segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Um futebol à beira de prescrever...

"A receita do sucesso? Segurança nos estádios; horários decentes; bilhetes acessíveis; justiça compreensível; arbitragem credível...

FUTEBOL sem adeptos nos estádios é para onde, cada vez mais, caminhamos. Por mais que os responsáveis garantam pugnar pelo contrário, a verdade é que continuam por ser tomadas medidas que, na prática, revitalizem a vontade de ver o espectáculo ao vivo. E que medidas são essas? Basicamente, passam pela segurança - e aqui incluem-se agressões físicas e verbais -, pelo preço dos ingressos; e pela adopção de horários compatíveis com a generalidade dos cidadãos. Como nada disto é feito, e como, para cúmulo, a situação da insegurança continua a agravar-se (os Bês de Guimarães e Braga, pois claro, mas também muitos outros exemplos tristes que não só afastam as famílias dos estádios como afugentam muitos dos habituais espectadores), como os jogos são disputados à hora que mais convém às televisões, e como o dinheiro cada vez pesa menos nos bolsos dos portugueses, aquilo a que assistimos é um caminhar inoxorável para o abismo. Para cúmulo, as decisões da Justiça Desportiva estão a contribuir para o descrédito da indústria do futebol e um dia destes prescreve a paciência dos adeptos e os dirigentes acabam a falar apenas uns com os outros, alheios a uma realidade que exige condições de várias ordem - da credibilidade da justiça à verdade da arbitragem, à transformação dos estádios em espaços amigáveis - para que o futebol ao vivo não se fine. Como é que alguém pode mostrar-se minimamente surpreendido com a diminuição drástica de espectadores se os responsáveis falam, falam, falam, mas não fazem nada de concreto? Quem tem um rumo? Ponham os olhos nos jogos da Selecção Nacional, que conseguem juntar, deitando mão a modelos imaginativos, milhares de portugueses. Assim, pelo caminho que está a ser trilhado, o desastre é inevitável.
Quem percebe as prescrições no caso do Boavista (que ainda fará correr muita tinta, acreditem), sem que se refira o mérito da causa? Quem compreende a discrepância de interpretação entre órgãos da Liga e da FPF no caso do FC Porto na Taça da Liga? Quem aceita que se convidem os adeptos para ir aos estádios e depois não sejam garantidas condições de segurança? Falei da Selecção como bom exemplo. Querem mais? Ponham os olhos na Bundesliga, transponham os conceitos para cá e num ápice verificarão uma melhoraria nítida no estado da nação do futebol.
Nestes tempos de crise, quando ainda estão na retina as imagens de Guimarães e de Braga (com o Paços o delegado da Liga não viu nada!!!), não vale a pena apontar o dedo a este àquele, especificamente. Antes fosse possível resolver os problemas dessa forma...
Infelizmente, só uma alargada conjugação de boas vontades poderá conduzir o nosso futebol a um futuro sustentado.
Infelizmente, porque não acredito que tal seja possível...

(...)

DUAS semanas depois, onde para a Polícia?
«O computador portátil de Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, também foi furtado no assalto à sede do organismo?»
A Bola, 14 de Fevereiro de 2013

RECAPITULEMOS: há mais de DUAS semanas a sede da FPF foi assaltada, pensava-se que só tinham sido roubados dois computadores, de oitavo andar, mas o portátil do presidente dos árbitros, no sexto andar, também desapareceu. O ladrão, de cara destapada, foi caçado pela videovigilância. Deixou um rasto de sangue e impressões digitais. E nada?

(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

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