terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Justiça de um árbitro sujo

"Imaginemos que eu, este escriba que vos dirige, sou um presidente sem escrúpulos de um clube cuja história foi vandalizada por ventos infectos de corrupção. E imaginemos que você, leitor (sim, pode ser você mesmo!), é o presidente de uma organização de árbitros com todos os contornos de mafiosa. Somos amigos de há muito - é natural, gente de má índole tem tendência a criar laços. Entre nós os arranjinhos são fáceis, quase quotidianos, falamos com frequência ao telefone sem crer sermos escutados por alguns polícias para os quais o conceito de Justiça ainda faz sentido, acertamos as nossas tafularias com casquinadas pelo meio e observações rascas sobre este ou aquele, tratamo-nos por filha de uma cabra para aqui, filho de um mulher da vida para acolá porque é assim que se tratam os grandes amigos no lugar triste de onde tal gentalha vem.
Aproxima-se um jogo importante, que decide um troféu. Eu, presidente do clube sem ética, peço-lhe a si, presidente de árbitros sem probidade, um funcionário conivente. Discutimos nomes, há um deles que me convém por demais, solto logo uma exclamação feliz - 'esse é que era bom!' - por entre meia dúzia de porcarias. O entendimento faz-se. Avança para o jogo o árbitro que dá jeito. E o árbitro que dá jeito dá um jeito - o meu clube trapaceiro ganha com uma trapaça validada pelo juiz sujo. Mais uma taça usurpada. Só que isto não é produto da minha imaginação. E como pode vir agora, tal árbitro desacreditado bradar aos quatro ventos que justiça não foi feita, reclamando-se vítima??? Nós sabemos que não foi feita. Se o tivesse sido há muito que tal figura crapulosa teria sido varrida para as sarjetas da história..."

Afonso de Melo, in O Benfica

1 comentário:

  1. Mais um post à Afonso Melo,obg companheiro,mas,ele veio carpir pk,se calhar n lhe pagaram o k era normal pagarem,será!?!?

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