quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Engarrafamento

"Em anos anteriores, as especulações sobre contratações do Benfica no mercado de Inverno eram imparáveis. Umas capas de jornais passadas, lá assinava um par de jogadores que, com raras excepções, acabava por se revelar redundante – é preciso ter muito boa memória para nos recordarmos de boas contratações em Janeiro. Este ano parece diferente: a entrada de novos jogadores é pouco provável. Há boas razões para que assim seja. Mas há também um engarrafamento de jogadores no plantel do Benfica que é motivo de preocupação.
Um plantel como aquele que o Benfica tem este ano, com muitas soluções para quase todas as posições, acabou por ser muito importante na primeira metade da temporada. Com um sem-número de lesões, não fora a existência de tantas alternativas, o Benfica estaria arredado da luta pelo título. Logo, a principal razão para não contratar alguém é porque o Benfica tem um plantel que peca por excesso e não por defeito. Depois, é claro, a conjuntura financeira está longe de ser propícia a investimentos.
Mas o excesso de jogadores, tendo sido salvífico nestes meses, em condições normais, não é positivo: frustra as expectativas de quem não consegue ter minutos de jogo e, acima de tudo, impede a afirmação de novos jogadores.
Quando não existia equipa B e se perdia o rasto aos jogadores saídos da formação, a margem para contratar jogadores e mais jogadores – muitos de qualidade hiperduvidosa – era muita. Agora já não é bem assim.
Pense-se apenas no caso da posição de médio-centro atacante (8 ou 10, como lhe quisermos chamar). Neste momento o Benfica tem um titular indiscutível, Enzo Pérez, mas logo depois tem demasiados jogadores jovens em fila de espera – Djuricic, André Gomes, Bernardo Silva e ainda, convém não esquecer, Fariña a rodar nos Emirados Árabes Unidos. A consequência é apenas uma: marcam-se uns aos outros e fica diminuída a capacidade de afirmação de, pelo menos, um deles.
Se nada mais, o contexto financeiro deveria obrigar a que racionalidade desportiva e económica passassem a andar de braço dado e se colocasse fim ao engarrafamento no Seixal."

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