quarta-feira, 14 de março de 2012

A mentira continua

"Uma vez mais, a história repete-se. Como tantas vezes nos últimos trinta anos, o Benfica viu-se afastado do primeiro lugar por erros alheios, e absolutamente inaceitáveis, cometidos por quem teria a missão de fazer cumprir as regras do jogo. Foi assim nos Campeonatos de 1986, 1990, 1992, 1993, 1998, 2002, 2004, 2006, 2009 e 2011, para citar, de memória, aqueles em que os aspectos paralelos assumiram maior preponderância no balanço final.


A história repete-se

Nem é necessário irmos a tempos mais antigos. Ainda nos lembramos bem do que foi o início da temporada passada, e da sequência de jogos (curiosamente, Académica, Nacional e V. Guimarães) em que o Benfica foi espoliado dos pontos a que, mesmo sem jogar bem, tinha pleno direito. Depois foi a desmoralização e a descrença dos nossos, foi o empolgamento e a confiança do rival, e a época estava, num ápice, toda ela condicionada. E se dezoito vitórias consecutivas ainda ameaçaram a empreitada, rapidamente a coisa se compôs em Braga, com a expulsão caricata de Javi Garcia, e mais um resultado falseado. Não foi preciso fazerem mais nada.

Nesta época, as coisas até nem estavam a correr pelo por. No final de Janeiro, uma derrota do FC Porto em Barcelos deixou-nos com uma vantagem de cinco pontos na frente da tabela, e terá feito soar, em certas cabeças, as campainhas do alarme. O que se passou desde então para cá?

Logo após essa jornada, começou a pressão habitual sobre os árbitros, e sobre a opinião pública. Um 'escândalo', um 'atentado', um 'crime', e o 'diabo a sete', num jogo em que uma arbitragem infeliz prejudicou as duas equipas, com erros para ambos os lados. Mais do que os pontos perdidos, interessava-lhes criar, desde logo, um caldo onde cozer o clássico que se aproximava. E tal como nos anos anteriores, o FC Porto tinha de vir à Luz em vantagem pontual e psicológica, de modo a não correr riscos de montra.


Série negra

A sequência posterior é elucidativa. Logo na jornada seguinte, vimos Jorge Jesus assinalar, no nosso estádio, um penálti totalmente despropositado a favorecer o Nacional, que felizmente não teve consequências (a grande exibição do Benfica sobrepôs-se a elas), mas deixou o aviso daquilo que se seguiria. A altura, já preocupado, escrevi nestas páginas: 'daqui até final, nem todas as exibições do Benfica resistirão a erros tão absurdos como o penálti de sábado passado'. Não sou adivinho. Para o escrever, apenas precisei de andar de olhos abertos ao longo dos últimos trinta anos.

Infelizmente, estava carregado de razão. Em Guimarães, na ronda seguinte, Rodrigo foi pontapeado dentro da área vimaranense, mas Carlos Xistra ignorou o caso. A ser concretizada a respectiva grande penalidade, o Benfica poderia, pelo menos, ter mantido a invencibilidade, e, sobretudo, a moral em alta, mesmo não tendo jogado bem. Em Coimbra, mais dois penáltis por assinalar, um deles absolutamente claro e inequívoco sobre Pablo Aimar, que provavelmente nos teria permitido chegar à vitória. Duas exibições do Benfica menos conseguidas, que poderiam ainda assim ter valido 4 pontos, mas não resistiram a erros graves dos árbitros, lançando a nossa equipa nos mares da intranquilidade e da descrença. Metade do trabalho estava feito. O FC Porto voltava à liderança


O golpe final?

E eis que chegámos ao grande clássico da Luz, que poderia recolar as contas a nosso favor. Depois de um jogo disputado e equilibrado, com alguma infelicidade pelo meio (duas substituições por lesão), chegámos aos minutos finais com um empate que se ajustava ao desempenho das equipas, e deixava tudo na mesma. Desse mofo, ficava a faltar-lhe o golpe fatal, e a oportunidade surgiu quando, na sequência de um livre, um jogador do FC Porto em claro fora-de-jogo saltou com Artur, desviando a bola para dentro da nossa baliza. Impunha-se, naturalmente, que o golo fosse anulado. Mas, quem acompanhe o Futebol português sabe que isso jamais sucederia.

Da mesma forma que há três anos - quando Lisandro se atirou para o chão em lance com Yebda, e este mesmo árbitro entendeu assinalar grande penalidade, retirando na altura o Benfica da liderança -, o clássico, e o Campeonato, ficaram manchados pela ilicitude. Em quatro jornadas, percebeu-se porque o motivo é mais fácil, para qualquer treinador, ser campeão no FC Porto."


Luís Fialho, in O Benfica

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