sexta-feira, 4 de outubro de 2013

«A canalha varre-se!»

"1. Tenho na minha vida pessoal demasiados exemplos negativos para poder criar uma boa opinião dos polícias. Como em todas as profissões há gente educada, convicta que a farda que veste é uma responsabilidade, dedicada ao seu verdadeiro oficio - servir as pessoas. Depois há outros - aqueles para quem a farda e o crachá são sinónimos de prepotência. Descarregam sobre os incautos a frustração de personalidades medíocres e mal formadas. Uma vez assisti a um ministro da Administração Interna justificar em directo, na televisão, as cargas policiais sobre manifestantes que, ao tempo, eram uma espécie de pão nosso de cada dia. Dizia a cavalar figura. «A canalha varre-se!» De outra vez, vi no Terreiro do Paço um grupo de polícias varrer à bastonada e com jactos de água outro grupo de polícias. De que lado estava a canalha?
2. Tenho na minha vida pessoal demasiados exemplos negativos para poder criar uma boa opinião dos juízes. Sobretudo aqueles que se instalaram a «Oeste de Pecos», esse território sem lei que se espalha nas margens de um rio bem mais lamacento do que dourado. Nos dias que correm, qualquer um é juiz - crianças de colo, imberbes impreparados, garotos sem qualquer conhecimento da complexidade da vida e da essência da condição humana. A justiça deixou de se escrever com letra maiúscula.
3. Lembrei-me, não sei porquê, que um jogador do FC Porto foi castigado com três jogos de suspensão por ter agredido barbaramente um «steward». E por mais que o copiador-de-livros-alheios ou o plumitivo-televisivo queiram desmentir os factos, há o testemunho de outro agressor, um romeno regressado à Roménia, que pediu desculpa pela cena degradante da qual fizera parte.
4. Também foi um polícia, embora à paisana, o responsável pelo incêndio das bancadas da Luz.
5. Mudar a data de nascimento não é apenas uma trafulhice ordinária como revela uma extrema estupidez. Talvez mude a minha, um destes dias. Para 1910. Só para provar que posso viver mais de 100 anos..."

Afonso de Melo, in O Benfica

1 comentário:

  1. patriarca disse:


    Mais uma vez O GRANDE Jornalista Afonso de Melo nos "Brinda" com as suas lautas palavras, honestas, sábias e enriquecedoras de uma nobreza que há muito fazem falta a determinados indivíduos que se passeiam por esses meandros obscuros, mas que se "afirmam" de jornalistas, que dizem ter "cartão profissional, e certamente o têm, mas a forma com que o adquiriram é que não é de certeza, tal como eles, honesta, dada a sabujice com que estão atolados.
    Continua Afonso de Melo porque fazes bem ao Benfiquismo e enquanto estamos entretidos a ler as tuas humoristas, limpas e verdadeiras palavras que consegues colocar, esquecemo-nos momentaneamente das agruras da vida e em especial das que o nosso Benfica nos tem feito nos últimos tempos, porque coração Benfiquista sofre e muito e são as verdades que tu escreves que nos ajudam a relevar determinadas situações e vermos a realidade de forma mais objetiva.

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