sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Editorial

"No 'aquecimento' para o jogo do domingo passado, valeu de tudo na comunicação desportiva. Mas, assustador, mesmo, foi o grau de despudorado regionalismo clubista a que chegou a chamada RTP 'informação'.
O canal de notícias no cabo da Rádio e Televisão de Portugal, apesar de praticamente feito à custa do dinheiro de todos os contribuintes portugueses, está a preferir reduzir-se a si próprio à dimensão de uma mera estação local, provinciana e vesga, no no persistente benchmarkting com que escolhe comparar-se ao canal do FCP e ao jornal O Jogo.
Afinal, o desafio foi bem disputado, espalhando o equilíbrio entre as duas equipas, ambas desfalcadas de jogadores essenciais. Realmente, um grande jogo em que, por vezes, tive aquela sensação dantes relativamente comum, de que os atletas agiam mais por conta própria do que seguindo rigidamente estratégias traçadas pelos treinadores.
Nada justifica, a meu ver, a desgravatada rabularia do treinador portista no fim do match. Mas, como se sabe que naquele papel nunca são eles que ali mandam, toda a gente percebeu que antes de lhe ligarem as câmaras, o pobre, desta vez, terá recebido ordem expressa do dono para fugir para a frente a desatar aos berros contra o árbitro. Lá diz o povo, 'dono e foice, cavalo e coice'.
Um e outro perderam as estribeiras e mandaram às urtigas o que ainda dias antes, haviam postulado sobre comentários acerca de arbitragens. Fez bem em Lembrá-lo, no fim das contas, o presidente Luís Vieira.
Quando parece estar para breve o anúncio da decisão sobre a queixa de abuso de posição dominante da Olivedesportos quanto à compra dos direitos, já se fala de uma nova demanda à Autoridade da Concorrência acerca da legalidade, ou presumida falta dela, no contexto do inopinado maneja-a-três, com que se pretendem enroscar numa mesma cama, as conveniências da PT, da ZON e da Olivedesportos.
Se o bom senso e a honradez não tiverem desaparecido por completo das instâncias do poder e da justiça, não hão-de durar muito mais tempo, a oligarquia e a impunidade que têm regido os cenários do Futebol português."

José Nuno Martins, in O Benfica

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