segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Golo ao minuto 13, tinha de ser, não é?

"Eusébio não ouviu os que não respeitaram o 'seu' minuto de silêncio. Toda a gente sabe que vozes de burro não chegam ao céu...

Estádio da Luz cheio como um ovo para ver o clássico que encerrou a primeira volta da Liga 2013/14, ao mesmo tempo, dizer adeus a Eusébio (como se isso fosse possível...), ou seja, uma tarde de emoções fortes. Aos jogadores de Jorge Jesus a nação encarnada exigia uma vitória, em nome do Rei, e esta acabou por concretizar-se, categórica. Na tarde em que todos foram Eusébio (feliz a ideia de colocar em todas as camisolas benfiquistas o nome do King), nenhum jogador encarnado se cortou, primando (se calhar sem o saberem) pela entrega que esteve na base da expressão, velha de muitas décadas, jogar à Benfica.

O MINUTO 13
Rodrigo coloriu o placard, com um pontapé eusebiano, quando o relógio de Soares Dias navegava pelo 13.º minuto. Devia estar escrito nas estrelas que o número 13 tinha de ficar associado à tarde do adeus, na Luz, a Eusébio.
No Mundial de 19966 os números dos jogadores da Selecção Nacional foram sorteados e a Eusébio calhou o 12. O King não gostou e pediu a José Augusto, que tinham ficado com o 13, para trocarem. E assim foi, Eusébio não quis saber da crença de azar associada ao 13 e foi com esse dorsal que conquistou Inglaterra.
Ontem, foi ao minuto 13 que o Benfica passou para a frente no marcador, em homenagem, tenho a certeza, ao número 13 mais famoso de sempre: Eusébio.

O MINUTO 71
Passava o minuto 71 (foi com 71 anos que Eusébio se despediu da vida terrena) quando o estádio da Luz explodiu, cantando, «Tu és o nosso Rei, Eusébio». Foi mais um momento intenso, quiça para entrar na rotina dos adeptos encarnados, uma tradição que pode ter começado ontem, forma eficaz de homenagear o King em todas as partidas.

O MINUTO 90+3
Quando acabou o jogo, os futebolistas de Benfica e FC Porto, que durante a partida souberam respeitar-se, trocaram camisolas e cumprimentos, num exemplo de fair-play que só pode ter agradado a Eusébio. E nem algum ruído durante o minuto que se queria de silêncio deve ter incomodado o King, até porque vozes de burros não chegam ao Céu.

(...)

EXEMPLO
Em todo o processo decorrente da morte de Eusébio, o Sporting comportou-se com inexcedível elevação. E o comportamento australopiteco de uma minoria, no Estoril, não deve beliscar, minimamente, a nação leonina. Aliás, como imagem prova, Eusébio sempre respeitou o Sporting (até mal-entendidos foram, em tempo útil, resolvidos). A ponto de não hesitar em envergar o jersey verde-e-branco, que trocou com o seu irmão Hilário da Conceição (uma das maiores figuras da história do Sporting), após uma final da Taça de Portugal.


Vale a pena lembrar e relembrar
«Eusébio não foi apenas um dos melhores jogadores de sempre. Foi um desportista, como provou ao aplaudir Alex Stepney pela sua defesa na final da Taça dos Campeões Europeus...»
Sir Bobby Charlton, ex-jogador do Manchester United
A três minutos do fim do tempo regulamentar da final da Champions de 1968, (Wembley, Manchester United-Benfica), Eusébio isolou-se e disparou fortíssimo. Stepney, guarda-redes dos red devils, fez a defesa de uma vida e o jogo foi para prolongamento (que os ingleses venceram). Naquele instante, que fez Eusébio? Bateu palmas a Stepney...

(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

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