sexta-feira, 28 de março de 2014

Amibas

"1. Sempre me fez espécie a canina adoração que algumas figurinhas devotam ao Madaleno. A vacuidade da personagem e a sua convicção de que vivemos num mundo em que a lei vale tanto como a Oeste de Pecos (e em Portugal vivemos mesmo!) faz-me crer que os seus apóstolos têm a consistência intelectual de uma amiba que, como sabemos, não prima pela complexidade do raciocínio.

2. Mais estranho é ver que há quem queira copiá-la, no tiques de caudilho e na propagação das arruaças. Seria divertido se não fosse triste. Este espalhafato diário do presidente do Sporting, que fala por tudo e por nada e ameaça por nada e por nada, traz-me à memória um exemplo botânico: o tropismo. Só com uma variante, neste caso: não necessita de estímulos. Como dizem os brasileiros: há gente que em silêncio é poeta...

3. O presidente dos árbitros - o tal que o presidente do FC Porto queria deixar de cócoras no Estádio das Antas - teme pela vida e saúde dos seus rapazes. A saúde sabemos que não se recomenda - e as baixas estão directamente ligadas à inconveniência dos jogos. Quanto à preocupação do personagem: deve ser esse o motivo que o leva a publicar as nomeações logo à terça-feira. Sempre fornece mais uns dias de trabalho aos energúmenos que gostam de destruir talhos."

Afonso de Melo, in O Benfica

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