quinta-feira, 1 de março de 2012

Não desistiram, pois não?

"Sempre que Jaime Graça disparava para a linha ou fugia a um adversário com uma finta de corpo, eu acho que ouvia o meu avô dizer em voz muito baixa, para si próprio: Jaime Raça.


FOI-SE embora Jaime Graça no início desta semana de clássico na Luz. Talvez por isso o seu desaparecimento tenha caído quase discretamente no cesto das pequenas e médias ocorrências que não se prendem ao rol das extensivas notícias, das suculentas tiradas que sempre marcam as vésperas de confrontos entre candidatos ao título.

Devo confessar que o Jaime Graça foi, de caras, o meu jogador favorito do Benfica quando em criança comecei a ir ao futebol com o meu avô.

O meu avô era um grande pragmático em tudo na vida e nunca foi dado a trocadilhos nem a ditos espirituosos.Porque falava pouco, tudo o que dizia era para ser ouvido com atenção, santo privilégio das boas gentes que não falam muito. Também era pessoa avessa a elogios. Quando gostava de um jogador ou de uma jogada limitava-se a respirar fundo.

Portanto, na minha insipiência infantil confundia-me, e mais tarde, já menos incipiente, maravilhava-me ouvi-lo referir-se sempre a Jaime Graça não pelo seu nome, mas por Jaime Raça.

Nos nossos lugares do Estádio da Luz (refiro-me ao monumental da idade clássica), vimos provavelmente todos os jogos do Benfica ao tempo da presença desse extraordinário jogador nascido em Setúbal. Apresentava-se impecavelmente em campo, até no penteado.

De risco ao lado e com uma melena inusitada para a época. Nem curta, nem comprida, nem muito menos cortada a direito. Apenas uns fiapes de cabelo, umas repas rebeldes que se iam despenteando e lhe tombavam para os olhos com o andamento do jogo. «O suor é um signo da moralidade», já dizia o Roland Barthes. E sobre isto pouco mais há a dizer.

E só ele tirava o meu avô do seu invariável mutismo de espectador e de adepto. Perdoe-se-me, é uma memória de infância, claro está, mas sempre que Jaime Graça disparava para a linha ou fugia a um adversário com uma finta de corpo, eu acho, não posso garantir, mas acho que ouvia o meu avô dizer em voz muito baixa, para si próprio:

-Jaime Raça.

E só depois é que respirava fundo.

Certamente que o meu avô me explicou o trocadilho, o significado das palavras, todo o vasto campo de glória em causa. Mas desses pormenores, com toda a franqueza, já não me lembro nada. No entanto, apraz-me recordar como, só pela forte impressão, terei aprendido tanta coisa que vale a pena num só nome.

Eis o que me apetece dizer na morte de Jaime Raça. Foi jogador do Benfica. Ganhou sete campeonatos e três Taças de Portugal. E hoje onde é que eles estão?


FOI exactamente nisso que eu pensei a ver o jogo de Coimbra. Que havia bruxas. Só podia haver bruxas. O senhor Fernando Nogueira, uma das nossas divertidas e simpáticas celebridades nacionais, conhecido como o Bruxo de Fafe, explicou recentemente ao país que há uma mulher «da área sobrenatural», residente no Alto Minho, que está «a trabalhar para que o Benfica não seja campeão».

Bruxas, com certeza! Foi o que eu pensei a ver o jogo de Coimbra. Foi sobrenatural tanto desacerto.

É preciso, com urgência, dar ouvidos ao Bruxo de Fafe. Pode ser que ainda se vá a tempo de contrariar a praga em curso, que é tremenda. A bruxa, que «é especialista apenas no mal» (pudera...), tem em sua casa «um alguidar com fotografias dos jogadores e treinador do Benfica com rituais satânicos».

O alguidar. Mas de lata? Ou de plástico? Foi precisamente nisso que pensei, e por diversas ocasiões, a ver o jogo de Coimbra.

Vai o Aimar para o chão na área dos estudantes e veio-me logo à cabeça o alguidar de lata. No entanto, voa o Nolito para o ar à entrada da área dos estudantes logo me veio à cabeça o alguidar de plástico e mais dois vasos de lata de pôr à janela com as sardinheiras de plástico. A cada fora-de-jogo de lata da boa, da antiga, outros tantos alguidares de plástico e mais uns quantos regadores cromados e um baldezinho de praia com motivos.

São as forças satânicas, que ninguém duvide.

Por sua vez, o bruxo de Fafe é de carne e osso, como compete a qualquer bruxo que se preze, e alongou-se nos pormenores da sua visita a casa da bruxa do Alto Minho. Ao ponto de chegar à questão dos honorários: «Se a mulher está a trabalhar sozinha ou não, isso não sei. Não me quis dizer quem é que lhe estava a pagar, só me disse que estava a ser muito bem paga.»

Ora aqui está uma notícia tão rara quanto motivadora num país em crise em que todos se queixam de maus trabalhos e de piores vencimentos. Há, pelo menos, uma bruxa no Alto Minho que está a ser muito bem paga. E que o diz sem rebuço a quem a quiser ouvir.

Imagine-se só isto. E trabalha apenas com um alguidar.

De lata?

Admirem-se.


NA época passada, o Benfica começou muito mal o campeonato. Erros próprios, como a fezada em Roberto, como o inaceitável desânimo depois da derrota na Supertaça com o FC Porto, como a chegada de novos jogadores sem qualidade para substituir os jogadores que se foram embora. Também erros alheios, como os de Olegário Benquerença e de outros que começaram logo a trabalhar com alguidares de lata nas primeira jornadas do campeonato.

O Benfica reagiu em voz muito alta e estridente às suas próprias sobrenaturalidades e às sobrenaturalidades alheias e perdeu-se, com algum ridículo, apelando a coisas tão disparatadas como a ausência dos seus adeptos nos jogos fora do Estádio da Luz.

E não se ficou por aqui em despautério. Por causa dos erros dos árbitros, até ameaçou desistir da Taça da Liga que, para cúmulo do mau-olhado, seria a única competição que o Benfica haveria de ganhar na temporada de 2010/2011. Atenção, não quero com isto induzir ninguém em conclusões precipitadas.

Não pensemos que o campeonato fica automaticamente ganho se o Benfica ameaçar que vai desistir a meio da prova. Embora, francamente, em função da palidez das últimas exibições, seja isso mesmo que parece estar a acontecer. Um inusitado anúncio público de uma não menos inusitada desistência.

Mas uma coisa dessas é inadmissível.

Não desistiram, pois não?

Portanto, em jeito de conclusão, na época passada, o Benfica não retirou vantagem nenhuma dos seus protestos, ameaças e lamúrias. Talvez por essa razão, o Benfica apresentou-se esta temporada com uma inusitada fleuma que eu, muito particularmente, aprecio porque é coisa de senhores.

As três falhas de electricidade na Pedreira, que tanto perturbaram a normalidade do jogo com o Sporting de Braga, não mereceram, por exemplo, o mais leve reparo. A expulsão de Óscar Cardozo a meia hora do fim do jogo com o Sporting também não suscitou qualquer tipo de reclamação e, no sábado passado, a arbitragem da bruxa do Alto Minho com todas as forças satânicas a operar passou oficialmente incólume.

Gosto deste Benfica. Os títulos ganham-se a jogar e não a falar.

E o resto são alguidares.


A Selecção portuguesa foi à Polónia inaugurar o novo estádio de Varsóvia e o jogo acabou sem golos. Parecia que estavam todos a poupar-se para o clássico de amanhã. Até a selecção polaca, que joga tão poucochinho, parecia que se estava a poupar para o Benfica - FC Porto, embora não tenha nada a ver com o assunto.

Era normal que Moutinho Rolando se poupassem porque são parte interessada. Era normal que Nelson Oliveira se poupasse nos dez minutinhos a que teve direito na sua estreia. Também seria normal que Bruno Alves se poupasse porque também vai jogar com o Benfica na próxima semana. E os restantes, por simpatia ou contágio, também se pouparam . Só Rui Patrício não se poupou a umas quantas defesas. Mas também está lá para isso como diria o senhor Aurélio Márcio."


Leonor Pinhão, in A Bola

Lixívia Extra-Forte XX

Tabela Anti-Lixívia Extra-Forte:
Benfica.......49 ( -5)...54
Corruptos...49 (+1)...48

Braga..........46 (+4)...42
Sporting.......38 (0)...38


Em Coimbra as imagens foram esclarecedoras, apesar disso em caso do Benfica não conseguir os seus objectivos no final da época, rapidamente se vão esquecer do senhor Hugo Miguel, e responsabilizar os jogadores, a equipa técnica e a Direcção... Três penalty's claros (sim três, além da falta sobre o Aimar, houve o braço na bola, e ainda - o mais esquecido -, o agarrão/empurrão do Peiser sobre o Cardozo!!!), pelo menos um fora-de-jogo com altíssima probabilidade de ser golo (entre outros...), faltas atrás de faltas, cartões 'esquecidos' aos vestidos de preto... provavelmente a mais criminosa arbitragem deste ano em jogos do Benfica... e não será coincidência ter acontecido na véspera do jogo com os Corruptos: como se pode ver na Tabela Anti-Lixívia o Benfica deveria estar com 6 pontos de vantagem, e nesse caso o jogo seria totalmente diferente...!!! Assim lá temos que levar com o Proença, com quem nunca vencemos um jogo contra os Corruptos e nem com os Lagartos, e com que os Corruptos nunca perderam um Clássico, isto depois de no Domingo passado ter ido receber as instruções em 'primeira mão', ao covil do ladrão!!!



Não vi os outros jogos, nos resumos não me apercebi de erros com influência directa no resultado, isto apesar de no Dragay o Janko aos 8 minutos ter dado uma cotovelada premeditadamente a um adversário (só a XIC passou este lance!!!), vários foras-de-jogo mal tirados ao Feirense, sendo que num deles o golo era muito provável!!!




Liguei a TV e o jogo dos Lagartos já tinha começado, em 5 minutos vi as Lagartixas reclamarem penalty por 3 vezes!!! Mudei logo de canal...!!! No lance sobre o Capel parece-me que havia razões para falta, no limite, mas seria penalty...!!! Curiosamente, no meu zapping, mais tarde voltei a ver o jogo: Anselmo, jogador do Rio Ave falha um golo feito nos últimos minutos, vejo a repetição para ver o falhanço, e não é que vejo o Polga a dar um valente pontapé na perna de apoio do Anselmo!!! Ninguem protestou, os cumentadores só comentam o falhanço, e assim se transforma um 'caso' em 'nada'!!!




O Braga apanhou um Guimarães ressacado, principalmente o Nilson!!! A expulsão é justa, ninguém saberá se a intenção era mesmo agredir, mas parece...!!! O penalty também foi bem assinalado!!!




Anexos:







Benfica
1ª-Gil Vicente(f) E(2-2), João Ferreira, Nada a assinalar
2ª-Feirense(c) V(3-1), Hugo Pacheco, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
3ª-Nacional(f) V(0-2), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
4º-Guimarães(c) V(2-1), Duarte Gomes, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
5ª-Académica(c) E(4-1), Vasco Santos, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
6ª-Corruptos(f) V(2-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
7ª-Paços de Ferreira(c) V(4-1), Bruno Esteves, Prejudicados, Sem influência no resultado
8ª-Beira-Mar(f) V(0-1), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
9ª-Olhanense(c) V(2-1), Marco Ferreira, Prejudicados, Sem influência no resultado
10ª-Braga(f) E(1-1), Proença, Prejudicados, (0-2), -2 pontos
11ª-Sporting(c) V(1-0), Capela, Prejudicados, Sem influência no resultado
12ª-Marítimo(f) V(0-1), Sousa, Nada a assinalar
13ª-Rio Ave(c) V(5-1), Bruno Esteves, Nada a assinalar
14ª-Leiria(f) V(0-4), Cosme, Nada a assinalar
15ª-Setúbal(c) V(4-1), Malheiro, Prejudicados, Sem influência no resultado
16ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Marco Ferreira, Nada a assinalar
17ª-Feirense(f) V(1-2), Rui Costa, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
18ª-Nacional(c) V(4-1), Jorge Sousa, Prejudicados, Sem influência no resultado
19ª-Guimarães(f) D(1-0), Xistra, Prejudicados, (0-0), -1 ponto
20ª-Académica(f) E(0-0), Hugo Miguel, Prejudicados, (0-3), -2 pontos




Corruptos
1º-Guimarães(f) V(0-1), Olegário, Beneficiados, (0-0), +2 pontos
2ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Rui Silva, Beneficiados, Impossível contabilizar
3ª-Leiria(f) V(1-4), Capela, Prejudicados, Sem influência no resultado
4ª-Setúbal(c) V(3-0), Marco Ferreira, Beneficiados, Sem influência no resultado
5ª-Feirense(f) E(0-0), Bruno Esteves, Beneficiados, (1-0), +1 ponto
6ª-Benfica(c) E(2-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
7ª-Académica(f) V(0-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar
8ª-Nacional(c) V(5-0), Cosme Machado, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
9ª-Paços de Ferreira(c) V(3-0), Hugo Miguel, Beneficiados, Sem influência no resultado
10ª-Olhanense(f) E(0-0), Capela, Prejudicados, (0-1), -2 pontos
11ª-Braga(c) V(3-2), Soares Dias, Prejudicados, Sem influência no resultado
12ª-Beira-Mar(f) V(1-2), Xistra, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
13ª-Marítimo(c) V(2-0), Duarte Gomes, Prejudicados, Sem influência no resultado
14ª-Sporting(f), E(0-0), Proença, Nada a assinalar
15ª-Rio Ave(c), V(2-0), Marco Ferreira, Nada a assinalar
16ª-Guimarães(c), V(3-1), Hugo Miguel, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
17ª-Gil Vicente(f), D(3-1), Bruno Paixão, Prejudicados, Impossível contabilizar
18ª-Leiria(c), V(4-0), Rui Silva, Beneficiados, Impossível contabilizar
19ª-Setúbal(f) V(1-3), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
20ª-Feirense(c) V(2-0), Jorge Ferreira, Beneficiados, Impossível contabilizar




Sporting
1ª-Olhanense(c) E(1-1), Xistra, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
2ª-Beira-Mar(f) E(0-0), Fernando Martins, Nada a assinalar
3ª-Marítimo(c) D(2-3), Proença, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
4ª-Paços Ferreira(f) V(2-3), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
5ª-Rio Ave(f) V(2-3), Hugo Miguel, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
6ª-Setúbal(c) V(3-0), Cosme Machado, Nada a assinalar
7ª-Guimarães(f) V(0-1), Bruno Paixão, Nada a assinalar
8ª-Gil Vicente(c) V(6-1), João Capela, Beneficiados, Sem influência no resultado
9ª-Feirense(f) V(0-2, Gralha, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
10ª-Leiria(c) V(3-1), Manuel Mota, Beneficiados, Impossível contabilizar
11ª-Benfica(f) D(1-0), Capela, Beneficiados, Sem influência do resultado
12ª-Nacional(c) V(1-0), Vasco Santos, Nada a assinalar
13ª-Académica(f) E(1-1), Rui Costa, Nada a assinalar
14ª-Corruptos(c) E(0-0), Proença, Nada a assinalar
15ª-Braga(f) D(2-1), Capela, Nada a assinalar
16ª-Olhanense(f) E(0-0), Vasco Santos, Nada a assinalar
17ª-Beira-Mar(c) V(2-0), Duarte Gomes, Nada a assinalar
18ª-Marítimo(f) D(0-2), Nada a assinalar
19ª-Paços de Ferreira(c) V(1-0), Jorge Ferreira, Prejudicados, Sem influência no resultado
20ª-Rio Ave(c) V(1-0), Paulo Baptista, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado




Braga
1ª-Rio Ave(f) E(0-0), Duarte Gomes, Beneficiados, (1-0), +1 ponto
2ª-Marítimo(c) V(2-0), Soares Dias, Beneficiados (1-0), Sem influência
3ª-Setúbal(f) V(0-1), Hugo Miguel, Beneficiados (0-0), +2 pontos
4ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Rui Costa, Nada a assinalar
5ª-Guimarães(f) E(1-1), Pedro Proença, Nada a assinalar
6ª-Nacional(c) V(2-0), Xistra, Nada a assinalar
7ª-Leiria(f) D(1-o), Marco Ferreira, Nada a assinalar
8ª-Feirense(c) V(3-0), João Ferreira, Nada a assinalar
9ª-Académica(f) E(0-0), Jorge Sousa, Nada a assinalar
10ª-Benfica(c) E(1-1), Proença, Beneficiados, (0-2), +1 ponto
11ª-Corruptos(f) D(3-2), Soares Dias, Beneficiados, Sem influência no resultado
12ª-Paços de Ferreira(c) V(5-2), Marco Ferreira, Nada a assinalar
13ª-Olhanense(f) V(3-4), João Ferreira, Nada a assinalar
14ª-Beira-Mar(f) V(1-2), Rui Costa, Nada a assinalar
15ª-Sporting(c) V(2-1), Capela, Nada a assinalar
16ª-Rio Ave(c) V(2-1), Sousa, Prejudicados, Sem influência no resultado
17ª-Marítimo(f) V(1-2), Bruno Esteves, Nada a assinalar
18ª-Setúbal(c) V(3-0), Hugo Pacheco, Nada a assinalar
19ª-Gil Vicente(f) V(0-3), Hugo Miguel, Nada a assinalar
20ª-Guimarães(c) V(4-0), Capela, Nada a assinalar

Caldeirada

"O senhor presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional avança, com a resignação digna de um pagador de promessas, para uma proposta originalíssima no quadro nacional, um modelo nunca antes testado, uma fórmula resolvente que vai certamente acabar com os ordenados em atraso, com as dívidas dos clubes ao fisco, com as assistências desérticas em tantos dos nossos estádios – se depender dele, vem aí a liguilha de fim de época, esse extraordinário método que permite salvações caídas do céu ou que viabiliza prémios que nunca estiveram em causa, subvertendo – a mais de meio da viagem – o estabelecido.
Num momento em que o país se retrai, eventualmente mais do que devia, por força das circunstâncias, o futebol – que é mau pagador e que aparece sempre, com muitas culpas de alguns dos seus principais agentes, como aquele familiar de gosto duvidoso, capaz de exibir anéis e luxos numa fase de contenção – decide colocar no terreno uma estratégia expansionista, chamando mais gente a uma mesa que já alimenta deficientemente alguns dos que, acima de estratagemas, lá chegaram por mérito próprio e sem “tickets refeição” de secretaria. Daqui a algum tempo, sobretudo se as dificuldades sociais se mantiverem, lá haverá um portador de bom senso, menos interessado nas disputas eleitorais do que na resolução dos problemas, que vira incutir algum juízo a esta plateia de candidatos a novos-ricos.
Acresce, neste preciso momento, que uma decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa pode vir a obrigar à criação de mais um lugar excedentário entre os primodivisionários, destinado ao Boavista. Não será este o local para discutir os argumentos que foram esgrimidos em favor e contra o clube do Bessa. Apesar de ainda haver subterfúgios legais (os que habitualmente surpreendem o cidadão comum, incapaz de seguir o emaranhado de pormenores técnicos e armadilhas processuais) que possam impedir o regresso pleno do clube portuense, é uma hipótese que não pode ser descurada. Pelo que apetece perguntar se, confirmada a “liguilha” e assente a ressurreição boavisteira, vamos ter Liga a 19.
Por mim, para arredondar a coisa, proponho que o vigésimo seja aceite. Tendo em conta o descalabro económico que há-de seguir-se em qualquer circunstância, defendo mesmo que a realização de um leilão pode juntar o útil ao agradável, precavendo alguns cobres para os dias da miséria e criando mais uma originalidade no futebol português. Nada de chocante, neste futebol português que tem sempre este cheiro de caldeirada, nem por isso fresca nem apurada. Talvez por ter enguias a mais para um só tacho.
Nota – Ao clássico só peço isto: que seja limpo. É o que se exige, uma vez que ali vai nascer um campeão."


BENFICA - O espelho da grandeza

"Na véspera do clássico, alguns benfiquistas meus amigos, que encontro na rua, me mandam emails ou escrevem nos blogues, andam outra vez muito nervosos. Paira, nalguns espíritos mais débeis, a sombra do ano passado (o mau arranque do campeonato, pelo efeito combinado de um guarda-redes inseguro – Roberto - e de duas arbitragens, pelo contrário, muito seguras do que estavam a fazer - Cosme Machado e Olegário Benquerença); e paira, sobretudo, a memória dos últimos jogos, em que, depois de uma recuperação fantástica, sobretudo desde a entrada de Sálvio, a equipa jogou um futebol empolgante, mas baqueou em Braga, num jogo que foi uma nova batalha campal, com a conivência de outra arbitragem muito segura, de Carlos Xistra; e, depois, acabou por se ir abaixo por duas vezes, na Luz, perante um Porto motivado e uma torcida entregue ao desalento e novamente em Braga, com a equipa animicamente destroçada.

Em vez de se lembrarem do brilhante jogo de há duas épocas, em que, sem Aimar nem Di Maria, e com um Urreta endiabrado que fez o jogo da sua vida, Jesus não abdicou do seu modelo de jogo e ganhámos com um golo de Saviola (que provocou a famosa azia em Hulk, Sapunaru, Fucille, Rodriguez e Helton, protagonistas de lamentáveis cenas nos túneis que, num país a sério, os teriam impedido de continuar a jogar nessa época), alguns benfiquistas optaram por interpretações irracionais do momento da equipa. Não é por acaso que somos o mais português dos clubes portugueses: temos as qualidades e defeitos indígenas - somos pessimistas, maldizentes e perdemos facilmente a confiança nas nossas capacidades.

Vejamos friamente a situação: o Benfica fez um jogo heróico em S. Petersburgo e só perdeu por uma infelicidade do Maxi (um jogador impulsivo que tem os defeitos das suas qualidades), além de ter perdido muito cedo um jogador essencial como é hoje o Rodrigo, ceifado pelo ex-portista Bruno Alves, especialista em golpes de karaté. Em Guimarães, num campo dificílimo, apesar de ter dominado o jogo, o Benfica nada pôde fazer contra uma muralha de aço que soube aproveitar uma vantagem conseguida cedo, num lance de bola parada. E, em Coimbra, ainda sem Javi e sem Luisão nem Rodrigo, voltámos a dominar o jogo e a criar oportunidades sem conta que, ou foram desperdiçadas pela infelicidade dos jogadores, pela sorte e inspiração da defesa dos “estudantes” ou pela cirúrgica miopia de Hugo Miguel.

Que isto tenha acontecido em três jogos seguidos (duas derrotas e um empate em três jogos, perda dos 5 pontos de vantagem sobre o rival, dois jogos seguidos sem marcar, coisa de que já não havia memória), não é, reconheçamos, muito animador em vésperas do jogo que vai ser decisivo na caminhada para o título. Mas acontece a todos os clubes, sobretudo aos melhores clubes (vejam o Barcelona), com equipas habituadas a ganhar e que habituaram os adeptos a vê-los mandar nos jogos e comandar campeonatos.

É certo que a escolha de Pedro Proença não pode deixar de nos inquietar. O Benfica, sobretudo desde que o “Apito Dourado”, contra todas as evidências, deixou impunes árbitros e dirigentes, vive mal com as arbitragens: os árbitros cuja cor clubista não engana, não têm pudor de nos prejudicar, muitas vezes de forma enviesada, em jogos anteriores com os futuros adversários do nosso principal adversário; enquanto os que são conotados com as cores do SLB, como é o caso de Pedro Proença, apitam sistematicamente contra nós, para provar que são isentos. E a verdade é que os seus desempenhos, apesar do apregoado empenho de Vitor Pereira (refiro-me ao Presidente da Comissão de Arbitragem, está bom de ver) nunca são verdadeiramente escrutinados nem punidos.

Mas eu, que sou pouco português nesta irracionalidade e que não me vou abaixo facilmente, prefiro encarar o jogo de amanhã com confiança e optimismo; a confiança e optimismo que eu espero ver nos jogadores do primeiro ao último minuto. Não o digo, nem o peço, por paixão clubista, mas por duas evidências: o futebol do Benfica é, de longe, o melhor e o mais consistente do campeonato. Nem Porto nem Sporting, com treinadores improvisados (no caso dos leões, a meio da época, depois de ter dispensado um treinador sem gabarito para as ambições do clube), jogam um futebol comparável com o nosso, nem em valores individuais nem colectivamente. Nem de perto nem de longe. E Jesus é o melhor treinador do Benfica da era moderna, isto é, desde que, graças ao vídeo, o treino passou a ser o que é o ensaio para o teatro ou as repetições numa orquestra sinfónica.

Jogo é jogo, futebol é futebol e nem sempre os melhores ganham; por azar, batota, infelicidade num lance ou numa lesão, quebra momentânea de concentração ou de forma física, má gestão do sucesso. Mas os benfiquistas têm que perceber que, ao cabo de anos de turbulência, hoje, contra ventos e marés e com alguns dossiers por resolver (como vai comportar-se a direcção da Federação e os departamentos de arbitragem e de disciplina? O que vão dar as difíceis negociações dos direitos desportivos?), o Benfica está finalmente no bom caminho. Assim os benfiquistas não entrem em depressão ao primeiro desaire, tornando-se treinadores de bancada improvisados sem dar o benefício da dúvida a quem tem a árdua tarefa de decidir, que dão bitates avulsos e contraditórios depois dos jogos acabados (devia ter entrado A ou tirado B), o que mina a corrente de confiança que deve ser indefectível entre os adeptos e a equipa e mói a tranquilidade que deve rodear treinador e jogadores.

Amanhã, vamos provar que somos melhores, que somos OS melhores! Nestes tempos de depressão colectiva, em que o povo está a ser submetido ao mais brutal dos ataques à sua soberania, aos seus direitos e à sua confiança, o Benfica tem que provar que continua a ser O grande clube popular, democrático e universal, que sabe o que é a grandeza, e que, até por isso, é uma força aglutinadora de vontades e que deve ser um exemplo de resistência contra o derrotismo e a adversidade."


Hoje o meu clube faz anos.

"Sou do Benfica. Sou orgulhosamente do Benfica. Fico triste, irritado, frustrado, aziado, f..., quando perde. Fico mesmo feliz quando ganha. No futebol e em tudo. O meu sonho de menino era jogar no Benfica, fiquei pelas provas de aptidão, e já foi bom. Não sei porque sou do Benfica, sei que havia um motorista da carrinha da escola, naturalmente chamado Zé Manel e com bigode (true story), que punha a malta a cantar "Quem fala mal do Benfica ou tem inveja ou é xexé".
Ser do Benfica. Tão bom.
Estava em Vigo naquela noite. E nos 7-1 em Alvalade. E nos 0-5 com o Porto na Luz. Chorei quando o Veloso falhou o penalti em Estugarda e quando o Lozano nos tramou na final da UEFA em 83.
Mas todas as vitórias, todas as que vi na Luz antiga e na Luz nova, nas Antas, em Alvalade, em Londres, em Roma, nas finais da Taça, nos torneios todos, caramba todos os golos do Benfica são felicidade, todos. Ser do Benfica, tão bom. Leverkusen, Vata, José e Rui Águas, Erickson, Toni. Fernando Martins, Jorge de Brito, Luís Filipe Vieira. Eusébio, Coluna, José Augusto, Torres, Simões, todos os que não vi e fizeram o benfiquismo. Carlos Manuel, Chalana, Bento, Pietra, Humberto Coelho, os Bastos Lopes, o Schwartz, o Stromberg e o Manniche. Carlos Mozer e Ricardo Gomes. Vitor Baptista e Nené. Filipovic e Nélson Oliveira. Aimar e Rui Costa. O homem da bandeira e o homem da Águia. O speaker que me irrita quando diz que "não ouviu nada" e o estádio está aos gritos a puxar pelos Benfica. João Alves e Shéu. Futre de encarnado. E Valdo, João Vieira Pinto, Gamarra, Isaías, José Luís, António Leitão, João Gonçalves, Livramento, Picas e Piruças. Alexandre Yokochi e Carlos Lisboa. João Queimado e Francisco Lázaro. Cosme Damião e Nélson Évora. José Galvão, Telma Monteiro, Vanessa Fernandes, José Maria Nicolau. Preud'Homme e Costa Pereira. Bella Guttmann e Jorge Jesus. Mário Wilson e Trapatoni. José António Camacho e Miklos Feher. Real Madrid, Manchester United, Liverpool, Barcelona, Bayern, Juventus, Milan, a élite. Ser grande, saber sê-lo.
Tudo é Benfica, mas sobretudo nós, nas bancadas, por esse mundo fora. O Benfica é o benfiquismo de milhões de pessoas em todo o mundo, e estamos todos de parabéns. Eu, a Inês, o Gonçalo e a Mafalda lá em casa. O mano João, o mano Bruno, o Manel, o outro Pedro mais a João e os putos - todos Benfica!, o Zé Miguel, o Bruno que manda mail quando subimos nas audiências e às vezes defende penaltis ao sábado; o Miguel que jantou lá em casa no Sábado; o mister Pedro, o mister Bruno que treina o meu filho, o Ricardo e os 15-a-zero, o grande Vitor que leva as águas para a futebolada e é de uma generosidade comovente, o meu amigo Paulo Santos, o Paulo Alves de Amarante que vai do "já fomos" ao "faltam 8 vitórias para sermos campeões", nas sms a seguir aos jogos....todos os meus amigos, lampiões como eu. Os meus companheiros de sector 3, piso 0, fila V, desde a senhora desesperada a dizer "Poças. Luisão, pá!" ao anti-Cardozo militante que quando o paraguaio faz golo é gozado por todos à volta. O pessoal da Tertúlia. O tipo que não conheço de lado nenhum e me grita na rua, acenando: "Pedro, Benfica!".
Hoje, apetece-me gritar: "Viva o Benfica!"
E não se ofendam os de outros clubes, que ser do Benfica é ser pelo Benfica e não anti qualquer outro clube. Ser do Benfica basta. Porque é tudo.
"Vermelho é um coração, Benfica a nossa paixão."
Ah mas perdeste 5 pontos em duas jornadas e mais-não-sei-quê...Não vêem que isso não tem nada a ver com o que estou aqui a tentar explicar? Ser do Benfica está muito acima disso. Seria do Benfica mesmo que estivesse nos distritais. Sócio 10199, benfiquista, sempre.

Parabéns ao maior de Portugal, o Sport Lisboa e Benfica. E sobretudo, obrigado por tudo. Nunca conseguirei agradecer o suficiente!
Ser do Benfica, tão bom. Viva o Benfica! Viva!"

Pedro Ribeiro, in Dias úteis

Estão prontos para amanhã?

Eu estou...


... e vocês?

Já agora, algo mais 'cómico'...


E ai daqueles que eu ouvir a assobiar a equipa ou lá o raio que os parta!

TUDO NA CATEDRAL AMANHÃ!!!