domingo, 23 de setembro de 2012

O mercado, a disciplina e a vida

"Entrevistado por um jornal escocês, o “Scottish Sun”, Domingos Paciência atreveu-se a dar a sua opinião sobre a equipa do Benfica nas vésperas do jogo com o Celtic, a contar para a primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. O ex-treinador do Braga e do Sporting não foi meigo com a situação actual da equipa da Luz depois de ter perdido Saviola para o Málaga, Witsel para o Zenite de São Petersburgo, Javi Garcia para o Manchester City e de ter perdido também Luisão, impossibilitado de prestar o seu contributo durante os próximos dois meses por razões sobejamente conhecidas.
Para Domingos, a dita sangria vitimou a capacidade competitiva da equipa de Jorge Jesus em cima do arranque da temporada. "O Benfica não tem uma equipa-base", disse. E acrescentou, dando ânimo aos escoceses, que "os problemas defensivos" são evidentes no "onze" da Luz. As declarações de Domingos Paciência não caíram bem entre os adeptos do Benfica. Nas redes sociais foi criticadíssimo por meter a foice em seara alheia. Os remoques a Domingos foram quase todos no mesmo sentido: mais vale não ter uma equipa-base do que não ter equipa nenhuma, como é o caso corrente com Domingos Paciência, desempregado (certamente por opção) desde que viu terminar abruptamente o seu projecto de construção de uma equipa do Sporting digna do historial do clube.
É curiosa esta reacção ofendida dos benfiquistas às palavras de Domingos que em nada diferem das palavras que os mesmos adeptos empregam quando se referem às vicissitudes da sua equipa. São poucos, nesta fase inicial da temporada, os benfiquistas que não temem exibir um optimismo desmesurado face às contingências do mercado, da disciplina e da vida. Mas uma coisa é sermos nós a analisar com frieza ou mesmo a dizer mal, a menorizar a equipa por quem vibramos e sofremos. Outra coisa é vir gente de fora, ainda por cima com ligações ao "inimigo", dizer exactamente o mesmo que dizem os benfiquistas em termos bem menos próprios e cordiais.
A exibição medianamente boa e o resultado aceitável com que o Benfica regressou da Escócia não invalidam a opinião de Domingos nem os receios dos adeptos dos encarnados. A liberdade de expressão é um bem inestimável.

ERRAR É HUMANO
Quanto menos chatices, melhor
A APAF (Associação Portuguesa dos Árbitros de Futebol) não ouviu nada de difamatório nas palavras que Luís Duque levou 24 horas a pensar depois de o Sporting ter empatado no Funchal com o Marítimo no domingo. Na segunda-feira, Duque foi curto e claro: "O árbitro errou", disse. A APAF entendeu-o como um desabafo. Também é provável que os homens da APAF tenham ouvido a entrevista de Dias da Cunha à TSF. Para o ex-presidente, o problema do Sporting "não é o treinador" e também não serão os árbitros. O problema é "a situação de rutura" que vislumbra se Godinho Lopes "não conseguir a injecção de capitais de que tem andado à procura".

Tal como as famílias portuguesas, também os clubes andam aflitos para gerir as suas casas. Sofrem as agruras do momento financeiro internacional. A crise chegou a todos e pressente-se uma onda geral de solidariedade na desgraça. Quanto menos chatices, melhor. E não é só no Sporting. No Benfica, acatou-se a suspensão de Luisão sem choradinhos. E os próprios árbitros esmeram-se em delicadezas outrora inimagináveis. Ricardo Santos é um deles. Esta semana admitiu que foi num "momento de descontracção" que validou o golo irregular de Maicon que lançou o FC Porto para o título. Mas que calma é esta no futebol português?

POSITIVO
Lucho de valor
Independentemente das afeições clubistas, o país emocionou-se com a arte e o carácter de Lucho González que entrou em campo depois de saber que o pai tinha morrido, fez um golo e assinou uma linda exibição.

Garay de fibra
Sem Luisão, coube a Garay ser o dono e o pensador da defesa do Benfica em Glasgow. Saiu tudo bem ao central argentino e aos seus colegas. E foi por minutos "capitão" recebendo a braçadeira de Aimar.

NEGATIVO
Coelho azarado
O Sporting de Braga não foi feliz com o Cluj, na Pedreira, mas o mais infeliz de todos os bracarenses foi Nuno André Coelho, desastrado a oferecer a bola a Rafael Bastos no lance do segundo golo dos romenos.

PÉROLA
"VOU ACABAR COM A CARREIRA DO QUARESMA", Fikret Orman
O presidente do Besiktas está muito zangado com Ricardo Quaresma. Afastado da equipa, o internacional português recusou, segundo a imprensa turca, propostas do Qatar e da Rússia. "O Quaresma recusa-se a aceitar uma solução", lamentou o senhor Orman. Tempos difíceis."

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!