segunda-feira, 19 de maio de 2014

Protejam os jogadores

"Ponto final. O Benfica terminou ontem uma maratona de 21 jogos disputados em 71 dias. Não foram '10 num mês', não foram 'quatro nos próximos doze dias', nada disso, apesar de ter ouvido vários comentadores fazerem estas contas nas últimas semanas. Este calendário absurdo começou no dia 9 de Março e estendeu-se até 18 de Maio. Foram, repito, 21 jogos em 71 dias: competir a cada três dias, durante quase dois meses e meio. Se tal ritmo fosse 'normal', como também já ouvi dizer a quem não joga, os calendários não se estendiam por 10 meses. Afinal, o Benfica foi obrigado a disputar mais de um terço dos seus desafios em menos de um quarto do tempo que durou toda a época.
Em entrevista concedida ao 'Expresso', no fim de semana, o seleccionador nacional, Paulo Bento, advertia, a propósito da calendarização que federações e UEFA fazem de há uns anos a esta parte: 'Andam a matar os jogadores'. Ontem, no final da Taça de Portugal sublinhou: 'Os meus jogadores, na segunda parte, estavam mortos'.
Vale tudo. Nos dias de hoje, clubes, federações só pensam no dinheiro que podem sacar pelos direitos televisivos, 'a galinha que dá os melhores ovos de ouro'. Os jogadores são 'carne para canhão'. Assim, não espanta o que se passou em Espanha, onde o título foi decidido na última jornada (devido a derrotas inesperadas das melhores equipas, depois das meias-finais da Liga dos Campeões), com jogadores a deixarem o campo ainda na primeira parte com problemas musculares. Não espanta que Ronaldo e Messi tenham experimentado o maior período de lesões da carreira durante esta época. Elas não matam mas moem. E os craques, aqueles que têm de estar sempre lá dentro para clubes e selecções justificarem as verbas televisivas, começam a quebrar. Afinal, não são máquinas.
Ontem, no Jamor, Rúben Amorim 'rebentou' no início da segunda parte e saiu. Enzo fez a última meia hora em dificuldades evidentes. Na quarta-feira viu-se o mesmo em Turim, com jogadores do Benfica e do Sevilha a 'queimar' o que já não tinham no prolongamento. Os últimos jogos da época, aqueles em que tudo se decide, transformaram-se nos menos interessantes do ano. Mal jogados, sobretudo, porque os futebolistas chegam lá sem condições para competir ao mais alto nível.

P.S.: O que se passou no Estádio Nacional antes do jogo foi degradante: na tribuna, um político exultava com os investimentos deitos no 'moderno Jamor'. Lá em baixo, o povo sufocava e perdia os sentidos, devido a um sistema de entrada pior que o utilizado no século XX."

José Ribeiro, in Record


PS1: O jornalista escolheu o início de Março para fazer estas contas, porque foi a jornada imediatamente a seguir às partidas particulares das Selecções, mas podia fazer contas similares, a partir do meio de Janeiro, quando se estava a jogar a fase de grupos da Taça da Liga, e algumas eliminatórias da Taça de Portugal: foram 4 meses, com o Benfica a jogar, com 3 ou 4 dias, de recuperação, entre jogos!!!


PS2: Já falei deste assunto ontem, mas o caso é suficientemente grave para voltar ao assunto. Li, e ouvi, alguns a defenderem algumas teorias de conspiração, anti-Jamor!!! Sinceramente, não me parece que tenha sido isso que aconteceu. O que se passou, foi simplesmente, uma incapacidade de planeamento assustadora!!! O Topo Norte, e a Lateral Norte, do Jamor, não podem ter uma única Entrada...!!! São quase 15 mil pessoas, a entrar por uma única Entrada, com cerca de 8 torniquetes!!! Enquanto pelas outras entradas, entram em média cerca de 5 mil pessoas...!!! A solução mais simples, é aumentar o número de torniquetes na Praça da Maratona, lado Norte... A solução, mais cara, era abrir uma Entrada Norte, na parte de cima das bancadas, tal como existe no Topo Sul, com acesso através do Parque 2... Tinha-se que abrir caminho por entre a Mata...

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