segunda-feira, 21 de maio de 2012

O ingénuo 'olimpismo'

"Com o final da época desportiva completa-se mais um ciclo na vida de Clube e, por consequência, na própria carreira do Jornal 'O BENFICA'.
Mais do que lambermos as feridas próprias, agora é tempo de se fazerem os balanços, as sínteses e os relatórios. Sem piedade nem condescendências e sem nenhuns falsos optimismos.
Devemos começar por nós mesmos, dentro de casa; usando um impenitente espírito crítico, mesmo quando e onde tínhamos saído vencedores, já que aí as nossas responsabilidades terão aumentado, por força das vitórias e das marcas atingidas.
Com consciência analítica mais apurada ainda, nas áreas em que nos deixámos vencer, ou fomos batidos por adversários que desportivamente nos superaram. Ou então, escancarando à claridade do dia a nossa mais contundente indignação e um mais vigoroso protesto, relativamente àqueles que traíram a nossa boa-fé, ao se revelarem displicentes e manhosas no uso das nossas valências e da grandeza do Benfica para seu benefício pessoal ou de grupos. É preciso que, de uma vez por todas, passemos a denunciar - em vez de lhe darmos corda - os idiotas úteis que ainda há bem pouco tempo nos pediram mercê e apoio, para, logo depois, se continuarem a revelar sem vergonha, ao serviço dos mesmos que lhes estabeleceram a perversidade e a corrupção como modelos de vida.
Sem tréguas, eles podem abanar e abanam; mas depois, servindo-se de desavergonhados capazes e de estratagemas canalhas, quase sempre acabam por se levantar e serem dados como vencedores. Podem usar máscaras, mas sabemos bem quem são esses mandaretes. Aonde estão e como agem. E não podemos continuar a ignorá-los.
Nestas circunstâncias, não podemos conceder-lhes por mais tempo o nosso ingénuo 'olimpismo'.
E neste fim de época desportiva, depois de procedermos ao cuidadoso inventário de todos os erros próprios (e muitos foram, de novo), perante contumazes adversários como estes 'lobos' que se dissimulam de 'borregos', teremos de recorrer a novas estratégias de relação negocial.
Sem equívocos.
(...)"

José Nuno Martins, in O Benfica

Políticas

"From: Domingos Amaral
To: Luís Filipe Vieira

Caro Luís Filipe Vieira
Na semana passada, escrevi aqui que o Benfica tinha de atacar o “sistema” de forma agressiva e permanente, pois só assim diminuiria o poder do FC Porto no futebol nacional. Ora, uma das formas de o fazer é aproveitar as consequências dos atos políticos do FC Porto. Quer exemplos? O FC Porto atacou publicamente, e de uma forma quase insultuosa, o atual presidente da Liga de Clubes, por discordar das suas propostas. Uns dias depois, o mesmo FC Porto interpôs um recurso jurídico que na prática impede o “alargamento” da Liga a 18 clubes, medida que tinha sido aprovada pela maioria dos clubes nacionais. E ontem, mais dois exemplos. O FC Porto apresentou uma queixa contra o Marítimo, pedindo a despromoção do clube; e no mesmo dia o presidente Pinto da Costa faltou à cerimónia de condecoração de Jorge Mendes, que é apenas o melhor empresário de futebol do Mundo. Já viu as inimizades, os ressentimentos, as faltas de cortesia que o FC Porto colecionou nestas últimas semanas? Já viu que nada no futebol português se altera contra a vontade imperial do FC Porto? Contudo, isto gera oportunidades políticas ao Benfica. Mais do que discutir as questões de fundo (o alargamento, blá, blá, blá), o que é importante é perceber que há novos aliados a conquistar. O Império Azul abriu o flanco e a sua exibição de poder musculado pô-lo de mal com o presidente da Liga; com a maioria dos clubes, cujo desejo sabotou: com o Marítimo; e até com Jorge Mendes e o Governo que o condecorou, que foram desprezados publicamente. É muita malta incomodada. E, nesta guerra perpétua, os inimigos dos nossos inimigos, nossos amigos são.
PS: Já conversou com o canal ESPN por causa das transmissões televisivas dos jogos? Pode ser uma alternativa..."

Campeão

"O Benfica voltou a ser o campeão das assistências. A expectativa em torno da prestação da equipa de Futebol profissional, uma chama imensa que resiste à crise financeira, uma grande campanha de markting, levaram à Luz, entre o Campeonato e a Taça da Liga, mais de 722 mil espectadores. O Benfica tem os jogos com mais público da época e ainda contribuiu para as melhores lotações em casa dos adversários. Confirma-se: sem o Benfica não há Futebol espetáculo nem Futebol negócio.
'TACUARA'
Num ano fraco em títulos, Óscar Cardozo, o 'Tacuara', ganhou a Bola de Prata. O paraguaio marcou ao Setúbal um golo raro, cheio de movimento para tirar adversários da frente e, perante o facto, nem que inventassem um penálti para o Lima. Não sei se Cardozo estará de saída. Sei que, a ir-se embora, deixará no Benfica marcas difíceis de igualar. Mas também a convicção de que poderia ter marcado mais.
TRIBUTO
De acordo com os jornais, o árbitro Proença é a escolha da UEFA para apitar a final da Liga dos Campeões. Trata-se de um tributo de M. Platini aos árbitros portugueses, na pessoa do autor do mais decisivo erro de arbitragem do Campeonato: a validação do golo com o qual o FC Porto venceu o Benfica na Luz e arrancou para o título. A eleição de Proença explica as escolhas dos árbitros que apitaram os jogos do Benfica com o Chelsea, em Lisboa como em Londres.
PLAY-OFF
O Benfica conquistou no Porto uma vitória que é bom prenúncio para o título de Basquetebol. Apesar das baixas na equipa, o Benfica calou as bancadas das Antas, e também a claque da SportTv, trazendo uma vitória para o play-off que segue agora em casa. Espero bem que num ambiente 'à Benfica'."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Opinião, réplica, resposta... (e mais uma resposta!!!)

"Presidentes
Sendo o futebol um fenómeno de massas, e sendo estas propensas a reacções epidérmicas, não se estranha que, após uma derrota – mesmo que induzida por factores alheios -, a contestação floresça, atingindo naturalmente as figuras cimeiras dos emblemas derrotados. O Benfica, como maior clube português, não escapa a esses fenómenos, e as últimas semanas têm-no demonstrado. As minorias contestatárias não têm poupado ninguém, evidenciando com isso os efeitos do desalento e da frustração, mais do que qualquer ponderação sensata. O presidente Luís Filipe Vieira tem sido um dos alvos, a meu ver de forma totalmente injusta, e até ingrata.
O Benfica é de todos os sócios, e ninguém está acima do seu escrutínio. Não podemos, porém, confundir a crítica construtiva, com uma ilusória subversão dos factos. Deixemos de lado todo um património de recuperação institucional, de construção de infra-estruturas, de profissionalização e credibilização do clube, de dinamização de projectos de grande relevo, que tem de ser creditado ao nosso presidente. Ignoremos, por momentos, também as ocorrências que têm condicionado a verdade desportiva. Limitemo-nos a falar de resultados.
Só quatro presidentes, dos muitos que a história do Benfica já conheceu, foram mais vezes campeões de futebol do que o actual: Borges Coutinho, João Santos, Maurício Vieira de Brito e Adolfo Vieira de Brito. Com mais um título, Luís Filipe Vieira igualaria estes três últimos, ficando apenas atrás de Borges Coutinho (que ostenta a impressionante marca de sete campeonatos). E se considerássemos todas as competições futebolísticas, Luís Vieira estaria já destacado na 2ª posição com sete troféus, contra 10 do mesmo Borges Coutinho. No que respeita ao eclectismo, apenas João Santos e Luís Filipe Vieira alcançaram títulos europeus em duas modalidades distintas. João Santos, Luís Filipe Vieira e Borges Coutinho, foram também os únicos a triunfar em campeonatos de sete diferentes modalidades.
São apenas alguns números, que convém não ignorarmos."

Luís Fialho, in O Benfica




"Absurdos, falácias e Benficas
Os números dão para tudo, até para serem manipulados. Há verdades e verdades. Umas mais do que outras. Tal como as mentiras.

Gostar ou não gostar eis a questão
Eu não gosto de indexar os títulos conquistados pelo Clube a ninguém, mesmo aos jogadores. Para mim os jogadores, treinadores e restante grupo de trabalho contribuem para a sua conquista. Mas não é cada um deles que o conquistou. Todos contribuem, uns mais do que outros, mas isso é outra questão.
Ainda mais absurdo é indexar as conquistas de títulos a seccionistas, dirigentes ou presidentes. Aos jogadores e treinadores enquanto componentes de um colectivo que iniciam e terminam uma competição ainda é aceitável. Mas, que fazer de competições iniciadas num mandato e terminadas noutro mandado? Pertencem a “quem”?Não podem pertencer aos dois… se não as contas não batem certas! Os dirigentes (em particular os presidentes da Direcção) criam as condições para o Benfica conquistar. É para isso que estão dirigentes, porque ninguém é dirigente. O que há são associados, que durante determinado período, estão dirigentes.

O que importa é o Benfica
É o Benfica que conquista, através das condições criadas pelos dirigentes e do desempenho de jogadores e treinadores. É nestes pressupostos que se construiu o“Glorioso”. Durante muito tempo foi tradição no Clube não atribuir títulos a ninguém, ainda que se agradeça o contributo de todos. Eu como conheço, um pouco da história do Clube, revejo-me nesses (e partilho esses) princípios.
O “problema”começou quando outros clubes sem a cultura do nosso começaram a conquistar mais do que nós e a criar o seu presidente como protagonista atribuindo-lhe títulos conquistados. A tendência foi para os media divulgarem esses valores, continuarem a propagá-los e os benfiquistas começarem a “presidencializar” os títulos do Benfica. Tal como fazem os andróides, se bem que estes 30 anos sejam um tempo infindável, por isso sem comparação com outras presidências, até com as de outros clubes. Afirmar que Pinto da Costa é o presidente do futebol português com mais títulos de campeão nacional, ultrapassando Borges Coutinho, é uma falácia, pois Borges Coutinho “apenas” foi presidente durante oito anos. Como é possível comparar oito com 30 anos?!

Primeiro os factos…
O que é válido para a comparação entre Borges Coutinho e Pinto da Costa também o é para a comparação entre presidentes do “Glorioso” com mandatos temporais diferenciados. Repito que é um absurdo atribuir títulos a um presidente, cujo início de competição ocorreu numa presidência e o seu final numa outra. Mas, a fazê-lo há que estabelecer um critério: o título é atribuído ao presidente em cujo mandato o clube se sagrar campeão, mesmo que seja apenas numa jornada, a última em que se conquistou o título. É absurdo… é! Mas, o “problema” está na ideia de indexar títulos aos presidentes, cujas eleições e tomadas de posse ocorrem durante o desenrolar das competições.

… depois os argumentos
E o número de anos nas presidências não contam?! Podem-se comparar títulos conquistados entre presidências com um ano e outras com dez?! É justo?! É correcto!? Valem o quê?!
Por absurdo, um presidente pode tornar-se o "mais titulado do Benfica", com sete títulos de campeão - "ultrapassando" os seis de Borges Coutinho -, mesmo que o clube conquiste um título de cinco em cinco épocas, se estiver na presidência do "Glorioso" durante 36 anos! Ridículo! De pequeno clube!

QUADRO 1

Tabelas para todos os gostos
Num clube grandioso e que se considera (e bem...) o maior e melhor de Portugal o que deve preocupar os dirigentes (mas também os associados) é porque não se ganha mais do que os outros, se isso ocorrer em períodos longos. Se somos maiores e melhores não há razão para não sermos os mais titulados. Se não ganhamos mais é porque algo está mal. E há que mudar o que está mal para ficar bem. Seja no "interior" (alterando) seja no "exterior" (forçando). Ser incapaz é o pior que pode acontecer a quem se considera o melhor. Porque passa a ser motivo de chacota.
Num clube mítico como o "Glorioso" podemos olhar para os sucessos com alegria e para os insucessos com preocupação. Porque estamos vacacionados para vencer e conquistar. Só nos tornámos míticos porque acumulámos ao longo da história "riqueza" em títulos e troféus, alguns apenas ao alcance dos melhores, grandeza em adeptos, respeito pelos simpatizantes de outros clubes nacionais e reconhecimento internacional (resultantes das conquistas).
Podemos destacar os sucessos (que são maioritários), mas também os insucessos (que por escassos) merecem reflexão.

Presidentes com “mais campeonatos”
Os principais dirigentes de um clube, são os presidentes da Direcção, porque têm funções executivas. São o principal motor dos sucessos (se continuados, e não episódicos, revelam brilhantismo), tal como a principal fonte dos fracassos (se continuados, e não episódicos, revelam incapacidade).
O presidente Borges Coutinho é há muito - desde 1977 - aquele, em cujos mandatos (prefiro pensar assim... porque os Órgãos Sociais não se reduzem ao presidente), se conquistou mais títulos de campeão nacional, com dois tricampeonatos, em quatro mandatos bienais (oito épocas). Segue-se depois Adolfo Vieira de Brito, com três mandatos repartidos por dois períodos: o primeiro com dois mandatos anuais e o segundo com a estreia do mandato bienal. Quatro anos... quatro títulos. Depois é seguir o quadro.

QUADRO 2

Há dois dirigentes, que enquanto presidentes da Direcção, nunca perderam qualquer campeonato, se bem que em situações distintas, Félix Bermudes com um mandato anual e Adolfo Vieira Brito. Segue-se o enorme Borges Coutinho (seis conquistados e dois perdidos, que correspondem a 75 por cento). Depois é seguir o quadro.

QUADRO 3
 
Presidentes com “mais campeonatos perdidos"
Como os quadros (e os números) permitem realçar valores como a "história do copo" - meio cheio ou meio vazio, conforme as expectativas e vontades -, num clube como o Benfica que em 1993/94 conquistou o 30.º título em 60 edições da competição, podemos ver as presidências do lado do insucesso, que neste momento não é de 50/50, mas de 41/69, ou seja, 32 conquistados e 46 perdidos. O presidente com mais insucesso é o actual (Luís Filipe Vieira), com sete, seguindo-se Ferreira Bogalho (quatro). Seguem-se vários presidentes, é só ver o quadro seguinte.

QUADRO 4

Há seis presidentes que passaram pelo Benfica não conquistando qualquer campeonato nacional. Depois, com 78 por cento (apenas 22 por cento de sucesso) aparece Luís Filipe Vieira, com dois títulos em nove presenças na principal competição do futebol português.

QUADRO 5

Num clube glorioso como o nosso, o "problema" de um presidente do Benfica não é quantos campeonatos conquistou. É quantos campeonatos impediu o Benfica de ganhar!
Houve até presidentes – Manuel Conceição Afonso e Júlio Ribeiro Costa, pelo menos –que alegaram como, um dos motivos para não se recandidatarem, o facto de: por falta de jeito, incapacidade de dirigir ou perseguições pessoais externas ao Clube, mas com reflexos do futebol do Benfica, não terem capacidade – apesar da dedicação – para dirigir o Clube no sentido de conquistar competições. E, segundo a sua opinião, não podiam colocar “interesses pessoais” (ser presidente do Benfica) acima dos interesses do Clube. Campeonato ou competição perdida, nunca mais conseguirá ser conquistada. Foi-se! A próxima já é outra! Outros tempos!
Comentadores, paineleiros, escribas e afins. Do "contra" ou "prós". Não devemos ser "mais papistas que o Papa"! É preciso cuidado porque por vezes o feitiço vira-se contra o feiticeiro.

Alberto Miguéns

NOTA: Dos outros títulos e modalidades, nem vale a pena comentar, porque havia que definir "títulos" (os únicos comparáveis são o campeonato nacional e a Taça de Portugal).
Que modalidades, por género e escalões?
Outro absurdo, com falácia pelo meio..."

Alberto Miguéns, in Em Defesa do Benfica (ver os Quadros no blog Em Defesa do Benfica)




"Em Defesa do Benfica
Em resposta a um artigo que escrevi no jornal “O Benfica”, onde chamava a atenção para o facto de Luís Filipe Vieira, ao contrário do que possa parecer aos mais desatentos, figurar já entre os presidentes que mais conquistas desportivas alcançaram para o clube, Alberto Miguéns, benfiquista que muito prezo, apresentou no seu blogue um texto onde, com critérios diferentes, chegava a números, também eles, ligeiramente diferentes, procurando depois, a partir deles, extrair outras conclusões.
O critério que segui foi simples: verifiquei as datas de entrada e saída de cada presidente no site oficial do clube, conferi quem estava em funções a cada mês de Maio (fim dos campeonatos), e assim segmentei os títulos ganhos pelo Benfica.
Os números a que cheguei são os que se seguem:
BORGES COUTINHO 7 títulos (1969, 1971, 1972, 1973, 1975, 1976 e 1977)
JOÃO SANTOS 3 títulos (1987, 1989 e 1991)
ADOLFO VIEIRA DE BRITO 3 títulos (1964, 1965 e 1968)
MAURICIO VIEIRA DE BRITO 3 títulos (1957, 1960 e 1961)
LUÍS FILIPE VIEIRA 2 títulos (2005 e 2010)
Há mais quatro presidentes do Benfica com dois títulos conquistados, mas Luís Filipe Vieira é o único que ainda pode melhorar a sua conta, pelo que será lícito destacá-lo aqui em 5º lugar.

O que eu disse no artigo do jornal foi basicamente que, com mais um campeonato ganho (que bem poderia ter sido este…), o actual presidente do Benfica ficaria apenas com Borges Coutinho à sua frente. E lembrei também que, a par de João Santos, era ele o único a conseguir títulos europeus em duas modalidades distintas (este em Hóquei e Futsal, aquele em Hóquei e Atletismo), e juntamente com o mesmo João Santos e com Borges Coutinho, os únicos a vencer campeonatos de sete modalidades diferentes (Vieira já foi campeão absoluto de Futebol, Andebol, Basquetebol, Voleibol, Futsal, Atletismo e Judo).
Alberto Miguéns considera que os títulos devam ser atribuídos, não aquando da última jornada, mas aquando da jornada da conquista matemática do título. É um critério respeitável (embora dê bastante mais trabalho…), que permite retirar um título a Borges Coutinho e outro a Maurício Vieira de Brito, adicionando-os a Adolfo Vieira de Brito e a Joaquim Ferreira Bogalho. Não é isso que ele pretende demonstrar, mas o certo é que, por este critério, Luís Filipe Vieira seria, não um dos quintos, mas um dos quartos presidentes com mais campeonatos de futebol ganhos na história do Benfica - teria então à sua frente apenas Borges Coutinho, Adolfo Vieira de Brito e João Santos, por esta ordem, como mais triunfadores. Em suma, o seu diferente critério não traria conclusões muito diferentes do sentido geral daquelas que eu tirei.
Mas o meu amigo Alberto Miguéns defende também que esta é uma estatística que não resulta rigorosa quanto ao mérito de cada um em cada título. Não podia estar mais de acordo com ele, e digo desde já que, da minha parte, não estou em condições para avaliar os méritos de cada presidente do Benfica de 1977 para trás, coisa que só ele, com todo o imenso conhecimento que tem da história do Benfica, poderá fazer. O balanço que fiz apenas pretendia desmistificar a ideia de que Luís Filipe Vieira é um presidente perdedor, pois no balanço global ganhou mais do que muitos outros.
Também concordo em absoluto com ele quando diz que os títulos não são dos presidentes. De facto não são. São do Benfica e dos benfiquistas. Mas um mau presidente não conquista títulos, e infelizmente, o Benfica já teve exemplos disso.
Alberto Miguéns termina dizendo que Luís Filipe Vieira foi o presidente que perdeu mais campeonatos. Não contesto os seus números, nem me darei ao trabalho de fazer as contas. Mas, se os méritos dos que ganham são por vezes condicionados por circunstâncias diferentes, os que perdem também têm atenuantes diferentes. E todos nos lembramos em que Benfica pegou Vieira. De resto, pelas mesmas contas, Fernando Martins perdeu tantos campeonatos como Vale e Azevedo, e os serviços prestados por um e por outro ao Benfica não têm ponta por onde comparar.
Uma coisa é certa. Nos dois campeonatos que ganhou, o mérito de Vieira (e naturalmente de jogadores e técnicos que ele escolheu) é inegável.
Por fim, Alberto Miguéns termina afirmando que “não devemos ser mais papistas que o papa”. Ora, defender um presidente em funções não é sinónimo de “ser mais papista que o papa”, nem de “lambe-botismo”. Como cada um é livre de criticar o presidente, eu também me sinto livre para o defender (era o que mais faltava, não poder fazê-lo à minha vontade). Não por ele (com quem tenho uma relação meramente circunstancial), muito menos por mim (que não recebo um cêntimo do clube, nem de ninguém a ele ligado) mas pelo Benfica, e por achar que, não existindo no terreno qualquer alternativa credível a esta gestão, todo o clima de contestação que alguns procuram agora alimentar apenas serve para fazer sorrir… Jorge Nuno Pinto da Costa."

Luís Fialho, in Vedeta da Bola



"Resposta

Caro Luís Fialho,

Ser Benfiquista - e conhecer a história do Clube - moldou-me a personalidade, aprendi a ser tolerante e acatar, democraticamente, as críticas. Não sei como seria se não aprendesse o B-A-BA do Benfiquismo.
Se aceitar, hoje à meia-noite, de 19 para 20, coloco este seu texto como entrada principal do blogue. Eu gostaria. Aceita? Quer retirar alguma consideração mais pessoal? Ou pode entrar como está?

Faço apenas os seguintes comentários {acrescentei o ponto 4 (parte) e 5}:
1. Utilizei uma digitalização do seu texto no jornal O Benfica (que identifiquei), mas não fiz depois qualquer referência ao seu nome, pois nada havia de pessoal. O objectivo foi clarificar a quantificação de títulos: ganhar dois vale sempre ganhar dois, ou três ou quatro em valor absoluto, mas quantos anos de "esforço" para isso?
2. Uma presidência não se inicia quando se ganham eleições, mas sim quando se toma posse do cargo. Há dirigentes eleitos que não chegam a tomar posse, sendo necessário efectivar os suplentes. Há tomadas de posse um mês depois de eleições. Até tomar(em) posse o(s) dirigente(s) eleito(s) não exercem os cargos;
3. Não tenho qualquer dúvida acerca do seu Benfiquismo (a 100 por cento), sem segundas intenções. Por isso tenho muita consideração por si, como sabe;
4. Os anos eleitorais, desde a década de 80, se não estivermos a ganhar, são sempre "complicados". Mas não se pode "matar" a discussão acerca do Clube. Gostava de voltar a ver eleições como nos anos 60 e 70 em que se discutia o futuro, traçavam estratégias e não se entendiam as eleições como um factor negativo, do tudo ou nada. LFV devia acarinhar as alternativas, ouvir as propostas e mostrar que é o que tem melhores soluções para o Clube. LFV não pode ser, não se pode transformar, num eucalipto que mata a vida associativa. E quando ele se for embora? Fica um vazio? Nem ele, nem nenhum dirigente, seja agora ou no futuro;
5. A minha colaboração com o Benfica data do verão de 1993, quando Jorge Brito pediu alguém – eu fui um dos associados indicados - que pudesse rapidamente ajudar o Clube a organizar iniciativas, utilizando a História do Clube, em colecções de postais com legendas históricas, no verso. Fui depois colaborando com vários presidentes, em particular nas publicações do Clube – Manuel Damásio e Vale Azevedo (se bem que saísse do jornal semanal então transformado em revista mensal, em Março de 2000, por pensar que estavam a desvirtuar a Cultura Benfiquista). Sempre graciosamente, como não podia deixar de ser. Quando o presidente Manuel Vilarinho se propôs reactivar o jornal, em 28 de Fevereiro de 2001 (a revista foi suspensa em Agosto de 2000) fui contactado por Carlos Calado/ Luís Lemos para fazer uma página de história no Jornal. Acedi, mas disse que só colaborava se fosse de graça. Aceitaram e colaborei. Quando o jornal passou a ser “explorado” pela ACV (Cunha Vaz) em reunião indiquei que só continuava de fosse remunerado (500 euros mensais, que era o valor mais baixo - assim o exigi, por não fazer parte da redacção - pago a um colaborador permanente, a recibo "verde"! Verde!) porque nunca aceitaria estar a trabalhar de “borla” para um sportinguista, “ainda por cima” no… Benfica (já vem de “longe” a fobia por SCP’s no “Glorioso”). Era humilhante. ACV compreendeu e aceitou. Se não aceitasse eu saía. Quando o nosso Semanário voltou para a SAD, pedi para fazer apenas a página 31 (história), para passar a ser feita, novamente, graciosamente, pois entretanto passara a fazer, também, a página 15. Disseram-me que não, a 15 era importante e a SAD não queria ninguém a trabalhar sem ser remunerado. Pensei sair, mas alegaram que a presença no Jornal e Benfica TV era “muito importante” para o Clube. Como o contrato era anual, ao 2.º ano (depois da ACV deixar a exploração) disse que não renovava – fosse importante ou não – ficando apenas a fazer a página 31 (história), isto porque fui censurado na página 15, pelo Pedro Guerra que alterou um título sem nada me dizer, só me apercebendo depois do jornal impresso. Na edição de 17 de Dezembro de 2010, eu escolhi e escrevi: 2-0! Com Xistra é Goleada! Pois o que saiu e fica para a eternidade é: Uma vitória segura e suada. Um título "amaricado"! E no final da época saiu uma capa com "Xistrados"! Coerência!
Como se sabe acabei a minha colaboração - a escrever, porque continuo com prazer a fornecer informações e estatísticas - no jornal, em Maio de 2011, como tinha começado em Fevereiro de 2001: a fazer a página de história… de borla. Como eu gostaria que tivesse sido sempre! Quanto à Benfica TV! Fui eu (e o António Melo) que quisemos acabar com o “Em Defesa do Benfica”. Não foi o contrário… No Benfica nunca fui “despedido”. Fui eu, sempre, que me "despedi". Mas, também nunca deixei que me “colocassem na prateleira” (onde estão muitos!) mesmo que para isso não se importassem de pagar mais. NUNCA. Na minha Vida Benfiquista mando eu. Por que o Benfica, para mim, não é um modo de vida… o Benfica é o meu Clube. Com muito orgulho. Desde que tenha saúde e emprego, agora, estou nas minhas “Sete Quintas”: pago as quotas, tenho um lugar no estádio (sócio fundador, que comprei em 2003, com a totalidade do dinheiro recebido do editor da colecção de cromos, foi troca-por-troca, nem discuti o valor, disse: faço a caderneta pelo valor – tenho a ideia que ainda nem se sabia quanto custava - do lugar como sócio fundador, pois se não fosse a colecção não teria dinheiro para ser sócio fundador) e nos pavilhões (quota modalidades), ou seja, é para isto que quero o Benfica: um sítio para pagar as quotas e outro(s) para ver a(s) bola(s). E ocupando menos tempo no Jornal e Benfica TV, tenho mais tempo livre para fazer o que mais gosto: pesquisa para a História do Benfica… de borla. Um dia - hoje, amanhã ou depois... - o Clube vai lucrar com a “Base de Dados” (futebol, modalidade e um diário do “Glorioso”) que tenho (talvez única no Mundo) e que vou actualizando, dia-a-dia. Espero que seja útil ao Benfica! E dou-a ao Clube… de borla! Mas… só quando sentir que quem está do outro lado, do lado de dentro do Clube, tem categoria para isso, e não a vai utilizar em proveito próprio. Ai, ai, quando eu contar algumas histórias (acerca do "proveito próprio")…

Saudações Benfiquistas
..."

Alberto Miguéns, in Em Defesa do Benfica

Por qué não te callas?

"1. Há uns tempos, o rei de Espanha, cansado com os apartes do presidente da Venezuela, gritou para este, numa reunião de alto nível: por qué no te callas? A frase ficou célebre e tem sido mais vezes usada.
Apetece dirigi-la agora (mais uma vez...) ao presidente do FC Porto que, num País onde a justiça funcionasse, estaria irradiado do desporto (pelo menos...) mas continua, dia após dia, a alimentar guerras. De cada vez que fala do seu clube (ou às vezes nem isso), tem que meter o Benfica e os seus dirigentes ou profissionais ao barulho. Por que não te calas?
2. Vitória natural sobre o V.Setúbal e vitória merecida de Cardozo na luta pelo 1.º lugar na lista dos melhores marcadores do campeonato. Deu o 1.º golo, falhou várias oportunidades, algumas por manifesto azar, outras por menor inspiração, mas acabou por ter o merecido prémio com um golo com o pé... direito.
Foi a nossa (pequena) alegria futebolistica do fim-de-semana...
3. O árbitro, Pedro Proença, foi convocado pela UEFA para dirigir a final da Liga dos Campeões.
Parabéns! Mas, mistério!, porque será que ele, por cá, falha tanto nos jogos do Benfica? O ter-se assumido como benfiquista, há uns anos, tem-no, certamente, condicionado. É a única explicação possível...
4. Já o tenho escrito mas, de vez em quando, convém relembrar... e incentivar os benfiquistas a fazer o mesmo: eu prefiro sempre os produtos que patrocinam o Benfica. Dá-me muito gozo receber chamadas da ZonTV Cabo (e ultimamente têm sido várias...) e poder dizer que me escusam de tentar convencer a regressar enquanto não tiverem Benfica TV. Tenho comprado sapatos Adidas, lá em casa só entra Sagres e já tenho dito em restaurantes que prefiro esta cerveja por patrocinar o Benfica. Só ponho gasolina na Repsol e tenho cartão de crédito Benfica, da Caixa. Não custa nada preferir esses produtos... Quanto à agência funerária Servilusa, trata-se de uma boa (e original) ideia, mas prefiro pensar nela só lá mais para diante..."

Arons de Carvalho, in O Benfica

8º encontro Geração Benfica



Mais um dia para recordar para muitas crianças que tiveram o privilégio de pisar do relvado da Catedral...

Corolários lógicos

"1. Esta semana lembrei-me que o “Estado-governo-legislador” queria introduzir um regime de arbitragem profissional nas modalidades desportivas. Nomeou uma comissão e recebeu um estudo. Parece que o meteu na célebre gaveta da inação. Desolado e impotente, Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem e o grande dinamizador de um modelo de “árbitro” desenhado em moldes de exclusividade, avança na FPF com o que pode dentro da estrutura que domina e com o apoio, pelo menos, dos árbitros internacionais. Teremos uma experiência-piloto de semiprofissionalismo para os árbitros de 1.ª categoria, com algumas das regras e princípios que o “Estado-governo-ausente” meteu no grande armário das omissões. Lembrei-me que quem porfia talvez alcance. Num outro tempo que não este, claro.
2. Esta semana lembrei-me que o principal campeonato profissional de futebol acaba sem que processos disciplinares – a existirem – contra treinadores por declarações censuráveis sobre árbitros se resolvam antes de terminar a última jornada. Em 29 de janeiro de 2012, um treinador de um clube grande disse: “Se quiserem encomendar as faixas de campeão, se quiserem levar a outra equipa ao colo que a levem, podem fazê-lo. O resumo é este: a nossa equipa má, o adversário digno e a equipa de arbitragem vergonhosa”. A 2 de março, o treinador de um outro clube grande afirmou, na sequela de um lance determinante para um jogo: “Se o árbitro assistente não assinalou, não foi porque não viu, foi porque não quis”; “Saímos derrotados também porque o auxiliar permitiu que isso acontecesse”. Hoje é 20 de maio e nada aconteceu em termos disciplinares – se é que vai acontecer –, para processos que – repito, a existirem no gabinete do imprevisível Conselho de Disciplina da FPF – se decidem em menos de um mês. Já passaram, respetivamente, quase 4 meses e 2 meses e meio; a haver castigos, talvez se cumpram na instância de férias dos infratores. Esta semana lembrei-me que, há não muito tempo, havia uns pasquins que estampavam cronogramas com a duração de cada uma das fases de um processo disciplinar e exigiam celeridade a quem já demonstrara abundantemente que a celeridade não era uma miragem… Noutro tempo, claro.
3. Esta semana lembrei-me que, em julho de 2008, a Académica de Coimbra e a Braga SAD receberam, de comum acordo, um “mandato” da assembleia geral da Liga de Futebol Profissional para liderarem em conjunto uma comissão de clubes destinada à revisão do Regulamento Disciplinar. Ficaram de entregar esse trabalho até dezembro de 2008. Até hoje nada foi entregue. Em janeiro de 2012, um jogador da AAC em fim de contrato desentendeu-se com o clube acerca da sua transferência para Inglaterra e abandonou um hotel no Porto. O caso foi para a PJ e o jogador foi afastado até ao fim da época. Por estes dias, o presidente da AAC (que hoje regressa garbosamente ao palco do Jamor) informou que a Braga SAD lhe enviou um fax a comunicar a contratação desse jogador, sendo esse desfecho o “corolário lógico”. Percebemos que ambos os clubes, ainda que por fax, começaram, tanto tempo depois, a “trabalhar” em conjunto!"