quinta-feira, 1 de maio de 2014

Levando o recurso ao extremo

"Dando graças pelos dois golos de Lima ao Olhanense que permitiram ao Benfica resolver o título e, assim, relaxar intensamente.

FOI muito importante para o Benfica ter arrumado com o campeonato no domingo de Páscoa, a 20 de Abril, triunfando sobre o Olhanense e recuperando o título que lhe fugia há três temporadas.
Foi já campeão, tranquilo e feliz, que o Benfica partiu para as eliminatórias com o FC Porto, a contar para a Taça da Liga, e com a Juventus, a contar para a Liga Europa. Faz toda a diferença e fez toda a diferença.
A questão com o FC Porto decidiu-se no último domingo no Dragão a favor das nossas cores e a questão com a Juventus, incomparavelmente mais difícil, ficará decidida esta noite em Turim onde o Benfica chega com um resultado muito magrinho ainda que honroso e motivador.
Não tivesse o Benfica ganho ao Olhanense a 20 de Abril, como lhe competia, e tivesse adiado a decisão do título para o jogo com o Vitória de Setúbal, no próximo domingo, certamente que não se teria apresentado tão descontraído e confiante quer na recepção à Juventus quer na deslocação ao Porto.
Antes pelo contrário, teria sido um Benfica nervoso, instável e crente em bruxas, obrigado a esperar quinze dias de angústia pelo jogo com o Vitória sadino na Luz, tendo sempre em mente o jogo com o Estoril na Luz na temporada passada.
E neste estado de espírito, com a prioridade número um em suspenso, dificilmente conseguiria o Benfica concentrar-se para resolver a contento a sua prioridade número quatro (o acesso à final da Taça da Liga) ou partir para Turim ainda confiante do que a sua prioridade número dois (ou três, conforme se preferir) poderá até ter um final feliz com o acesso a mais uma final, neste caso europeia, o que é sempre chique.
Certo, certinho é que o Benfica vai estar na final da Taça de Portugal no dia 18 de Maio tendo pela frente a valorosa equipa do Rio Ave. Por isso, para mim, a Taça de Portugal é a prioridade número dois. E também porque faz muitos anos que o meu clube não ganha as duas mais importantes competições nacionais e, francamente, até já parece mal.
Dando graças pelos dois golos de Lima ao Olhanense que permitiram ao Benfica resolver o título e, assim, intensamente relaxado, continuar a alimentar o sonho de uma época de sonhos, preparemo-nos, intensamente relaxados, para tudo o que vier.
E «tudo virá a seu tempo de tivermos a capacidade de esperar», como dizia Joseph de Villèle que foi um ministro francês do século XIX. Do período da Restauração, naturalmente.

ENTRE a final da Taça da Liga, a 7 de Maio, e a final da Taça de Portugal, a 18 de Maio, o Benfica voltará ao Dragão a 11 de Maio para fechar o campeonato num jogo que nada decide porque já está tudo decidido.
Voltará, certamente, Jorge Jesus o gestor do ano, a apresentar na casa do ainda campeão em título uma equipa de recurso como o fez no último domingo. Levando o recurso ao extremo, pode até fazer entrar em campo uma equipa já só com 10 jogadores. Poupar-se-la assim a maçada de mais uma expulsão entre os vinte minutos e a meia  hora de jogo. Por mim, nada a obstar.

PARECEU-ME manifestamente exagerado o burburinho anti-UEFA e anti-Platini decorrente da queixa apresentada pela Juventus procurando o impedimento de Enzo Pérez para o jogo desta noite em Turim.
No fim de contas a UEFA validou a presença do argentino em campo e é caso para se dizer que, pelo menos na secretaria, a coisa começou por nos correr de feição. O que não é muito habitual a este nível internacional.
Em 1988, quando o Benfica jogou a final da Liga dos Campeões com o PSV Eindhoven, a UEFA limpou surpreendentemente o castigo que impediria Ronald Koeman, à época o melhor jogador dos holandeses, de defrontar o Benfica em Estugarda.
Ou seja, neste capítulo da secretaria, até estamos a melhorar. Registe-se com agrado.
Fosse o Enzo Pérez um jogador banal, certamente que a Juventus não se preocuparia em pô-lo fora de acção. Fosse o Benfica uma equipa medíocre, certamente que nada disto se teria passado.
Entendamos, portanto, esta manobra legítima da Juventus como uma homenagem a Enzo Pérez e ao Benfica. Eu entendo-a assim e não lhes levo a mal.

VOLTEMOS à nossa querida Taça da Liga. E ao jogo com o FC Porto que terminou de forma absurda com a expulsão de Folha que foi um excelente jogador e que hoje é adjunto de Luís Castro. Folha foi expulso já o árbitro tinha apitado para o fim e foi expulso pela intensidade dos seus protestos.
E que protestos?
Protestou Folha, muito transtornado, porque tendo o árbitro concedido 3 minutos de tempo extra resolveu acabar com o jogo quando ainda faltavam 17 segundos para se completarem os tais 3 minutos.
Em termos de relógio, dou inteira razão a Folha. Três minutos são três minutos, não são 2 minutos e 43 segundos.
Em termos de futebol, não dou razão a Folha. Porque a uma equipa, a do FC Porto, que em três eliminatórias (uma com o Sevilha e duas com o Benfica) jogou 2 horas e 40 minutos contra 10 adversários num total de 4 horas e 30 minutos de futebol, até fica mal exigir mais 17 segundos contra 10 para, pelo menos, poder sorrir uma vez.

NA noite de terça-feira, Cristiano Ronaldo marcou dois golos em Munique o que somado aos dois golos marcados por Sérgio Ramos perfez uma goleada daquelas bem sonoras e que ficam para a lenda da Liga dos Campeões.
O segundo golo do madeirense aconteceu ao cair do pano na cobrança de um livre directo. Previa-se um tomahawk típico do reportório do melhor jogador do mundo. Bola disparada a mil a sobrevoar a barreira em direcção à baliza de Manuel Neuer, enfim, o costume.
E, por isso, tudo a saltar! Tudo a saltar na barreira do Bayern e Cristiano Ronaldo, sádico, a cobrar o livre com a bola a passar rentinha à relva por baixo das botas dos alemães. Lindo!
Choveram elogios dos quatro cantos do mundo ao engenho e arte do português. Mais do que merecidos. «Um lance só ao alcance de um predestinado!»
Ouviste, Óscar Cardozo?
És um predestinado, nem mais nem menos!
Ou será que não se lembram que foi exactamente da mesma maneira, rente à relva, que o nosso paraguaio marcou, na cobrança de um livre, o primeiro dos seus três golos Sporting num jogo em Novembro a contar para a Taça de Portugal?
Tudo a saltar! Tudo a saltar!

FÁBIO COENTRÃO ficou no coração dos benfiquistas. São coisas que não se explicam. Ou se fica ou não se fica. Coentrão ficou.
A meio do mês passado, numa quarta-feira de boa memória em que o Benfica recuperando de um resultado negativo afastou o FC Porto da final da Taça de Portugal, nessa mesma quarta-feira em que o Rio Ave também se qualificou para o Jamor a expensas do Sporting de Braga e tudo isto enquanto, em Valência, o Real Madrid conquistava a Taça do Rei numa final com o Barcelona, ouvi muitos benfiquistas proclamar com enorme satisfação:
- Hoje o Coentrão fez o triplete! Ganhou o Real Madrid, o Benfica e o Rio Ave!
Está bem visto, sim senhor.
Tem sido um prazer ver Fábio Coentrão em grande plano neste Real Madrid de Carlo Ancelotti, jogando que se farta, sentando Marcelo no banco, calando as más-línguas merengues, dando sólidas garantias a Paulo Bento quando se aproxima o Mundial.
Coentrão em festa, onde quer que esteja, é sempre um bocadinho uma festa também nossa. Nasceu entre nós uma amizade e não foi por acaso."

Leonor Pinhão, in A Bola

1 comentário:

  1. vasculhei a internet toda à procura desta crónica: obrigado!

    Continua!

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