domingo, 7 de outubro de 2012

Estar triste ou não estar triste

"O nosso mundo caminha a passos largos para a normalidade. O Cristiano Ronaldo já não está triste. Que bom. Marcou três golos ao Deportivo e comemorou-os. Dedicou-os ao pai, já desaparecido, por isso não terá sido exuberante nos festejos. Digamos que foi comedido como recomenda a inquestionável solenidade da ocasião. Em Amesterdão, a meio da semana, marcou mais três. Não pareceu triste.
Agora o nosso mundo está ameaçado por outro grave problema. É que o Nani está triste. O “Daily Mail” diz que é por causa do seu salário não ter sido revisto pelo Manchester United. O Nani está triste a ponto de se zangar com os colegas, que estão alegres, no treino. É um problema. O Nani ganha 120 mil libras por semana, qualquer coisa como 150 mil euros ao fim de cada sete dias de trabalho.
Devemos apoiá-lo sem hesitações nem preconceitos. É mais um compatriota nosso em dificuldades. Abaixo a exploração do homem pelo homem.
Quanto ao Hulk não se sabe se está triste mas, certamente, deve estar preocupado. Um grupo de presumíveis terroristas russos colocou à porta do centro de estágio do Zenit uma bomba artesanal enroupado numa fotografia do possante avançado brasileiro e com os seguintes dizeres: “Hulk não existe.” Dizem as agências russas de informação que é por causa do salário que aufere que, por comparação, deixa tristes os colegas de equipa, excepção feita a Axel Witsel, naturalmente.
Vendo o Zenit jogar na quarta-feira com o AC Milan para a Liga dos Campeões não se compreende onde querem chegar os bombistas de São Petersburgo quando deixam escrito no ameaçador que “Hulk não existe”. É que este Zenit é só Hulk a puxar a equipa para a frente, os outros é que, na verdade, não existem. O clube perdeu os dois primeiros jogos da Liga dos Campeões, no campeonato russo alterna o assim-assim com o medíocre e rejeita o contributo de Hulk que foi o abono de família do FC Porto e já então ganhava mais do que os colegas.
No Zenit, todos os jogadores estão tristes, menos o Hulk. O brasileiro que tenha bom senso e nem se atreva, por solidariedade com o plantel, a vir dizer um dia destes que está triste não vá arriscar-se a ser a primeira baixa da próxima revolução contra o capital. E logo em São Petersburgo…

ERRAR É HUMANO
Os observadores também são humanos?
O trabalho de Carlos Xistra no último Académica-Benfica continuar a dar que falar, suplantando o tema agreste da visita do Barcelona à Luz. Desta vez, a culpa não é nem do Carlos Xistra nem de Rui Gomes da Silva. A culpa é do sistema, como diria o antigo presidente do Sporting, Dias da Cunha, ou do “xistrema”, como um dia disse o presidente do FC Porto numa ocasião remota em que o famoso árbitro de Castelo Branco não terá correspondido às expectativas depositadas – há anos e anos que se trata de um valor muito promissor – e se terá enganado em desfavor dos dragões da Invicta, porque os árbitros sendo humanos têm o direito inalienável de se enganarem.
Os observadores dos árbitros, em princípio, também dever ser humanos. O que importa para o caso é o enorme sentido de humanidade com que o observador oficial do jogo de Coimbra avaliou o trabalho do árbitro Xistra em Coimbra. Deu-lhe nota positiva e bem positiva. Nem o doutor Gomes da Silva com recurso à sua célula competentíssima de informadores e de contra-informadores conseguiu ser avisado, em tempo útil, de que numa escala de zero a cinco, mereceu 3,9 da parte do examinador aquele inesquecível festival de grandes penalidades a torto, a direito e a torto outra vez. Honra ao mérito.

POSITIVO
James resolve
Estava o cenário a ficar complicado para o FC Porto. Não havia maneira de marcar golos ao PSG. Mas já perto do fim, o miúdo colombiano resolveu o jogo com um pontapé fenomenal.

Éder também
O Sporting de Braga foi ganhar por 2-0 a Istambul e deve os seus golos ao labor de Éder que não marcou nenhum mas que deu os dois a marcar, primeiro a Ruben Micael, depois a Alan.

Messi, pois claro
Na noite de terça-feira, o Éder do Barcelona chamou-se Lionel Messi, pois claro. Com duas assistências só ao alcance de predestinados, o argentino ofereceu os golos a Aléxis Sánchez e a Fàbregas.

PÉROLA
“O QUE ACONTECEU? ISSO GOSTAVA EU DE SABER…”, Vítor Pereira
Os adeptos do FC Portos desesperaram-se com o desabafo debitado pelo seu treinador assim que terminou o jogo da noite de sábado em Vila do Conde. Por norma, são os treinadores a gente mais capacitada para explicar os sucessos e os insucessos. Vítor Pereira colocou-se perigosamente numa zona de excepção."

Leonor Pinhão, in Correio da Manhã

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