terça-feira, 2 de abril de 2013

Protecções

"Há duas semanas, neste mesmo espaço, recordei que o FC Porto, nas temporadas de 39/40 e de 41/42 deveria ter disputado o Campeonato da II Divisão, não fosse a generosidade da Federação Portuguesa de Futebol, que procedeu a dois cirúrgicos alargamentos apenas com o intuito de beneficiar o clube do Norte. Ainda assim, é daquela latitude que mais se ouvem recorrentes acusações ao Benfica, sobretudo no período que antecedeu o 25 de abril, só possível em mentes perversas e demagógicas, já que a vida demonstrou à saciedade quão falaciosas são as acusações portistas.
Outro exemplo? No dia imediato ao da conquista da primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus, ganha ao Barcelona, foi a equipa de reservas que se viu obrigada a disputar, em Setúbal, os quartos-de-final da Taça de Portugal, após inacreditável sentença do mais importante órgão institucional do Futebol português. O Benfica, que havia ganho 3-1, na Luz, foi batido, por 4-1, em Setúbal, com a inevitável eliminação da prova. Foi o segundo jogo oficial de Eusébio, que marcou o golo e desperdiçou um penálti, defendido pelo guardião Mourinho (pai do técnico do Real Madrid). Quem mais jogou? Ramalho, Sidónio, Pinto, Maximiano, Amândio, Humberto Fernandes, Nartanga, Jorge, Espírito Santo e Inácio. Enquanto isso, entre outros, Costa Pereira, Germano, Coluna, José Augusto, Santana, Águas e Cavém viajavam de Berna.
Essa edição da Taça de Portugal só teve um pormenor pitoresco. Disputada nas Antas (na Luz nunca na história se realizou nenhuma), permitiu ver o Leixões conquistar o troféu no covil dos dragões-que-nessa-altura-ainda-não-eram-dragões. Como aconteceria, vinte anos mais tarde, quando um golo de Carlos Manuel deixou o anfiteatro portista em silêncio e concedeu ao Benfica o direito de exibir mais uma Taça de Portugal nos seus ricos escaparates."

João Malheiro, in O Benfica

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