terça-feira, 2 de abril de 2013

Falta de vergonha é o que está a dar

"Perdoem-me a crueza das palavras mas o controlo dos salários levado a cabo pela Liga de Clubes é uma verdadeira palhaçada...

O futebol profissional em Portugal não passa de uma brincadeira de mau gosto. Por culpa dos clubes e do laxismo do Governo. Culpa dos clubes porque não estão preocupados com a viabilidade da competição; laxismo do Governo porque faz vista grossa a uma área que devia tutelar.
Alegadamente, os clubes não devem nada aos jogadores, a certificação entregue e aceite pela liga assim o diz. Enganem-me que eu deixo, é a mensagem que chega aos emblemas do futebol profissional, numa conivência com várias tonalidades, cada uma com justificação própria, mas todas a colocarem pregos no caixão da viabilidade da competição.
O esquema usado por muitos clubes é simples mas eficaz, tanto mais que ninguém está interessado em confirmar a veracidade das declarações entregues. Periodicamente, os futebolistas, amiúde sob coação dos clubes, assinam documentos dizendo que têm os salários em dia. Tenham ou não, os jogadores - que são o elo mais fraco - sem alternativa laboral a meio da época, preferem acreditar no Pai Natal dos clubes, contribuindo para faz de conta que também conhece o beneplácito do seu Sindicato. Ou seja, é uma teia de cumplicidades - liga, Clubes e jogadores - que perpetua a mentira e leva a situações aberrantes como a que é vivida atualmente no Olhanense. E parece que ninguém se importa realmente com o caso...
Na próxima jornada, o Olhanense recebe o Benfica, numa partida importantíssima para o título e para a manutenção. Não se sabe se os algarvios vão usar os jogadores profissionais ou se recorrerão aos juniores porque, entretanto, os profissionais entregaram um pré-aviso de greve por falta de pagamento dos salários, algo que entra em contradição com as declarações depositadas na liga. Uma mentira, uma vergonha, um despautério. O rei vai nu. A I liga, com 16 equipas, é uma mentira e estar a falar em passar para 18 concorrentes (se o Boavista vier a ser reintegrado...) é o cúmulo do disparate. Meus senhores, acordem! Portugal, já com muita boa vontade, não tem capacidade para sustentar uma Liga profissional com mais de 12 clubes. E se esses 12 clubes disputarem duas fases, uma entre todos e outra para os seis melhores e seis piores (o que perfará 32 jogos) talvez se encontrem meios para sustentar uma competição a sério, verdadeira e, ao contrário do que hoje acontece, honesta. Porque a mentira chegou ao auge. Na Liga portuguesa há clubes que não pagam aos jogadores e estão bem classificados e outros que têm tudo em dia e arriscam-se a descer de divisão. Pior não pode ser e anda tudo a assobiar para o lado como se não fosse nada.
A pergunta de um milhão de dólares é a seguinte: Há alguém interessado em colocar tudo isto no são ou é mesmo para continuarmos no reino da pouca vergonha?

SETE semanas depois, onde para a Polícia?
«O computador portátil de Vítor Pereira, presidência do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, também foi furtado no assalto à sede do organismo»
A BOLA, 14 de Fevereiro de 2013

RECAPITULEMOS: há mais de SETE semanas a sede da FPF foi assaltada, pensava-se que só tinham sido roubados dois computadores, do oitavo andar, mas o portátil do presidente dos árbitros, no sexto andar, também desapareceu. O ladrão, de cara destapada, foi caçado pela videovigilância. Deixou um rasto de sangue e impressões digitais. E nada?

(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

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