domingo, 17 de março de 2013

Um homem derrotado

"Os últimos dias de Godinho Lopes no Sporting estão a ser uma repetição do que foram as primeiras horas: difíceis. Na noite da vitória, a difícil contagem e recontagem de votos. Agora, a uma semana do adeus, a difícil tarefa de passar o testemunho com a pressão de ter de deixar a casa minimamente arrumada. A questão foi colocada na agenda pelos candidatos que estão na estrada: os ordenados de Março devem ser assegurados pelos actuais responsáveis. Ora, esse passou a ser, ao que tudo indica, o último grande objectivo de Godinho no mandato que está (precocemente) a chegar ao fim. Mas há um problema complicado, que nem sequer é novo: os cofres de Alvalade estão a zero e é preciso inventar dinheiro. O presidente demissionário, em desespero de causa, admite por isso vender um jogador (pelo menos) para tentar liquidar o que está em falta. Nestas condições, parece óbvio, o Sporting parte fragilizado para qualquer negociação. Ou seja, há a hipótese – muito séria – de alguém comprar um craque a preço de saldo. Godinho, pelos vistos, não tem mesmo outra solução. Desencantado, amargurado, derrotado, o ainda líder dos leões teve o desabafo que não podia ter: “Se tiver de vender quem comprei e alimentei, qual é o problema?” Provavelmente, o momento mais infeliz em dois anos de gestão.
O “feiticeiro” Bella Guttmann foi o único treinador na história do Benfica a vencer, na mesma época, campeonato nacional e competição europeia (em 1961). Outros andaram lá perto, mas só o húngaro conseguiu. Na época em que foi campeão na Luz (2009/10), Jorge Jesus levou a equipa até aos quartos-de-final da Liga Europa. Agora, a dois meses do final da temporada, o cenário volta a ser muito favorável a JJ: segue isolado em 1.º lugar na Liga e vai defrontar o Newcastle para tentar alcançar as “meias” na prova da UEFA. Se os números que acumula na Luz já impressionam (200 jogos, 140 vitórias), só a hipótese de igualar a proeza de Bella Guttmann eleva a qualidade do trabalho de Jesus a um nível quase estratosférico. A renovação, essa, é que vai tardando..."



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