segunda-feira, 19 de maio de 2014

Uma época escrita a vermelho vivo

"Nos 12 países que lideram o 'ranking' da UEFA, apenas Bayern e Benfica lograram a 'dobradinha'. E ainda houve a Taça da Liga e a final de Turim...

O futebol está cada vez mais competitivo e exigente e, na mesma época, tornam-se raras as equipas com sucesso em múltiplas competições. Tomemos como ponto de partida os doze países com melhor ranking na UEFA, Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Alemanha, Rússia, Ucrânia, Bélgica, Holanda, Turquia e Grécia. Neste universo alargado, apenas dois clubes lograram conquistar Campeonato e Taça: Bayern Munique e Benfica.
Por aqui se vê a dimensão da proeza do emblema da Luz, que juntou a estes títulos, uma coroa mais, a Taça da Liga. E só não ganhou a Liga Europa por causa da maldição de Bèla Guttmann (que desta vez usou a falta de pontaria dos avançados benfiquistas e um árbitro de coração sevilhano como instrumentos...)
Hoje, ainda em cima dos acontecimentos, talvez seja difícil perceber a dimensão histórica do que o Benfica de Jorge Jesus acabou de conseguir. Trata-se de um marco na vida do clube que fará tanto mais sentido se tiver continuidade nas temporadas que se seguem. E, obviamente, esse é o grande desafio que agora se coloca à liderança de Luís Filipe Vieira. Do ponto de vista social, Benfica e FC Porto estão em momentos distintos, os encarnados sequiosos de inverter o ciclo portista, os dragões hesitantes e pouco confiantes quanto ao futuro. A forma como os adeptos dos dois clubes aderiram à temporada que agora findou mostra estados de espírito diferentes, que o Benfica deverá saber capitalizar. Como? Criando a linha de continuidade possível, sabendo-se da necessidade de vender alguns activos. Não será possível, aos encarnados, o esforço de manter todas as unidades nucleares, reforçando ainda o plantel. Mas, numa lógica de solidificação da hegemonia nacional e de afirmação na Champions (ir aos quartos-de-final da Liga Milionária representa um encaixe cinco vezes superior ao do vencedor da Liga Europa), o Benfica não deverá adorar uma política de ruptura total.
Quanto à época de 2013/14, que fica gravada a letras de ouro no livro de honra do Benfica, gostaria de identificar alguns momentos marcantes (pelo menos do meu ponto de vista): O primeiro foi, à segunda jornada, a vitória sobre o Gil Vicente, quando ao minuto 90+1 a equipa de Jorge Jesus perdia por 0-1; o segundo foi a entrada em cena de Oblak (do campeonato de De Gea e Courtois), em Olhão; o terceiro foi a vitória, para a Liga, na Luz, frente ao FC Porto, na semana da morte de Eusébio; o quarto foi a manifestação de superioridade sobre o Sporting, no 2-0 da Luz; o quinto foi a deslumbrante exibição de White Hart Lane; e o sexto foi a capacidade de sofrimento demonstrada, frente à Vechia Signora, na Juventus Arena.
Pinceladas em tons de vermelho que dilatam os tons de uma temporada com entrada directa no Museu Cosme Damião.

ÁS
Luís Filipe Vieira
Ontem foi festa. Hoje já é dia de dar continuidade à formatação do futuro do Benfica. Uma coisa Vieira sabe: o negócio do futebol só é rentável com triunfos. E sem bons jogadores não há crescimento nem lucro. Não é fácil a tarefa do presidente do Benfica. Entre a ousadia e o pragmatismo, está a virtude.

ÁS
Jorge Jesus
Triplete. E presença na final da Liga Europa. Uma época de sonho que serve de cartão de visita ao mais alto nível. Figura controversa e personalidade compleza, Jesus deve meditar no futuro e traça-lo de acordo com uma avaliação básica: tem mais a fazer no Benfica ou sente que o seu ciclo findou? Tem o destino na mão.

ÁS
Tiago
Ser campeão de Espanha ao serviço do Atlético de Madrid parecia, no princípio da época, num campeonato com Barcelona e Real Madrid, uma missão impossível. No entanto, entre o impossible is nothing e o yes we can, os colchoneros, com Tiago em grande destaque, tocaram o sonho. Pena é que tenha renunciado à Selecção...

(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

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