé. É cá dos nossos. E acresce que este Bebé, pelo que tem prometido nuns minutinhos em dois jogos, parece estar já um perfeito homenzinho.

FRANCO JARA, que foi expulso no jogo com o Marselha e que falhou um penalty no jogo com o Ajax, fez ontem uma primeira parte muito boa com o Sion e até marcou um golo. Depois, já perto do intervalo, muito bem lançado por um companheiro, apareceu sozinho à frente do guarda-redes e atirou a bola muito por cima da baliza. Logo ouvi dizer a meu lado: «Pronto, voltou ao normal».

ONTEM, em Sion, depois do intervalo Jorge Jesus fez sete substituições e lançou para o campo alguns portugueses formados no clube. Cancelo, João Teixeira, Nelson Oliveira estiveram todos muito bem com destaque para o jovem João Teixeira que marcou um golo e até podia ter marcado mais não fosse o deslumbramento que não o pode deixar de trocar. Sob uma intensa chuvada do Julho Suíço, foi bom de ver toda aquela juventude da casa à procura de um lugar ao Sol.

OUVI mal ou o comentador da Benfica TV disse que o Talisca tem apenas 20 anos? Parece ter mais. Não de aspecto mas de presença e de personalidade em campo. Espero ter ouvido bem. Porque, assim sendo, trata-se de uma excelente notícia.

NUM destes últimos dias de Julho, um barquinho cruzava a Ria Formosa transportando banhistas. Queixava-se um dos ditos considerando, «excesso» de visitantes espanhóis, sempre ruidosos, que tomaram de assalto as praias do Sotavento algarvio. O que não deixa de ser uma constatação válida.
- Isto está cheio de espanhóis - disse, consternado.
- Pois é. Até parece a tua equipa - respondeu-lhe sem perder tempo outro passageiro.
- Antes espanhóis do que sérvios - retorquiu o primeiro, muito agastado, esquecendo-se imediatamente da sua ainda fresca diatribe anti-castelhana.
- Isso no fim é que se vê - remato o barqueiro.
É curioso como em tempo de férias, com as gentes em calções, toalhas de praia, sem cachecóis ou outros acessórios que identifiquem cores e emblemas, dá para perceber por uma simples conversa marítima a que clubes pertencem os corações de banhistas e de barqueiros.

YANNICK DJALÓ marcou um golo, melhor dito, um golaço e assinou duas assistências para golo na goleada por 5-1 da sua equipa, o San José Earthquakes sobre o Chicago Fire, dois clubes-catástrofe do campeonato norte-americano.
A exibição do jogador emprestado pelo Benfica valeu-lhe o prémio de «jogador da semana» da MLS (Major League Soccer) estado-unidense.
Confirma-se. Para múltiplas gerações de proscritos de todo o mundo a América foi, é e será sempre a terra prometida.

A Argentina portou-se muitíssimo bem no último Mundial e é natural que muitos dos seus jogadores menos famosos se tenham transformado em jogadores bem afamados depois do Mundial.
Como é o caso do guarda-redes Romero, habitual suplente no Mónaco, agora cobiçado por muitos emblemas sonantes. Como o Benfica, por exemplo, que, ao que tudo indica, não vai conseguir reunir os cabedais necessários para assegurar a contratação desta nova estrela entre os postes.
É normal que assim aconteça. Se até o Rayo Vallecano consegue desviar jogadores apontados a um dos chamados grandes de Portugal, mais facilmente o tal Romero irá para outras paragens do que aterrará na Luz.
De qualquer maneira, venha quem vier para guardar a baliza do Benfica, ou fique quem ficar, será sempre muito difícil, quando não impossível, fazer esquecer Oblak porque com Oblak na baliza durante quatro meses consecutivos o Benfica nunca soube o que era perder um jogo. Foi absolutamente encantador ainda que efémero.
Enzo Perez e Rojo são outros dois argentinos que fizeram boa figura no Brasil. Já gozaram as suas merecidas férias e já regressaram, respectivamente, à Luz e a Alvalade. Ambos estão mortinhos por se pôr a andar daqui para longe e que ninguém lhes leve a mal. São profissionais.
Depois do Mundial, a Segunda Circular parece-lhes cada vez mais um caminho de pedregulhos próprio para cabrinhas e cada vez menos uma grande via de circulação asfaltada à volta de uma grande metrópole.
Ressalve-se, no entanto, a boa educação e a ineludível diplomacia com que se referiram aos clubes lisboetas de onde partiram para o Brasil no momento em que aterraram na Portela há coisa de dias. Enzo e Rojo querem sair a bem. É simpático da parte deles.

RODRIGO, outro ex-benfiquista, agora propriedade do senhor Lin, saiu a bem da Luz e entrou a bem em Valência elogiando o seu novo treinador, Nuno Espírito Santo, dos Espíritos Santos de São Tomé e Príncipe, onde nasceu, e a antiga equipa do seu novo treinador, o Rio Ave, com quem o Benfica de Rodrigo disputou e venceu, em Maio, a Taça da Liga e a Taça de Portugal em finais muito disputadas.
«Nas duas finais que jogou contra mim, a sua equipa foi sempre melhor», disse o maravilhoso avançado hispano-brasileiro. Digamos que Rodrigo está a exagerar um bocadinho.
No entanto, é forçoso admitir que muito deve o Benfica esses dois títulos conquistados ao Rio Ave ao seu jovem-ex-guarda-redes Oblak que safou umas quantas bolas de golo quer na final de Leiria quer na final do Jamor.
Curiosamente, o Benfica volta já daqui a onze dias a disputar um título oficial com o mesmo Rio Ave. Trata-se da Supertaça Cândido de Oliveira. Nem Oblak nem Rodrigo voltarão jamais ao Benfica nem Nuno Espírito Santo voltará jamais ao Rio Ave. Embora, por vezes, aconteçam coisas estranhas neste mundo do futebol. Um exemplo? O regresso de Paulo Fonseca ao Paços de Ferreira depois de uns quantos meses num clube de muito maior dimensão. Adiante.
O importante, para nós, é que no próximo dia 10 de Agosto, terminado mais um confronto com o muitíssimo respeitável Rio Ave, possamos constatar que o campeão voltou. E, melhor ainda, que o campeão voltou na altura certa.

O FC Porto se não for campeão na próxima temporada explode. Explode em sentido figurado, naturalmente.
O ex-campeão não se tem poupado a despesas para se reforçar convenientemente caindo por terra todas as análises intelectuais produzidas na altura da contratação de Lopetegui. Lembram-se? Lopetegui, um treinador rotinado a trabalhar com jovens, um treinador para fazer explodir os jovens baratos da formação da casa, um treinador ideal para os tempos da penúria.
Qual quê? Tudo ao contrário. Explosão por explosão, para já, apenas a do adolescente Rúben Neves que muito tem impressionado nesta pré-temporada. E pode ser que chegue, quem sabe?

DUNGA, o ex-futuro-seleccionador do Brasil, não quer jogadores com brincos nem com bonés às três pancadas. Depois do sargentão chegou o sargentinho. Oh, Brasil!"

Leonor Pinhão, in A Bola

Colete-de-forças !!!

Benfica 0 - 2 Athletic Bilbao

Mais um treino aberto ao público que os Bascos levaram muito a sério, pareceu-me mesmo que o Athletic fez deste jogo uma 'simulação' dos Play-off da Champions que vai disputar (possível adversário dos Corruptos!!!).
Hoje não farei analises individuais aprofundadas, pois andei a fazer zapping com o jogo dos sub-19 na Final do Europeu, com a Alemanha, mas vi na 1.ª parte, um Benfica incapaz de sair do colete-de-forças Basco... que pressionou muito alto, quase 'à Barça', e não deixou o Benfica ter bola. No 2.º tempo as alterações voltaram a ser muitas, o Benfica mais fresco foi tentando, mas o Bilbao manteve a equipa 'titular' e aproveitou o contra-ataque para marcar o 2.º...
Esta pré-época está a ser marcada, exactamente por esta incapacidade 'anormal' do Benfica em não ter bola, e consequentemente não consegue criar oportunidade de golo, e assim os avançados têm marcado poucos golos... A ausência dos 2 Centrais titulares, e dos 2 Médios 'supostamente' titulares ajudam a explicar muia coisa:
1) O problema começa na defesa, sem os Centrais mais experientes, o Benfica não consegue construir jogo na 1.ª fase... Aqueles passes, entre Centrais, que os adeptos tanto assobiam na Luz, neste momento estão a fazer falta... essa capacidade de quando a bola chega a uma lateral, não haver espaço para 'subir', ficar 'fechado', passar a bola para trás, e mudar de flanco, é essencial, mesmo que seja muitas vezes incompreendida...!!!
2) O outro problema é no meio-campo. Falta o médio fisicamente 'faltoso', que recupere, e intimide o adversário, e depois falta o Enzo...!!! Sim, falta o Enzo, porque as boas indicações do Talisca e do Teixeira, são só isso, boas indicações. Por exemplo o Talisca, tem que melhorar muito as recepções de bola, naquela posição, não pode dar 2 ou 3 toques para parar a bola, quando é pressionado...

Amanhã temos um dia de 'descanso' e depois mais 2 jogos, Sábado e Domingo... e muito sinceramente, antevejo os mesmos problemas, até porque o Arsenal é outra daquelas equipas que tem sempre muita bola... e o Valência idem-idem...!!! Não creio que foi de propósito, mas nesta pré-época 'escolhemos' equipas que gostam de ter 'bola': no nosso Campeonato, este tipo jogos serão poucos, vamos na grande maioria das vezes defrontar equipas 'fechadinhas' lá atrás, mas na Champions é provável jogar contra este tipo de equipas... Só faltou mesmo um jogo com Barça neste início de época, para completar o ramalhete!!! E creio que chegou a estar programado!!!
PS: No outro jogo que assisti em 'simultâneo' Portugal perdeu na Final do Europeu de sub-19, por 0-1. Acabou por ser uma derrota normal, contra uma equipa melhor, que até podia ter marcado mais. A diferença física e de maturidade competitiva é grande. Nós temos alguns bons valores, mas têm pouco consciência colectiva do jogo, principalmente no ataque... Indo um pouco contra-a-corrente até acho que a equipa que o ano passado perdeu nas Meias-Finais do Europeu, era se calhar melhor que esta, a diferença foram os adversários mais fracos que encontrámos nesta Fase Final...
O João Nunes fez um bom Campeonato, mas às vezes parece demasiado 'soft' na abordagem aos lances. O Guzzo começou como titular, foi para o banco, e hoje voltou ao 11... tem tudo para ser o próximo 'João Teixeira'!!! O Rebocho foi pouco utilizado, ainda por cima quando jogou, foi empurrado para Lateral-direito (muito melhor que o Riquicho)... O Romário é um dos tais jogadores, que só joga para ele... tem tudo para ser um grande jogador: fisicamente e tecnicamente, mas a 'cabeça' - a tomada de decisão -, não ajuda nada!!! Uma nota ainda para o Nuno Santos, que foi o azarado deste Torneio... desejo-lhe uma recuperação rápida.
Esta equipa irá estar no Mundial de sub-20, além da recuperação do Nuno Santos, tanto o Rochinha, como o próprio Gonçalo Guedes deviam ser opção... Se até lá o Gelson aprender a passar a bola, talvez exista alguma possibilidade de fazer boa figura!!!

A estatística da penalidade

"Li, há dias, uma curiosa estatística do site Globoesporte sobre penáltis, as «bombas atómicas» que decidem jogos e taças.
Uma baliza mede 7,32m por 2,44m. Ou seja, a largura é o triplo da altura. Dividindo o espaço em 9 áreas, verificamos que o lado direito da baliza é o preferido dos chutos. Nada menos que 46,3%. Por outro lado, se dividimos o espaço da baliza em três zonas de baixo para cima, o terço junto da relva abrange 45,1% dos remates, e o terço mais alto até à barra é alcançado por 22,9% dos tiros. Em resumo, as preferências são assim ordenadas:
4.º - 7.º - 9-º
3.º - 6.º - 5.º
1.º - 8.º - 2.º
Sobre a eficácia na marcação dos penáltis, podemos concluir que:
a) todos os remates para o terço superior do lado esquerdo são infalíveis, mas só 4,6% por lá passam;
b) a parte direita da baliza no terço a partir da relva é onde se concentram mais tentativas (21%), mas a mais falível, onde só 2 em cada 3 remates entram:
4.º - 8.º - 1.º
2.º - 6.º - 7.º
9.º - 5.º - 3.º
Parece haver, pois, uma interessante correlação entre grau de dificuldade/escolha/eficácia.
É claro que esta estatística não considera os remates tipo râguebi, ou para os postes ou que saem ao lado. Nem nada nos diz sobre a potência do remate. Ou quando o guarda-redes se mexe ou adianta irregularmente. Nem sobre se o marcador é destro ou canhoto. Nem sobre as paradinhas...
Ciência, sorte ou mera curiosidade. Respondam os entendidos..."

Bagão Félix, in A Bola

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Vitória nos Alpes...

Sion 0 - 2 Benfica

Mais um 'treino' aberto ao público, num jogo onde fomos muito superiores (tínhamos essa obrigação), e onde utilizámos 2 equipas!!!
Começamos com Artur; Maxi, César, Sidnei, Eliseu; Amorim, Talisca, Salvio, Gaitán; Jara e Lima. E terminámos com Lopes; Filipe, Lindelof, Benito, Cancelo; Almeida, Teixeira, Bebé, John, Oliveira e Derley.
Voltámos a denotar alguns problemas, nas transições defensivas, com os jogadores a chegarem atrasados às marcações, permitindo alguns ataques rápidos aos Suíços, que obrigaram o Artur a algum trabalho... e para nossa 'sorte' o fiscal-de-linha foi marcando os foras-de-jogo (e foram vários)!!!
O Talisca continua a sua evolução na nova posição, e continua a dar boas indicações. Curiosamente é um jogador com características diferentes, em relação ao Enzo... destaca-se essencialmente no passe médio e longo, algo que o Enzo raramente tenta!!! Falta ao jovem Baiano, consistência de jogo, o Enzo praticamente não perde uma bola, nem falha um passe...!!! E defensivamente, tem que apreender como marcar, e como não ser ultrapassado facilmente pelos adversários, algo que o Enzo também aprendeu, já no Benfica...
Quem continua em grande é o João Teixeira, e hoje, jogando finalmente na sua posição - a '8' -, com o André Almeida nas suas costas, esteve nas suas sete quintas... marcando um golo, e falhando pelo menos mais três!!! Está a aproveitar muito bem a oportunidade que lhe está a ser dada, e que ele provavelmente há 3 semanas, pensava que seria impossível...
Como as minhas teimosias não são eternas, admito aqui, que o Eliseu está-me a surpreender pela positiva!!! Ainda é cedo para fazer uma avaliação definitiva, mas...!!!
Em sentido contrário, aquilo que me preocupa neste momento, são as lesões nos Centrais: Luisão, Lisandro e Jardel... As informações são poucas, sobre o tempo de recuperação, mas já começo a 'estranhar'!!!
E apesar das boas indicações do Talisca e do João Teixeira, continuo a defender que é obrigatório a contratação de um Trinco, titular... um jogador tipo Fejsa, que imponha o físico naquela zona do terreno... Além do guarda-redes!!!

Amanhã temos novo jogo na Suíça, desta vez com um grau de dificuldade muito mais complicado... Sábado outro teste, e Domingo outro... É sempre a abrir!!!

Empate a fechar a digressão...

Extremadura 1 - 1 Benfica B

Empatámos ao minuto 88, finalizando esta mini-digressão ao outro lado da  fronteira, com 2 jogos, em 2 dias, com uma vitória, e um empate...

Jogaram de início: Santos; Alfaiate, Cardoso, Valente, Gaspar; Dawidowicz, Pinto, Semedo, Costa; Guedes, Fonte. Começaram no banco: Thierry; Ramos; Estrela, Amorim; Lolo, Frisenbichler.

Os três 'efes'

"Futebol, Financiamento e Formação, eis os três efes dos principais clubes desportivos de Portugal.
Numa paralelismo tosco com o Portugal do tempo da outra senhora, o Futebol bem pode continuar a ser interpretado pelo Futebol - afinal, está mais velho,sim, está diferente, mas conhece bem o papel e bem vistas as coisas continua a distrair muito boa gente.
Para o papel de Fado convoque-se o Financiamento. Mais do que uma distracção, tornou-se não só a pele do futebol como lhe assaltou o coração e tomou refém a mente. Loucos, apaixonados, devastados pelos fracassos amorosos (leia-se objectivos por cumprir) todos o olham como a salvação, como o caminho, como a fatalidade à qual não há como fugir. Boémio, vadio, o Fado promete boa companhia e consolo, mas quando vivido e não apenas cantado arrasta os seus dependentes para um mundo cinzento no qual, dizem, não dá para viver, não é possível competir com os gigantes dos outros países. O pior do Financiamento, como do Fado, é que um dia - e esse dia às vezes chega mais depressa do que se está à espera - é preciso devolver o que se levou. E sempre com juros. Sai caro...
Então e em que medida Fátima se deixa substituir pela Formação? Naquela em que Fátima e Formação são cada vez mais actos de Fé - outro efe. Por muito que a maior parte dos crentes venere a mensagem e o que de bom ela representa, a aplicação ao dia-a-dia jamais será fácil.
Nossa Senhora pediu que os portugueses rezassem um Terço todos os dias, pela paz no Mundo? «Pois, mas falta tempo», desculpa-se boa parte dos fiéis. É um pouco como a Formação - representa a Salvação - e a verdade é que mesmo com as selecções jovens a voltarem aos grandes palcos de forma consistente, não há nem regulamentos nem autorregulação capazes de afastar os clubes maiores do pecado mortal da gula..."

Nuno Perestrelo, in A Bola

Insignificâncias, eu sei...

"Há coisas insignificantes, que, todavia, são significativas. Não escrevo sobre o futebol do Benfica no qual, apesar das muitas mudanças, continuo a depositar esperança de sucesso.
Há dias, recebi, como sócio, o aviso de pagamento do meu lugar no Estádio. Dizia a carta que, como detentor de um lugar Red Pass Fundador, continuaria a ter uma série de vantagens que aqui me dispenso de elencar e que a data limite para o pagamento era o dia 19/7. Paguei antes do fim do prazo.
Uns dias mais tarde (25/7), sou surpreendido com um sms do SLB dizendo: «Caro sócio, informamos que o acordo com as condições do seu lugar Premium Fundador, o serviço gratuito de bebidas e refrigerantes deixa de estar disponível».
Para mim, como para muitos sócios, não tem qualquer importância. Raramente usei a possibilidade gratuita de abrir uma pequena garrafa de água. O que é inadmissível é que uma instituição corporizada nos seus sócios, como muito bem diz Luís Filipe Vieira, se comporte de uma maneira tão inadequada (a palavra mais diplomática que encontrei) para com os mesmos. Não crendo que esta magna questão dos refrigerantes se tenha colocado só depois de esgotado o prazo de pagamento dos lugares de época, é, no mínimo, deselegante e eticamente incorrecta esta forma traiçoeira de uma mensagem por telemóvel depois de assegurado o recebimento.
Sim, é uma insignificância, repito. Mas o carácter das instituições revela-se, às vezes, nestes pormenores. E, já agora, será que a poupança com esta restrição de liquidez compensa o desperdício com a liquidez de alguns salários que se praticam no clube?"

Bagão Félix, in A Bola

Besta e bestial

"Há precisamente um ano, o Benfica começava mal a pré-época e era derrotado na Eusébio Cup por um São Paulo que não vencia um jogo há meses. Dizia-se então que o Benfica dispunha de um grande plantel mas que o treinador não tinha unhas para tocar aquela guitarra. Jorge Jesus estava em 'estado de desgraça' após o cruel final da época anterior - e os adeptos não lhe perdoavam. A derrota na Madeira no primeiro jogo do campeonato agravou as coisas. E um segundo desaire contra o Gil Vicente, na Luz, poderia ter sido fatal para Jesus. Recorde-se que o jogo só foi ganho com dois golos marcados já nos descontos.
Este ano, a história deu uma pirueta de 180 graus.
Diz-se que as vendas foram excessivas, que as compras não as compensaram e que o plantel é péssimo. Há contudo, entre os benfiquistas uma réstia de esperança. E qual é ela? Chama-se Jorge Jesus. Ou seja: a esperança dos benfiquistas é que o treinador consiga fazer daquele 'miserável' plantel uma equipa minimamente competitiva.
Tudo mudou num ano! Jesus passou de besta a bestial, de coveiro a salvador do Benfica.
Esta rapidez com que os adeptos mudam de opinião deveria levá-los a reflectir. É preciso perceber que o Jesus que ganhou e o Jesus que perdeu são uma e a mesma pessoa. Os adeptos têm de saber ver para lá dos resultados. Se aqueles dois golos milagrosos contra o Gil Vicente não tivessem entrado, Jesus podia ter saído - e o glorioso final da época passada, com a vitória nas três competições nacionais e a injusta derrota por penálties na Liga Europa, não teria acontecido.
Os adeptos encarnados, repito, devem pensar seriamente nisto. Nenhum homem muda radicalmente num ano. Um treinador não passa de besta a bestial em 12 meses. Tudo tem a ver com a mente dos adeptos.
Luís Filipe Vieira, Rui Costa e Jorge Jesus formam um trio que poderá dar muitas vitórias ao Benfica. Não o estraguem! A estabilidade é a mãe de todos os êxitos. Se aos primeiros resultados desfavoráveis começarem a exigir cortes de cabeças, os adeptos poderão estar a perder a oportunidade de assistir a momentos de glória, como na última época."

terça-feira, 29 de julho de 2014

Fomos 2 vezes à Fonte !!!

Mérida 1 - 2 Benfica B

Primeiro jogo nesta mini-digressão a Espanha, em Mérida, terra natal do Lolo, acabou por ser o Rui Fonte (de regresso a Espanha!!!) a marcar os 2 golos...
Jogaram de início: Santos; Semedo, Alfaiate, Valente, Gaspar; Amorim, Pinto, Costa, Guedes; Lolo, Fonte. Começaram no banco: Thierry; Ramos, Cardoso; Estrela, Dawidowicz; Frisenbichler.

Amanhã temos novo jogo com o Extremadura...

Estou assustado

"Na semana passada, Jorge Jesus tentou tranquilizar-nos, dizendo para não estarmos 'assustados por terem saído muitos jogadores pois vamos fazer uma equipa com a dimensão e a exigência do Benfica', para acrescentar que 'claro que demora um pouco mais de tempo do que o normal'. Percebo o optimismo da vontade do treinador, mas por mais voltas que dê, não consiga deixar de estar assustado. Podia enunciar muitas razões, destaco três.
Incerteza: estamos a 12 dias do primeiro jogo oficial e há demasiadas questões em aberto - desde jogadores para posições-chave que ainda se terão de juntar ao grupo (pelo menos um 6 e um guarda-redes), como muitos outros que podem ainda sair. Este contexto de incerteza faz parte do futebol de hoje, em que grande parte dos passes de jogadores é detida por fundos. Mas, convenhamos, a razia que temos sofrido bem como o tempo que se tem demorado a encontrar substitutos, tem poucos paralelismos e leva-nos a questionar a capacidade de planeamento do clube.
Imaturidade: a ideia de que se pode construir uma equipa para ganhar campeonatos apenas com jogadores jovens é peregrina. Numa época longa e exigente é necessário talento, mas são igualmente precisos alguns cabelos brancos em lugares decisivos. Por mais futuro que tenham os atletas da formação ou os jovens estrangeiros, sem jogadores capazes de estabilizar emocionalmente a equipa e de ter voz de comando em campo, não se vai lá. Ora, neste momento, só Luisão, Maxi, Rúben e Lima reúnem estas características. A permanência de Enzo é, por isso, fulcral para oferecer maturidade ao meio-campo.
Qualidade: vender é uma lei de ferro do futebol moderno. O problema não foram os jogadores que saíram, mas, sim, o facto de, até ver, os jogadores que saíram serem individualmente muitos superiores aos que entraram (Rodrigo por Derley; Garay por César; ou, pior, Enzo por Talisca; já para não referir que Candeias e Pizzi juntos não fazem um Markovic). Como bem sublinhou Jorge Jesus, 'só trabalho não chega, tem de haver qualidade'."


PS: Aqui está um bom exemplo da retórica (versão suave) que tem sido usada ultimamente. Concordando em alguns pontos, realço somente o exagero. Por exemplo em vez de comparar o Garay com o César, porque não fazer a comparação com o Lisandro; em vez de comparar o Markovic com o Pizzi e o Candeias, porque não comparar o sérvio com o Salvio (ausente na maior parte da época anterior)...

Uma bola no meio do «Ballet Azul»

"Falemos ainda um pouco mais sobre Alfredo Di Stéfano, ídolo de Eusébio, um dos maiores entre os maiores entre os maiores, tão recentemente desaparecido. Recordemos a sua passagem pela Colômbia.

Di Stéfano. O ídolo de Eusébio. Vou falar sobre ele mais um pouco, se o leitor que faz o semanal sacrifício de me ler, dá licença. Di Stéfano foi único, por isso merece. E a sua vida cheia de aventuras.
Vamos até à Colômbia, em 1948.
Em 1948  Mundo era ligeiramente mais pequeno do que é hoje. Em 1948, o que se passava na longínqua Colômbia só chegava aos ouvidos da Europa se viesse em forma de bula papal, ou coisa que o valha.
Agora já não é bem assim. Desde que a televisão queira, sabemos neste preciso minuto, tudo o que se passou na Colômbia há, digamos, 10 centésimos de segundo. Se a televisão não quiser, sabemos na mesma, embora tenhamos dúvidas sobre autenticidade dos acontecimentos. De qualquer forma, e mesmo que a televisão queira, nunca temos bem a certeza sobre a autenticidade dos acontecimentos.
Em 1948, na Colômbia foi assassinado o líder de esquerda, Jorge Elicer Gaitán, em Bogotá. O país mergulhou em dez anos de insurreição e criminalidade: um período conhecido por «La Violencia». Mais de 200 mil mortos. No seu castelhano musicado, os colombianos chamaram a esse dia 9 de Abril de 1948 «El Bogotazo». Exactamente. E ainda faltavam dois anos para o «Maracanazo».
Em 1948, na Colômbia, as coisas tornaram-se um pouco confusas. Em todos os aspectos. O público colombiano tornou-se tão louco por futebol como os seus colegas do Brasil, da Argentina ou do Uruguai. E os clubes colombianos entraram numa febre consumista sem paralelo na história do jogo.
Alfonso Senior Quevedo: fundador do Clube Milionarios de Bogotá, foi igualmente o criador da Dimayor, em finais de 1947. Dimayor: a primeira liga profissional colombiana, a primeira liga profissional a não colocar restrições à utilização de estrangeiros. O argentino Adolfo Pedernera foi a estrela que abriu o caminho, assinando pelo Milionarios. Cinquenta outros argentinos firmariam, na semana seguinte, contratos com clubes colombianos.
No centro de «La Violencia», o futebol, na Colômbia, era uma festa. Chamavam-lhe o «El Dorado».
Há tanta coisa para escrever sobre o El Dorado que dava um livro. Fiquem descansados: não será um livro. Mas não prometo que para a semana não volte a falar no assunto... Ou que, pelo menos, não volte a falar de Di Stéfano.
Voltemos ao Milionarios: eis que chega Di Stéfano, vindo do River Plate. E o uruguaio Hector Scarone, treinador campeão do Mundo, e 1930. E Nester Rossi, Hector Rial, Antonio Baez, Reinaldo Mourín, Pedro Cabillón, Alfredo Castillo, Tomás Aves, Julio Cozzi, Raúl Pini e Hugo Reyes, todos argentinos. Pedernera já tinha vindo. E Alcides Aguilera, Angel Otero, Jose Saule e Victor Bruno Lattuada, uruguaios. E o paraguaio Julio Cesar Ramirez, e o peruano Ismael Soria, e o brasileiro Danilo. E havia os colombianos Francisco Zuluaga, Manuel Fandiño e Gabriel Uribe.
Em 1948, a Colômbia era longe, longe, longe. Por isso a gente não se lembra, nem há quem se lembre por nós. Não fora o caso talvez soubéssemos recitar de cor, assim mesmo em WM: Cozzi; Zuluaga e Raul Pini; Julio Cesar Ramirez, Nestor Rossi e Ismael Soria; Reyes, Pedernera, Di Stéfano, Baez e Reinaldo Mourin.
Carlos Arturo Rueda: foi talvez o maior nome do jornalismo desportivo colombiano. Um dia, ao ver o Milionarios bater o Real Madrid, em Caracas, disse convicto: «Esta é a melhor equipa do Mundo! Um verdadeiro Ballet Azul!» O nome ficou.
De 1948 a 1953, cinco campeonatos consecutivos, mais de 100 golo marcados por época. Os resultados repetiam-se: 5-0, 5-1, 5-2. O Ballet Azul tinha uma regra: chegando aos cinco, entretinha-se o público. Uma bola no meio do ballet.
Mas, em 1948, a Colômbia ainda era demasiado longe para a gente saber disso. Pelo que é importante recordá-lo. Di Stéfano merece. E o futebol também."

Afonso de Melo, in O Benfica

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Fly 'Eagle' Emirates

Excelente notícia... É daquelas relações, que tem tudo para dar certo: usamos o mesmo Vermelho, e além disso, faz todo o sentido um Clube cujo o símbolo principal é uma Águia, ser patrocinado por uma companhia aérea!!!
O anuncio de hoje, com o CEO da Emirates em Lisboa, só pode dizer, que estamos somente no início... Provavelmente publicidade nas camisolas da equipa principal, e Naming do Estádio... num futuro próximo!!!

Sempre me fez confusão ver equipas do Benfica, sem publicidade nas camisolas, seja nas modalidades, ou na Formação do Futebol... Infelizmente, além do mercado Português ser pequeno, ainda temos as empresas nacionais, com medo de apostar num Clube, com receio das represálias dos adeptos dos outros... Sempre disse, que este bloqueio, prejudica todos, mas o Benfica acaba por ser o mais prejudicado, já que é de longe, aquele com maior potencial de receitas publicitárias... Espero que este 'investimento estrangeiro' seja um indicador daquilo que está para vir...

E que tal termos uma Liga rentável?

"Ter os bancos como parceiros de jornada é, no futebol português, 'chão que deu uvas'. Os próximos tempos dirão mais sobre este tema...

O futebol europeu está a mudar a uma velocidade alucinante e quem não perceber o que passa à frente dos olhos vai ficar, sem remédio, para trás. De uma forma pensada e sustentada, vários clubes estão a munir-se de super-plantéis, capazes de encarar as múltiplas competições que têm pela frente. Nesta altura, esses emblemas já estão vários degraus acima dos outros e não será de estranhar que o alargamento do fosso entre uns e outros venha a terminar num novo formato competitivo no seio da UEFA, onde todos serão iguais, mas uns serão mais iguais que os outros.
Há clubes, nesta lista, com uma capacidade extraordinária para angariar receitas - Manchester United, Barcelona e Real Madrid são bons exemplos disso mesmo -, outros aparecem propulsionados por mecenas, árabes e russos, essencialmente - Chelsea, Manchester City, PSG e Mónaco - e surgem ainda os alemães, com o Bayern como chefe-de-fila, que beneficiam de uma organização afinadíssima que lhes permite gerar uma riqueza assinalável. A caminho, embora sem a consistência necessária, nesta fase, estão alguns emblemas russos, onde o dinheiro também não é problema. Estes são os novos donos da bola, aqueles que vão mandar de forma muito nítida no futebol europeu.
Que papel estará, neste contexto, reservado aos clubes portugueses? Se se mantiver o nível de indiferença perante a indústria do futebol, como um todo, a resposta é inevitável: de corpo presente.
A Liga está em fanicos - o que está a acontecer é surreal - e ou os clubes levam à prática as boas intenções enunciadas na última reunião patrocinada pela FPF, ou o declínio (que se acentua à medida que se alargam, na Europa, as diferenças entre os muitos ricos e os outros) será vertiginoso.
Há pouco mais de uma ano, passou-se boa parte da campanha eleitoral do Sporting a discutir entidades bancárias. Percebe-se hoje como as coisas deram uma volta de 180 graus e o que parecia determinante então, hoje é carta fora do baralho para todos os clubes portugueses. Bater à porta dos bancos, tê-los como parceiros é, no futebol português, chão que deu uvas. Os clubes, por uma questão de sobrevivência, precisam de encontrar uma plataforma comum credível (que não se esgote nos penalties e nos foras-de-jogo) capaz de chamar patrocínios e levar adeptos aos estádios. Modelo para isso? Basta por os olhos na Alemanha onde a entidade mais prestigiada do país, com um nível de aprovação acima do Bundestag, ordens profissionais ou Tribunais, é a DBF (Federação Alemã de Futebol). E sigam a filosofia de quem, sem hipotecar a soberania, foi capaz de fazer do futebol um negócio pujante.

PS - As clivagens no seio da arbitragem são preocupantes. Caminham para a rotura?

(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

domingo, 27 de julho de 2014

Mais 4 Campeões !!!

Ontem, nos Campeonato de Portugal de Atletismo ao Ar Livre, tivemos 10 Campeões, hoje, foram só mais 4 !!!
Neste momento existem outros objectivos imediatos mais importantes para alguns atletas (Campeonato da Europa, e Campeonatos Ibero-americanos...), mesmo assim, esperava-se mais títulos. Tivemos algumas surpresas negativas, mas mesmo assim foram 14 títulos, em 42 provas. Sendo que por opção, não participámos em várias provas: em nenhuma estafeta, e por exemplo a Marta Pen não correu os 800m...; e ainda temos alguns lesionados, como o Rasul Dabo... Já agora, espero que a Eva Vital não se tenha lesionado hoje, a queda na final dos 100m barreiras, foi feia...

200m: Yazaldes Nascimento - 21,20s
3000m obstáculos: Alberto Paulo - 8.50,58min
Altura: Paulo Conceição - 2,11m
Triplo: Nelson Évora - 16, 41m


7.ª Eusébio Cup

Benfica 0 - 1 Ajax

Concordo totalmente com o Jorge Jesus, foi de longe o melhor jogo da nossa pré-época. Se no jogo das equipas B, vencemos se calhar sem merecer, esta noite na Luz, foi ao contrário... Isto não quer dizer que está tudo bem, os três jogos anteriores, foram todos de baixo rendimento, portanto o facto de este ter sido melhor, não chega, mas é um indicador...
Não terá sido coincidência, o facto onze inicial já tenha tido praticamente 50% dos futuros titulares, uma grande melhoria em relação aos jogos anteriores... Mas ainda faltam jogadores fundamentais: os 2 Centrais, e os 2 Médios-centro... Depois ainda faltará o guarda-redes, e o parceiro da Lima, mas se mais ninguém sair, hoje já tivemos um cheirinho daquela que será a equipa...
Começamos bem, a criar perigo, mas a falhar, no final da 1.ª parte baixámos a pressão, e numa jogada confusa o Ajax marcou... No 2.º tempo, apesar das substituições a equipa não abanou, bem pelo contrário, até atacou mais, falhando alguns golos de forma inaceitável: Gaitán e Ola isolados!!!
Como já disse anteriormente, podíamos ter optado por escolher adversários acessíveis, e estaria tudo bem... O Ajax, mesmo com muita juventude, tem o seu modelo de jogo, sempre complicado, que dá espaço quando não têm bola, mas obrigam os adversários a correr muito atrás da redondinha!!! E nesta altura, às vezes as pernas, não obedecem à cabeça..!!! Por exemplo no dia do jogo com o Marselha, fizemos um treino matinal de 2 horas, e depois antes do jogo, mais 2 horas de treino...!!! Hoje, fisicamente a equipa pareceu mais solta, mas ainda falta muito...
O jogo serviu também para as estreias do Eliseu e do Bebé... e como eu antevi parece que o Jesus vai apostar no Bebé para o flanco, algo que me deixa ainda mais preocupado!!!
O João Teixeira continua a mostrar qualidade, mas quem o conhece sabe que ele não é um '6', é claramente um '8'... O Cancelo, está consciente que esta é a sua grande oportunidade, e está dar tudo, e reconheço que tem evoluído...
Faltam 4 jogos, antes da Supertaça, e vão ser 4 jogos muito importantes. Vão ser 4 jogos em 5 dias!!! 30 e 31 de Agosto na Suíça e 2 e 3 de Agosto em Londres!!! Com este calendário o Jesus vai ser obrigado a rodar todo o plantel, sendo assim será muito importante a recuperação dos lesionados: Luisão e Lisandro pelo menos...
No rescaldo imediato do jogo, fiquei também irritado da forma como a memória do Eusébio foi usada para tentar atingir a Direcção... Para quem tem memória curta, o Eusébio, o ano passado na derrota por 0-2 com o São Paulo, esteve presente... e por acaso até acho que jogámos bem pior nesse jogo!!!

Esta pré-época está a ser 'engraçada'!!! Confesso, que a cara de contentamento dos Lagartos e Corruptos agrada-me; eles lutam arduamente pelo título de Campeão da Pré-época, e isso deixa-me extremamente feliz!!! E não estou a gozar...!!!
Hoje, pareceu-me clara a evolução... por exemplo o Talisca hoje não marcou nenhum golo, e portanto os elogios que recebeu a seguir ao jogo do Estoril não vão aparecer, mas hoje jogou muito melhor. Falta resolver algumas coisas na composição do plantel: guarda-redes, central(?), mas principalmente temos que resolver a questão do Trinco (devido à lesão do Fejsa)... com o orçamento disponível não acredito na aquisição de um avançado que possa fazer a diferença.

PS: Parabéns ao Museu Cosme Damião pelo 1.º aniversário, com cerca de 60 mil visitantes.


sábado, 26 de julho de 2014

10 Campeões !!!

No primeiro dia dos Campeonatos de Portugal em Atletismo (títulos individuais), os atletas do Benfica conquistaram vários títulos, 10 para ser mais exacto, 9 nos masculinos e um 1 pela Mini-Marta!!!
100m: Yazaldes Nascimento - 10,36s
400m: Ricardo dos Santos - 46,36s
1500m: Miguel Moreira - 3.52,46min
5000m: Rui Pinto - 14.22,71min
10Km Marcha: Sérgio Vieira - 41.09,75min
Comprimento: Marcos Chuva - 7,66m
Vara: Diogo Ferreira - 5,67m
Dardo: Tiago Aperta - 69,36m
Peso: Marco Fortes - 20,62m

1500m: Marta Pen - 4.16,68min


Remontada no Seixal...

Benfica B 4 - 3 Ajax B

Não foi um grande jogo por parte do Benfica, além das muitas ausências (por lesão e não só...), notou-se algum cansaço nos jogadores que jogaram em Moscovo a meio da semana (3 jogos, em 3 dias!!!). Além disso nunca é fácil jogar contra equipas tão rotinadas e com excelente circulação de bola, como o Ajax... acaba inclusive por ser irritante andar atrás da bola!!! Este foi daqueles jogos onde o resultado foi melhor que  exibição... valeu pela atitude nos últimos minutos, que deu a reviravolta!!!
Depois do 1-3 (mais uma paragem cerebral do Carlos Martins!!!), não acreditei na reviravolta, mas com a entrada do Lolo, e principalmente com a entrada do Kevin Frisenbichler tudo mudou!!! O Austríaco entrou com as ganas todas, marcou um golo, e deu outro a marcar... E quando já se estava à espera do empate, num excelente contra-ataque, o Hélder Costa confirmou a remontada!!!
Foi pena o Dawidowicz ter jogado a Central, gostava de o ter visto a Trinco, mas pelo menos já percebeu como as arbitragens funcionam em Portugal, o Bruno Esteves 'mostrou-lhe' tudo, o Pawel bem protestou, mas com estes artistas, pouco se pode fazer!!!
Só tivemos 2 novidades na equipa, o outro foi o Frisenbichler, e só entrou ao minuto 72, mas convenceu-me!!! Espero que não fique muito tempo na equipa B... !!! Eu até gosto do Rui Fonte, é bom rapaz, teve azar com as lesões, mas é um daqueles pontas-de-lança da escola portuguesa: muitos bons nas desmarcações para 'trás' !!! Bom nas tabelas, nas recepções, mas depois dentro da área, não têm força, nem velocidade, nem instinto matador...!!! O Kevin Frisenbibhler é ao contrário: as linhas de desmarcação, os passes, os remates, as linhas de corrida, são sempre em direcção à baliza... agressivas, à procura do golo... espero que não o estraguem!!!

Jogaram: Miguel Santos (Theirry Graça, 45’); Nelson Semedo, Pawel Dawidowicz, Alexandre Alfaiate, Bruno Gaspar (Rafael Ramos, 45'); Rúben Pinto, Carlos Martins (João Amorim, 63'), Hélder Costa, Urreta (Lolo Plá, 70’), Gonçalo Guedes (Valdomiro Lameira, 89’), e Rui Fonte (Kevin Friesenbichler, 72’).

Recordo que faltaram: Fábio Cardoso, Lindelof, João Nunes, Valente, Serginho, Rebocho, Guzzo, Rochinha, Nuno Santos, Romário... e ainda talvez, o Varela, o João Teixeira, o Cancelo, o Bernardo...

PS: Os Juniores terminaram em 6.º lugar no torneio do Ruhr, na Alemanha, com uma derrota frente ao Schale 04 por 1-2.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Somos nós!

"O futebol, tal como o mundo, está longe de ser aquilo que queríamos. É o que é. E neste futebol, como neste mundo, há que fazer contas, pois os salários não se pagam com feijões, nem com juras de amor eterno.
Neste futebol ninguém joga pela camisola. Gente de diferentes latitudes procura que a cada passo na carreira corresponda gordura na conta bancária. Os empresários, os fundos e os passes repartidos, acrescentam vinagre a um prato já de si indigesto. E temos o mercado de transferências sobre a mesa. Temos o futebol moderno, de costas voltadas para tudo o que o popularizou. Lamento, mas não existe outro. Só há este, e, com os seus vícios e virtudes, continuamos a amá-lo. Por enquanto. O Benfica não lhe está imune. Terão sido cometidos erros nesta pré-temporada? Porventura sim, na forma de comunicar com uma massa adepta jovem, cada vez mais instruída, que exige perceber como, de que forma, e porque razão, são tomadas determinadas decisões. De resto, lutar contra a voragem dos tempos, e dos dinheiros, é como lutar contra a chuva. Lamento, mas é esta a verdade.
Quanto a jogadores, prevalece a velha máxima segundo a qual só fazem falta os que cá estão. Já vimos sair Di Maria, David Luíz, Ramires, Fábio Coentrão, Witsel, Javi Garcia e Matic, todos eles, a seu tempo, insubstituíveis. Sem eles, em Maio ganhámos tudo.
Agora sairão outros. Sem eles, teremos de voltar a ganhar. Iremos voltar a ganhar.
Insubstituíveis somos nós. E nós, sócios, jamais poderemos falhar com o apoio à equipa, ao clube, e a todos aqueles que o servem - compreendendo que é fácil criticar (a quem está de fora), sendo bem mais difícil decidir (a quem está de dentro). No dia em que o Campeonato tiver início, entraremos em campo com onze jogadores. Essa será a nossa equipa. Com ela, faremos a longa caminhada até ao 34.º título.
Depois virão outros, e mais outros, e mais outros. Mas nós…, nós estaremos sempre cá. Nós é que somos o Benfica. E o Benfica será tão forte quanto a união que demonstrarmos em seu redor."

Luís Fialho, in O Benfica

Bebé

Mais uma contratação anunciada pelo Benfica: Bebé.
É um jogador com atributos físicos acima da média: velocidade, força e técnica individual... mas, e é um grande mas, falta-lhe capacidade de decisão. Podem pensar que é só um pormenor, e que o Jesus pode solucionar o problema, mas muitas vezes a diferença entre um bom jogador, e um grande jogador, é exactamente essa capacidade: decidir bem, definir as jogadas, os passes, os remates... E se tecnicamente, tacticamente, e fisicamente os treinadores podem ajudar muito, esta capacidade de 'decidir' é muito mais complicado...
Também ainda não sabemos qual vai ser a posição que o Jesus vai escolher para ele. Pode jogar a extremo, ou a Segundo Ponta-de-Lança (o tal 9,5)!!! Pessoalmente, preferia vê-lo jogar no 'lugar' Rodrigo, pois a extremo, fica muito longe da área, e normalmente com vários defesas pela frente; no meio, perto dos Centrais, se conseguir passar por eles, em velocidade 1 ou 2 vezes por jogo, criará sempre grande perigo... Aliás, será nos jogos onde o Benfica vai jogar em contra-ataque, que o Bebé será mais útil...

A sua saída prematura para o Manchester United, foi um erro. Nunca se conseguiu afirmar em Inglaterra... as suas recentes passagens pelo Rio Ave, e o Paços de Ferreira, parece que o ajudaram a evoluir... marcou alguns grandes golos, fez alguns bons jogos... mas não deixa de ser uma aposta arriscada, que se fosse eu a decidir, não faria... mas, a partir da agora, terá todo o meu apoio...


Interessa é vencer no próximo dia 10

"Durante esta pré-época querem convencer-nos que o Benfica anda a vencer acima das suas possibilidades, e fazem todo o tipo de troikas para tal não continue a suceder. Mas dia 10, contra o Rio Ave chegaremos com a mesma vontade de vencer, disso estou inteiramente convencido.
Resultados menos conseguidos na pré-época têm uma grande virtude, não alimentam euforias e colocam adeptos e plantel no único caminho capaz de trilhar algum êxito, o do trabalho. De facto se há um inimigo do Benfica é a sua própria capacidade de se deixar levar pelas euforias que alimentam os inícios de temporada.
Nos últimos anos as nossas melhores épocas foram quase sempre conseguidas com discretos e trabalhosos inícios de temporada.
É sempre melhor ganhar, é sempre melhor jogar bem, mas o essencial é chegar aos jogos oficiais com a capacidade de não falhar.
Injusto seria não referir o talento do jovem João Teixeira: aquele 97 tem muito para apreender, muito para melhorar, mas não engana vai ser fera, crack a sério transpira classe e intui o jogo.
Até à Supertaça de Aveiro apenas desejo que Jorge Jesus e a SAD tirem as suas conclusões, façam as suas escolhas e projectem a nova época. No Benfica a luta é por títulos e os treinos servem para lá chegar melhor.
Eliseu que se falou vir para o Benfica quase tantas vezes, como Beto sair do Sporting para o Real Madrid, acabou por chegar com declarações em Espanha para agradar aos espanhóis e em Portugal para agradar aos benfiquistas. Desnecessário.
Eusébio Cup e Emirates Cup são palcos de prestígio nacional e internacional, mas o objectivo é mesmo ganhar dia 10 frente ao Rio Ave (que leva uma pré-época muito mais avançada), mais um título para continuar a... vencer."

Sílvio Cervan, in A Bola

Muito trabalho

"No ano passado, o Benfica conseguiu manter o essencial do plantel do ano anterior e com base na rodagem adquirida criar uma equipa vencedora, que ganhou tudo o que um ano antes não tinha ganho. Esta época, e como observou o próprio treinador do Benfica, «saíram mais jogadores do que o normal». Vi os novos jogadores do plantel, nos jogos da Taça de Honra, e fiquei com a convicção do que Jorge Jesus tem muito trabalho entre as mãos. A questão é que as saídas do plantel - até agora - não foram só em quantidade mas também em qualidade. Somos um pequeno País em crise permanente e nem a grandeza do Benfica pode resistir aos assaltos dos tubarões da alta finança futebolística.
O trabalho a fazer é, no essencial, o de construir uma equipa. O Benfica tem diversas hipóteses para cada posição, com algum défice de qualidade em relação ao plantel do ano passado, mas acima de tudo com um imenso trabalho de integração por fazer. E não seria de esperar que estivesse feito em 15 dias. Como não seria de prever que os novos jogadores tivessem assimilado as ideias, os objectivos, os métodos, a táctica do treinador Jorge Jesus. Vi o Benfica a jogar com Luís Filipe no lugar do Maxi, César e Benito nas vezes de Garay e Siqueira, Talisca, a fazer de Enzo, etc.
Vi e tranquilizou-me um tanto ouvir, no final, Jorge Jesus a comentar que tinha recolhido «boas indicações» das prestações dos reforços chegados à Luz como também dos jogadores da equipa B convocados para a pré-temporada de 2014/15.

Muito trabalho, muita afinação, muita insistência, muita preparação física, muito sacrifício, muita entrega, muita concentração. E muito mais do que tudo isto, em doses ilimitadas, muito respeito e muito amor por aquelas camisolas."


João Paulo Guerra, in O Benfica

Uma pré-época diferente na Luz

"Pela primeira vez desde que Luís Filipe Vieira manda no futebol do Benfica, o clube da Luz inicia uma temporada sob o signo do baixo astral. Houve épocas, especialmente antes de Jesus, em que o plantel não correspondia e qualidade - as equipas-maravilha, lembram-se? - e, mesmo assim, nunca faltou optimismo na casa encarnada. Hoje, por razões várias, a nação benfiquista vive a angústia de, no day after de uma temporada quase perfeita, não saber exactamente com que vai contar em 2014/15. Duas coisas, porém, parecem-me certas: A) O Benfica vai reduzir em muito a folha salarial; B) Vai realizar em encaixe sem precedentes.
E se toma estas medidas não será porque assim o deseja, mas porque a tal é obrigado...
Louve-se a lucidez de não querer viver acima das possibilidades, podendo hipotecar o futuro; assuma-se o desmantelamento de uma equipa que fica na história do clube; e, acima de tudo, pense-se no que falta para que o Benfica encare de frente a responsabilidade desportiva de estar no Pote 1 da Liga dos Campeões.
Os encarnados, se Gaitán e Enzo continuarem na Luz, precisam ainda, pelo menos, de um guarda-redes, um seis e um nove de nível internacional. Se os argentinos (o alguns deles) saírem, o estado de necessidade aumenta exponencialmente, uma vez que estamos a falar de duas unidades nucleares no conjunto de Jesus.
Para estas aquisições - de qualidade - o Benfica precisa de encontrar meios, sob pena de não só aprofundar a depressão colectiva dos adeptos, mas também de deixar o FC Porto - que está a praticar uma política de curtíssimo prazo, tão ousada quanto arriscada - fugir, e permitir a aproximação qualitativa do Sporting."

José Manuel Delgado, in A Bola

O estatuto

"Agora que chegou aos 60 anos, Jorge Jesus pode orgulhar-se de ter como treinador o que poucos treinadores têm: estatuto!

Jorge Jesus chega aos 60 anos com a fantástica felicidade como treinador de futebol de poder exigir que lhe seja reconhecida competência. Jesus é um grande treinador de futebol e um profissional de mão cheia. É determinado e apaixonado. Ambicioso e obcecado.
Podemos - e devemos - discutir o feitio, a personalidade, alguns comportamentos e algum discurso de Jesus. Mas não o , talento.
Jesus comete erros? Claro que comete. Cometeu-os e voltará, certamente, a cometê-los. Jesus toma sempre boas decisões? Claro que não. Escolhe sempre os melhores jogadores? Nem sempre. Acerta em cheio nas contratações? Às vezes.
Mas o talento de Jesus como treinador, esse é indiscutível.
Pode e deve Jesus reclamar, pois, louros. E mais do que os títulos que já conquistou na Luz, Jesus pode e deve reclamar, sobretudo, o louro de ter devolvido ao Benfica e aos adeptos o orgulho de ver bom futebol.
Os títulos são o essencial, pois claro, e no futebol quem não vence acaba, normalmente, esmagado.
Jesus já ganhou duas vezes o campeonato, mais uma Taça de Portugal, mais quatro Taças da Liga e ainda chegou a duas finais da Liga Europa, e isso ninguém lhe tira.
Mas fez, realmente, mais do que isso. Valorizou jogadores, potenciou-os, ensinou-os, tirou deles o que outros treinadores não conseguem e levou o Benfica a fazer, nos últimos cinco anos, mais de 250 milhões de euros de receitas em transferências.
Mais: Jesus nunca tirou os olhos do futebol de ataque e de construir equipas que só fazem bem ao futebol porque jogam o que os adeptos gostam.
E o futebol são quem o jogo e que o vê.
Jorge Jesus já deu, pois, muito ao Benfica, mas deve reconhecer que o Benfica não lhe deu menos. E deu-lhe, talvez, aquilo que mais raro é na vida de um treinador, sobretudo em Portugal: estatuto!
Em termos de resultados, a vida de Jesus tem sido na Luz uma montanha-russa. Campeão no primeiro ano, desaires sucessivos nas três Ligas seguintes, e o memoravelmente negro final de época de Maio de 2013 são dados suficientes para se perceber que o percurso esteve longe de ser cor de rosa.
O habitual no futebol é ver o treinador ser afastado após a queda, e é por isso que todos reconhecemos hoje o fantástico mérito do presidente do Benfica ao segurar Jesus.
É isso que dá estatuto a um treinador.
Ser reconhecido por ganhar é normal, como se sabe, dificílimo é o contrário. E Jesus pode orgulhar-se de ser dos poucos treinadores da história do futebol português a ver reconhecida a sua capacidade mesmo na hora de perder tudo.
Em Portugal, ninguém está cinco anos no mesmo clube e muito menos num dos grandes clubes.
Também ninguém renova o contrato de um treinador que tudo esteve para vencer e tudo perdeu.
É por isso que Jesus pode, hoje, afirmar convenientemente o seu estatuto de grande treinador e grande líder.
Que jogador chega hoje à Luz e se atreve a questionar o treinador?
Nenhum.
O presidente do Benfica não confiou apenas no treinador; deu-lhe condições de trabalho excepcionais; recrutou-lhe profissionais para todos as áreas técnico-científicas; contratou-lhe jogadores, e pagou-lhe um salário a condizer.
Além disso, ainda lhe deu tempo.
E no futebol, talvez o tempo seja o mais importante para um treinador.
Pôde Jesus criar raízes e pôde a raiz dar-lhe estatuto. O tal estatuto decisivo para o líder de qualquer equipa, muito mais de uma equipa de futebol.
No Benfica, e graças ao presidente, o treinador ganha ao nível de um grande jogador.
E bem.
No Benfica, o automóvel do treinador não deslustra no parque de estacionamento, bem pelo contrário.
É tudo isso que confere ao treinador o tal estatuto! Jesus pode ter nascido - e nasceu - para ser treinador de futebol mas também reconhecerá que é hoje melhor treinador do que era quando chegou à Luz. Mas não é só melhor treinador e um treinador com enorme talento; é um treinador com estatuto.
Isso é raro e deve saber bem.
Merece Jesus o estatuto que tem? Claro que merece, não apenas pela competência mas talvez até em particular pelo profissional rigoroso e dedicado que é.
Agora que vai enfrentar o maior desafio desde que chegou à Luz, o de reconstruir a equipa, mais do que nunca Jesus precisa da sua melhor receita, podendo, ao mesmo tempo, trabalhar desta vez sob a menor das exigências (sem tantas das estrelas do passado).
Está num clube que precisou manifestamente de inverter o caminho do investimento e deve apenas explicá-lo aos adeptos se não quer perder apoio.
Continuará com o objectivo de ganhar.
Vai ter muito trabalho, como ele gosta, precisa de ser audaz, estratega e de uma pontinha de sorte.
Mas sabe, mais do que nunca, que pode fazer valer o que poucos têm: o estatuto!"

João Bonzinho, in A Bola

Diz por aí... (plantéis)

"Disse Jorge Jesus, após o dérbi, que 'apenas trabalho não bastá, é preciso qualidade'. Frase certeira no momento apropriado, não apenas enquanto expressão do resultado frente ao rival, que tem de ser relativizado, mas sobretudo enquanto panorama realista do mercado de transferências e, em especial, das profundas alterações e turbulências que se abatem sobre os clubes mal a época termina.
Vivemos num tempo em que poucos são os clubes com sucesso no palco europeu que conseguem manter as suas equipas intactas. Quer se goste ou não, é uma realidade que nos ultrapassa e, como Luís Filipe Vieira tem reconhecido bem, devemos saber lidar com ela, sem complexos, quer do ponto de vista desportivo, quer financeiro. Penso, no entanto, que os clubes de sucesso - como indiscutivelmente o é o Benfica - que não se enquadram na restrita oligarquia de clubes europeus a quem o dinheiro nunca acaba, terão no futuro de encontrar mecanismos jurídicos, económicos e desportivos que permitam um grau razoável de continuidade face às épocas em que obtêm sucesso. Aliás, uma das razões para a prestação coerente do Sporting na final da Taça de Honra, tal como apontado pelo próprio Jorge Jesus, foi a escassa relevância das alterações face ao plantel da época anterior. Como é que isto pode ser feito? Que mecanismos poderão ser encontrados? A resposta não é fácil de ser dada, mas deverá ser encontrada algures entre formas jurídicas consistentes de acordo entre as federações de futebol ou os clubes - e não apenas dentro da tal oligarquia - e com a aplicação rigorosa de regras de fair play financeiro, tal como tem sido defendido aos quatro ventos pela própria FIFA mas posto em prática de forma muito pouco visível. O futebol precisa de livre concorrência, é certo. Mas precisa igualmente de integridade, justiça, transparência e fair play! É aí que a maravilha do trabalho realizado se casa com o sucesso desportivo."

André Ventura, in O Benfica

Hienas

"1. Há dez anos que as hienas rosnavam na sombra. Esperavam ver Scolari cair para lhe morderem as canelas até ao osso. As hienas do nosso futebol são curiosas. Barricam-se por detrás dos ecrãs de televisão, de páginas de jornal. São médicos, bêbados, cançonetistas desafinados, velhacos da má lingua, copiadores de livros alheios, cabeçudos sem escrúpulos. Há de tudo. Menos honestidade intelectual porque isso não lhes vale os cobres com que alimentam os luxos. É giro vê-los. À mais pequena amostra de sangue saltaram para a arena na perseguição da sua vítima. Cheios de coragem, agora que ela não pode dar-lhes pontapés nos focinhos babosos.

2. Por falar em focinhos: a fidelidade humana consegue por vezes ser maior do que a canina. Ao folhear um jornal, deparei com o curioso personagem chamado António dos Santos Reis, presidente da junta de freguesia de Ramalde, presidente da Beneficência Familiar e também da Cooperativa de Ramalde, entre outras minharias. Recusou-se o senhor em causa a receber um galardão que lhe foi atribuído pela Câmara Municipal do Porto, vá lá a gente saber a que título. E justificou a atitude como solidariedade com o presidente do FC Porto, dando-se ao luxo de assinar uma missiva em que dizia o seguinte pelo meio de várias babugeiras: «Os altos valores, princípios morais e ideológicos que me são inatos, não me permitem aceitá-la (...)». Isto dos altos valores e dos princípios morais e ideológicos é como água-benta: cada um toma a que quer. Mas que já vi altos valores e princípios morais e ideológicos mais altos e mais bem empregues, isso já vi. E menos caninos."

Afonso de Melo, in O Benfica

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Valha-nos San Gría (e um insulto aos feijões)

"Ninguém acredita nem os benfiquistas, que o Benfica consiga reunir uma equipa capaz de conquistar o segundo campeonato consecutivo. Ora aí está a boa novidade.

TAL como eu vejo as coisas não há jogos a feijões entre Benfica e Sporting seja em que modalidade for. Considero até tal pressuposto um intolerável insulto aos feijões.
Bem me lembro como fiquei feliz numa matiné carnavalesca no antigo cinema Monumental com a vitória do Benfica numa partida de futebol disputada no palco entre cãezinhos equipados a rigor com os jerseys dos dois emblemas rivais. Eu era uma criança, pois era. E há muitas coisas que mudam com o andar dos anos. Hoje, só a ideia de animais em espectáculos circenses me causa náuseas e revolta. Mas a ideia de ganhar ao Sporting, essa não.
Vem isto a propósito do jogo da final da Taça de Honra da AFL entre, praticamente, os dois rivais históricos.
Ganhou o Sporting. Olha que chatice. Era um jogo sem grande importância, apenas mais uns noventa minutos de preparação para a temporada que se avizinha, assim teimaram em defini-lo os responsáveis e os jogadores das duas equipas, desvalorizando o resultado. Isto tanto do lado dos vencidos como do lado dos vencedores.
Muito bonito, sem dúvida, tanta espiritualidade e tanto fair-play dos dois lados da Segunda Circular entre vencedores e vencidos. Mas para mim, não, não faz sentido tanto desprendimento da matéria.
A final da Taça de Honra foi transmitida pela Benfica TV. Há coisas estranhas. Tal como a organização do Tour legitimou o inglês como língua oficial da Volta a França - ah, como eu gostaria de conversar sobre estas novidades linguistas com Carlos Miranda, extraordinário repórter desta casa que durante anos a fio acompanhou o Tour... -, também a língua inglesa é a oficial na Benfica TV.
É verdade que os comentadores se expressam em português. Mas os gráficos inseridos, as informações escritas são em inglês. Assim ficámos a saber que o referee se chamava Rui Rodrigues, que o coach do Benfica e o coach do Sporting se chamam, respectivamente, Jorge Jesus e Marco Silva e que o goal da vitória do rival foi obtido por André Martins.
Modernices...
Quanto ao jogo, propriamente dito, o Benfica dominou toda a primeira parte e acabou por sofrer a poucos minutos do descanso. Na second half não houve goals e ainda bem porque o Sporting esteve sempre mais perto de marcar do que o Benfica. Aliás, fazendo um inútil esforço de memória não me consigo lembrar de nenhuma defesa protagonizada pelo guarda-redes do Sporting no jogo todo. E isto já é dizer muito.
O guarda-redes do Sporting não foi Rui Patrício, ainda em gozo de férias, mas sim Marcelo Boeck que teve uma noite santa ou uma saint night, como preferirem. Certamente que foi a ausência do Rui Patrício a explicação mais plausível para o veemente improdutividade do nosso Óscar Cardozo, o falha-penalties mais querido do mundo, ou o caça-osgas, como alguns de nós, mais assanhados gostam de o tratar. Com Patrício na baliza, Cardozo é sempre outra música. Esta é uma grande verdade.
Talisca, que jogara bem e marcara o golo da vitória sobre o Estoril, jogou poucochinho contra o Sporting. Não é para admirar depois de quarenta e oito horas de elogios e de primeiras páginas nos jornais.
Mesmo assim o brasileiro ganhou o troféu concedido ao melhor jogador da Taça de Honra 2014. Decisão, no entanto, bastante menos discutível do que o troféu para o melhor jogador do Mundial atribuído a Lionel Messi. Politiquices.

DE volta às politiquices. E ao Mundial. E às notícias sobre o assunto que ainda se vão lendo nos jornais especializados e não só. Como esta:
O nosso compatriota Pedro Proença acusou directamente Vítor Pereira, o presidente do Conselho de Arbitragem, de não ter mexido uma palha para que fosse ele, o árbitro português, e não um árbitro italiano a dirigir a final do Maracanã, tal como veio a suceder.
Que desilusão. E o pessoal a acreditar que era o mérito que comandava nestas nomeações operativas ao mais altíssimo nível. Não, não é. São os lobbies e o seu arrasto de tráfego de influências. O que nos vale é que em Portugal não se passa nada destas coisas.

CONHECI em tempos uma pessoa estrangeira e bastante aluada que julgava ser sangria um espanholíssimo Santo de altar e não uma bebida de verão, muito menos um exaurimento sanguíneo.
San Gría, julgava ele errada e maravilhosamente.
Basicamente, era um engraçado.
Sangria pode ser, na verdade, imensas coisas. Por exemplo, e no que diz respeito ao Benfica, a iniludível sangria da equipa do triplete é um exaurimento que se pode vi a revelar abençoado.
Como? Pois não sei se já terão reparado que a pressão da renovação do título - apanágio dos campeões - desvaneceu-se por completo. Basta ler a imprensa especializada. Ninguém acredita que o Benfica consiga reunir, em 2014/15, uma equipa capaz de conquistar o segundo campeonato consecutivo, coisa que não acontece há décadas. Nem os próprios benfiquistas tendem a acreditar nisso. O campeão que corre por fora, ora aí está a novidade.
É esta a tendência do verão de 2014. O FC Porto será campeão com uma equipa recheada de nomes feitos e de contratações sonantes dirigida por um treinador especialista em jovens. O Sporting será também campeão da verdade desportiva e não só. Quanto ao Benfica, népia. Ninguém lhe exija nada porque metade da equipa maravilhosa já bateu asas e voou.
Valha-nos, portanto, nesta temporada o nosso San Gría, o santo que vela pelos trambolhões montanha a abaixo que sempre se sucedem à lindíssima escalada montanha acima.

NUNO ESPÍRITO SANTO vai ter no seu Valência uma plêiade de jogadores muito, mas mesmo muito acima da média. As maiores felicidades para este jovem treinador português, é o que se deseja. Meteram-lhe um Ferrari nas mãos. Boa viagem, mister Santo. Estamos em maré de santos, não há nada a fazer.

COM o Marselha também não há jogos a feijões. Não tem a ver com o Olympique. Tal como, francamente, não tinha a ver com o Sporting na noite de domingo. Tem a ver com o Benfica. Com o Benfica não há jogos a feijões, ponto final.
Ontem assisti ao jogo numa esplanada repleta de benfiquistas saídos da praia. Desejavam, naturalmente, a vitória das nossas cores. Isto até ao jogo começar. Quando Gaitán fez o 1-0 mais se reforçou essa vontade de vencer. Depois, com o andar da carruagem e do resultado, acabaram todos por ficar felizes por razões estritamente políticas:
- Nesta altura, meus amigos, quando pior, melhor - diziam.
Eu percebo-os. E dou-lhes razão. Politicamente, em Julho, quanto pior, melhor."

Leonor Pinhão, in A Bola

Preocupado

" «Só trabalho não chega, é preciso qualidade», desabafou Jesus depois da Taça de Honra. Não quero ser céptico, nem estou virado para uma crítica fácil a que tem que decidir entre plantel e passivos. Mas estou preocupado.
Mudar tanto e tão depressa torna mais difícil reconquistar a hegemonia. Não basta um campeonato de vez em quando. Já houve a armada espanhola, a brasileira, a argentina, a sérvia e agora voltamos à brasileira. Um jogador da equipa B ou da formação dificilmente consegue entrar no lote dos eleitos.
Saiu Garay por um valor (total) igual a 10% do que custou o estouvado David Luíz ao PSG. Oblak mostrou o seu carácter mercenário e ingrato depois de uns meses a amadurecer no SLB (afinal a cláusula de rescisão não era de 20 milhões, mas de 16...). Siqueira foi à vida pelo anzol do Atlético de Madrid que se insiste em achar um clube amigo depois de aliciar Oblak, sem conversar com o Benfica. Markovic já voou. Diz-se que ficariam contrariados! Por essa via, qualquer dia não há jogador bom que estabilize no plantel, dada a sua unívoca relação com o dinheiro. Temo, ainda, por Gaitán e Enzo.
A merecer reflexão a constatação de que a maioria dos jogadores transferidos apenas passam pelo Benfica. Witsel, Markovic, Siqueira, Ramires, Maric (como titular) permaneceram um ano. Oblak, nem isso. Mesmo os que estiveram mais tempo, foram logo transferidos depois de moldados por Jesus: Di Maria, Coentrão, Javi Garcia, Rodrigo.
Entretanto já foram contratados 11 atletas (alguns estrangeiros para a equipa B!) e espera-se sentença para os transumantes (Lisandro, Fariña, Pizzi, etc, etc.).
Oxalá esteja enganado."

Bagão Félix, in A Bola