segunda-feira, 5 de maio de 2014

270 minutos

"O Benfica tem pela frente duzentos e setenta minutos de finais. Como escreveu Miguel Zamora «sem fé, o futuro era uma ilusão»!


1. Hoje, à tarde, o Estádio da Luz viverá, no fervor legítimo das suas bancadas bem coloridas, o seu penúltimo jogo oficial da presente época desportiva. Mas o último que envolve o Benfica. Com transmissão natural na Benfica TV. O campeão voltou! E acolherá um Vitória de Setúbal bem liderado por José Couceiro e com um conjunto de jogadores, bem jovens, que merecem particular atenção e acrescido respeito. E veremos, desde já, e na sua envolvência, um conjunto significativo de alterações que preparam o ambiente para a realização, no centenário da nossa Federação, da final da Liga dos Campeões. O jogo que encerra a época. De hoje a vinte dias Lisboa será a capital do futebol europeu e a montra global da indústria, bem capitalista, do futebol mundial. Os dois grandes clubes de Madrid arrastarão a Lisboa milhares de adeptos. Por terra e pelo ar. E pelos carris! E nós teremos o gosto e a satisfação de acolher Cristiano Ronaldo e Pepe, Bale e Diego Costa e, em particular, dois nomes que o mundo benfiquista não esquece e que são Fábio Coentrão e Tiago. Nas próximas duas semanas o Estádio da da Luz passará a ser o Estádio da UEFA. É uma honra para o Benfica, para a nossa Federação e para Portugal! Mesmo que alguns intelectuais não gostem nem de futebol nem das suas tertúlias. Como nós poderemos não gostar, ou estar cansado, das suas repetidas afirmações!


2. Mas o Benfica tem pela frente duzentos e setenta minutos de finais. Como escrever Miguel Zamora «sem fé, o futuro era uma ilusão»! Tenho fé nestes noventa vezes três. Nestas três finais que nos esperam. Duas em Portugal. E ambas contra o mesmo adversário, o Rio Ave. A primeira decorrerá já na próxima quarta-feira em Leiria e nela estará em causa a conquista da Taça da Liga. Taça que o Benfica sempre respeitou e que merece continuar no calendário desportivo português. Só merece mais carinho e, logo, ser apetecível para os potenciais patrocinadores. A segunda final decorrerá no emblemático Estádio Nacional. Será de hoje a quinze dias. E com os primeiros minutos a serem transmitidos pela RTP a preto e branco. Recordando outros tempos do futebol. E acompanhado o centenário da Federação Portuguesa de Futebol. E dando sinal que o mundo mudou. É que eu sou filho de uma televisão que era única. Era à sua volta que se reunia a Família e assistia, em conjunto, aos programas. Fui criança com a televisão a preto e branco e assisti à guerra do Vietname, à chegada do homem à Lua, à presença de Portugal no Mundial de 66 e às duas primeiras finais europeias do Benfica. Eu cresci e comigo cresceu a televisão. Mais tempo de emissão. Outro canal, primeiro o dois. De preto e branco passou a cores. Deixou de ser única e passou a ser múltipla. Canais privados. Canais temáticos. Canais de todo o mundo. E, agora, até programamos o nosso tempo de televisão. O que significa, na linha de uma frase célebre de Barak Obama que, sim, nós pudemos. Frase que deu lugar a uma canção interpretada pelos Black Eyed Peas e que, de certa forma, - assumo a ousadia! - representou o caminho do Benfica nos últimos meses. Caminho que envolveu humildade - reduzindo a euforia - sofrimento, convicção, paixão, fidelidade a um modelo e sentimento de equipa. E é este caminho que nos trouxe de Turim e que nos levará, no próximo dia 14, de novo, à bonita cidade que chegou a ser, no final do século XIX, capital de Itália. Ali fomos felizes, muito felizes, na quinta-feira passada. Com sofrimento como vimos em Garay. Com fidelidade a um modelo com sentimos no momento da expulsão de Enzo Pérez. E com a convicção que irradiava de Luís Filipe Vieira ao arranque do jogo: «Acreditai que voltaremos a este Estádio neste mês!» Ali regressaremos. Com ânimo. Para disputar, frente a um Sevilha com a fúria da Andaluzia espanhola, a final da Liga Europa. Para desgosto, com insultos, de alguns furiosos adeptos da Juventus. Como bem senti na passada quinta-feira, perto das onze da noite, em Turim! Mas logo a seguir reli uma reedição de um livro de Tim Parks que nos relata a Itália através do futebol. Dos seu calcio! Que relato!

3. O Benfica desta época, mesmo faltando estes duzentos e setenta minutos - sem prolongamentos! - é um dos exemplos da tripla liderança. Liderança do seu Presidente. liderança do seu treinador. Liderança dos seu capitão. Liderança, individual, liderança de equipa e liderança organizativa. Aquilo que em termos empresariais determina, e impõe, o fluir, o in-fluir e o con-fluir! O que nos leva a Menandro quando escreveu que «quem tem vontade, tem força»! Muita força!

4. (...)"

Fernando Seara, in A Bola

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