segunda-feira, 7 de maio de 2012

Contagem de espingardas no Benfica

"Vêm aí as eleições. O cadáver desta época ainda não arrefeceu, e já se contam espingardas para a batalha de Outubro. É bom que assim seja. Não sou um crente convicto dos benefícios das democracias – é assustador pensar que o voto de um idiota vale tanto como o de um sábio e que há muito mais idiotas do que sábios – mas, já dizia o outro, ainda não se inventou um sistema menos mau. E o Benfica ainda vai sendo um clube dos sócios, saibamos, pois, reconhecer o privilégio que é ainda termos voto na matéria.
Nesta altura, porém, não são conhecidos os exércitos. Sabe-se que Vieira irá defender o forte, adivinha-se que alguém lhe irá fazer frente, e não se faz ideia de quem assumirá o papel de bombo da festa que se tornou tradicional em todos os actos eleitorais que já vivi.
No dia em que escrevo, há benfiquistas que estão com LFV, venha quem vier; há benfiquistas que estão contra LFV, apareça quem aparecer; e há benfiquistas que vão esperar por conhecer todas as propostas e então decidir dar o seu voto àquela que lhe parecer melhor para o clube. Já eu sou tão especial, que nem consigo encaixar-me em nenhuma das categorias que eu próprio defini. Estou com LFV neste momento, mas não cegamente – se aparecer um projecto melhor, admito mudar de trincheira. E não me considero mercenário nem vira-casacas, pois o meu objectivo é sempre o mesmo: defender os superiores interesses do clube. Sou fiel ao clube, não ao Luís nem ao Diniz.
Estou, portanto, com LFV. Não preciso de dizer porquê nem de tentar convencer ninguém de que deve fazer como eu. Para o bem e para o mal, sabemos quem é Vieira, do que é capaz e do que não é. Sabemos o que fez e o que lhe falta fazer. Interessa-me nesta altura conhecer as alternativas. Nota-se algumas ondas, mas não se conhece o(s) rosto(s) da oposição a Vieira. Eu, pelo menos, não conheço. Imagino que a malta que anda a pintar palavras de ordem nas paredes do estádio saiba mais do que eu a este respeito. Ou então são apenas os desiludidos que estão contra Vieira no matter what a que aludi no parágrafo anterior, ou, pior, são os tais idiotas que também têm direito a votar. Sejam quem forem, estão no seu direito.
Como sabem os que me lêem há mais tempo, não considero que o nosso insucesso desportivo esteja associado ao presidente que elegemos nem ao treinador que este escolheu. Aponto o dedo ao polvo. Vamos ser razoáveis, é muito difícil fazer melhor nestas condições. Há erros próprios da nossa parte, é inevitável que haja, mas há um baralho viciado há 30 anos. É como aqueles artistas da vermelhinha: deixam-nos ganhar ao princípio e depois ficam-nos com o dinheiro. Há marosca para que não consigamos acertar na vermelhinha: quando não é o gajo que manipula as cartas, é um comparsa na assistência. E depois há malta que crê verdadeiramente que perdemos o dinheiro porque somos nabos e não sabemos jogar aquilo? Não me fodam! Rotulo de idiota o primeiro que acreditar nisso. Gritas batota, chamam-te Calimero e acusam-te de estares apenas a tentar esconder os teus próprios erros. Chamas a polícia, dizem que não há provas. Arranjas provas, dizem que são ilegais. E tens de ir sempre a jogo, sabendo à partida que vais ser comido. Pensas: desta vez não me vão conseguir enganar, porque faço assim e assado, e o resultado acaba por ser o mesmo: escandaloso, nas barbas de toda a gente, mas parece que ninguém viu.
Vieira conseguiu ganhar duas vezes a estes trafulhas: numa, houve uma descoordenação pouco habitual entre os comparsas (três engravatados numa época, lembram-se?), e na outra a polícia estava a ver o jogo com um apito dourado na boca e deixou-os nervosos. Nesta época, fomos a jogo com uma táctica nova, na esperança de que desta vez não nos comessem – apoio a Fernando Gomes. Fomos novamente comidos, pois claro. Da maneira que toda a gente viu e da maneira que alguma gente jura não ter visto. Mas o homem tentou. Sabia que tinha de fazer alguma coisa diferente e tentou. Resultou? Não. Mas isso só agora se soube. Na altura parecia boa ideia. Quanto a mim, decisão inatacável, se a soubermos/quisermos compreender.
Não resultou, está na hora de fazer algo diferente uma vez mais. A entrevista de hoje de João Gabriel revela isso. Diz que os homens fazem batota, que há manipulação, que o baralho está viciado, que ninguém vai preso. É mentira? Não. Não é mentira, mas aparece uma besta conotada com a tal oposição a Vieira e diz que nós é que não sabemos jogar à vermelhinha. Ora, foda-se! Está um gajo à espera de que venha um projecto com novas ideias, e vem este idiota revelar com todas as letras que nem percebeu onde está o problema! Ou, então, sabe onde está o problema, mas atira poeira para o ar, crendo que os benfiquistas são todos parvos. Seja qual for o caso, este, para mim, está chumbado. Com chumbo grosso."


PS: Num curto espaço de tempo é a segunda vez que realço uma prosa do Boloposte (mais conhecido pelas piadas curtas e grossas!!!)... Concordo com praticamente tudo, mas tenho uma 'pequena' variação: tal como o Boloposte compreendi o apoio ao Nandinho das Facturas (uma tentativa desesperada de tentar algo diferente!!!), mas desde início também compreendi que não ia resultar, bem pelo contrário...!!! 

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