segunda-feira, 29 de julho de 2013

A minha primeira visita aos gloriosos troféus

"Na semana de 15 a 19 de Janeiro de 1979 fui um benfiquista em apuros. Queria um bilhete para assistir ao jogo, na Saudosa Catedral, referente à 17.ª jornada (segunda na segunda volta) do campeonato nacional a realizar no domingo, 21 de Janeiro, frente ao FC Porto e a lotação estava esgotada. Alguém que sabia do assunto disse-me que já só havia bilhetes de sócio. Mas para ter acesso a esses bilhetes tinha de ser associado do Clube. Na sexta-feira, em 19 de Janeiro de 1979 tomei uma resolução que seria para toda a vida. Inscrever-me como associado do "Glorioso". Como não conhecia nenhum associado dirigi-me à Secretaria, onde no último andar um empregado (também sócio do Clube) fez o favor de ser o meu sócio proponente. Inscrevi-me como associado do Benfica, comprei o "rectângulo mágico" para domingo que tinha inscrito "Dia do Clube" e recebi um conselho do meu desconhecido "sócio proponente" do tipo (cito de memória), «Não quer visitar a sala de troféus? Fica no piso de baixo!» Assim fiz. Dirigi-me a um empregado que estava no salão dos bilhares e ele encaminhou-me para uma porta ao fundo que dava acesso a uma outra porta que se abriu. Quando ligou a luz fiquei esmagado e orgulhoso. É uma imagem que nunca mais esqueci, já lá vão mais de 34 anos! Arrepiante! A luz, qual sol, iluminou um mar prateado de taças e troféus infindáveis. Ondas e ondas de troféus, quais vagas de mar encapelado, sobrepostos em anfiteatro encarnado, cintilavam perante o brilho da luz ensolarada.
No chão, o cinzento fazia realçar o pano vermelho onde brilhavam os troféus prateados e dourados. Senti-me um príncipe num harém. Estava incrédulo perante uma grandeza avassaladora. E ao mesmo tempo orgulhoso em pertencer como associado, ainda que há um par de minutos, a um clube que tinha tamanha grandeza, que eu, benfiquista desde pequeno e desde a Figueira da Foz, nem sonhava ser tão gigantesca. Ao mesmo tempo, começaram-me a "tremer as pernas". Na minha ingenuidade dos 18 anos, feitos há pouco tempo, pensei: "Se agora sou sócio do Benfica, como é que vou assegurar ou contribuir, com a minha quota-parte para manter esta grandeza! Que responsabilidade!"
O guia (que mais tarde, quando comecei a interessar-me pela história do Clube soube ser Álvaro Curado) talvez vendo-me tão atrapalhado (certamente, de boca aberta e olhos arregalados de espanto) para "complicar a minha vida" disse-me (cito de memória): «Veja como o apego dos sócios ao clube e o empenho dos atletas têm conseguido trazer tamanha glória. Estão aqui as nossas relíquias.» Percebi rapidamente! O Benfica era o Benfica! De clubes só conhecia (por dentro) o GD Graça, clube do bairro onde vivia! Ser sócio do Benfica era muito mais que "conseguir com mais facilidade" um lugar na bancada do estádio da Luz ou comprar bilhetes mais baratos para "ir à bola"! O Benfica era "Glorioso"!
(...)"

1 comentário:

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
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