terça-feira, 23 de abril de 2013

João Capela: o último saco

"Ponto prévio: não gostei do trabalho de João Capela no dérbi entre Benfica e Sporting. E não gostei porque não marcou faltas evidentes (entre as quais pelo menos uma grande penalidade de Maxi Pereira), esqueceu-se de mostrar cartões obrigatórios, transformou pontapés de baliza em cantos e cantos em pontapés de baliza e ainda deixou dúvidas em pelo menos uma situação de fora-de-jogo. Basicamente, o árbitro pretendeu passar despercebido e acabou por ser vítima disso mesmo.
Posto isto, e admitindo que o Sporting tem claramente mais razões de queixa do juiz lisboeta, quero dizer que é absolutamente exagerado ver, de repente, tudo e todos a “malhar” num árbitro que, antes de mais, foi atrás daquilo que é, desde sempre, um pedido generalizado de jogadores, técnicos, dirigentes e até comentadores. Em teoria, o mundo do futebol defende arbitragens com poucas paragens, onde o contacto físico seja uma realidade e não uma infracção. Porém, quando a teoria passa à prática... tudo se altera. Tudo ou quase. Quem ganha assobia para o lado, quem perde não se cansa de protestar. Sempre assim foi, sempre assim será.
O estilo britânico que Capela adoptou não foi, obviamente, uma grande ideia. Por isso, estranhei ver Jorge Jesus dizer que as três equipas tinham estado bem (gostava de o ver dizer o mesmo se estivesse sentado no banco contrário...). A de arbitragem, decididamente, não esteve. Porém, isso também não significa, por si só, que tenham sido João Capela e seus pares a decidir o encontro. Em Alvalade, na primeira volta, o Sporting saiu na frente do marcador e não ganhou. Não sei como seria na Luz, caso tivesse sido assinalado um dos lances na área encarnada que tanta celeuma levantaram. Que os leões jogaram bem melhor desta vez, disso não restam dúvidas, mas da mesma forma também ficou evidente que os encarnados possuem mais e melhores recursos. E por isso estarão sempre mais perto de vencer um adversário atrevido, com qualidade, mas bastante inexperiente e sem tanto talento.
Do lado do Sporting, como seria de esperar, Jesualdo Ferreira e Bruno de Carvalho foram os mais intensos nas críticas ao árbitro. Pretendiam, claro, um estilo mais interventivo, com mais paragens. Curiosamente, nenhum falou das sensacionais 5 faltas registadas pelos leões ao longo de todo o encontro. Passa a ser um recorde desta edição da Liga. Ninguém tinha feito tão poucas. E consegui-lo num dérbi é notável. Gostaria de saber, aliás, se há memória de um embate entre os rivais da Segunda Circular em que um dos conjuntos tenha cometido somente 5 infracções? Não tenho meios para o confirmar (ninguém terá), mas aposto que não!
De resto, com uma arbitragem menos britânica, na jornada anterior, talvez também o Moreirense tivesse evitado a derrota (2-3) em Alvalade, pois no início da jogada do segundo golo dos verdes e brancos, existiu falta de Ilori sobre Pintasilgo que não foi assinalada por Artur Soares Dias. Não foi pelo árbitro do Porto e, penso eu, também não seria caso o juiz fosse João Capela. Sobre esse lance, não me lembro da opinião dos responsáveis leoninos...
Neste tradicional chorrilho em torno da arbitragem de um jogo grande, Pinto da Costa também se fez ouvir. E mais uma vez, a exemplo da esmagadora maioria dos técnicos e dirigentes deste país, viu muito melhor o que se passou num jogo que nem observou com particular atenção – conforme admitiu – do que alguns da sua equipa. A época passada, mesmo sentado no Estádio da Luz, não conseguiu ver (nem aparentemente reviu mais tarde através da televisão) o famoso golo de Maicon. Mas, ao longo dos anos, tem tido vista curta para muitas coisas, da mesma forma que mostra olho de falcão em tantas outras. Depende da situação. E a actual manda apontar baterias aos jogos dos rivais. Sempre dá para entreter os mais distraídos que, dessa forma, esquecem que o FC Porto saiu cedo da Taça de Portugal, foi surpreendentemente eliminado na Liga dos Campeões pelo Málaga, perdeu a final da Taça da Liga com o Sp. Braga e corre sérios riscos de perder o Campeonato para o Benfica."

1 comentário:

  1. Se os jornalistas tivessem tomates e defendessem sempre um estilo seria possível ter arbitragens à inglesa em Portugal! Aliás eu diria quem são arbitragens à europeia porque é assim que se apita nas competições europeias, ou pelo menos nas fases finais.

    O problema é que os jornalistas normalmente só usam o estilo de arbitragens à inglesa quando querem desvirtuar a realidade. A maioria deles defende um critério largo mas só até não ser assinalado uma suposta falta sobre a sua equipa.

    Eu sempre defendi um estilo mais à inglesa, mas acima de tudo sempre defendi arbitragens isentas e com um critério uniforme do inicio ao fim. E custe o que custar a muita gente, o árbitro teve um critério uniforme todo o jogo, e manteve esse critério dentro e fora da grande área. Porque o mais ridículo é andarem a apitar faltinhas fora da área e dentro da área terem um critério completamente diferente! Mas o absurdo seria se o Capela tivesse apitado supostas faltas dentro de área em que existiu muito menos contacto do que lances que ocorreram fora da área e que também não foram sancionados!

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