quarta-feira, 14 de março de 2012

A gravidez da liga

"Aí está a 1.ª Liga de esperanças, fruto de uma gravidez prematura. Por inseminação artificial ou reprodução eleitoralmente assistida para parir mais dois primodivisionários. Na Liga - a barriga de aluguer - já se iniciou o trabalho de parto.

Um parto que resulta de uma gravidez de risco e não (parcialmente) desejada. Uma gravidez batoteira e impúdica da qual, milagrosamente, não haverá verdadeiros nasciturnos porque a comissão de protecção de menores em risco vai impedir que dois filhos enjeitados pelas actuais regras domésticas continuem no seu seio a receber abono de família e rendimento mínimo. Filhos que, neste fim da gravidez, até não têm que se preocupar com nada, só têm que se equipar e acompanhar a grávida Liga... Assim se processa uma fertilização que até ignora os embriões excedentários da abortada liguilha.

Insolitamente, esta gravidez também tem efeitos retroactivos! É que em vez de os progenitores (creio que não incógnitos) esperarem pelos nove meses de gestação, decidiram antecipar-se e ir à conservatória registar a prole completa. Creio que é caso virgem, que nem a mais avançada biotecnologia justifica. Nem a patriarca UEFA o faz: quando muda uma regra define o período de abstinência e evita a promiscuidade de certas relações.

Enfim, vai ser uma festa de arromba: 304 encontros em vez de 240 (mais 27,5%). Uma inseminação in vitro que pode acabar numa disseminação de vitrina ou de... vitrolas.

Resta a esperança que, por razões de saúde pública e de objecção de consciência, os obstetras FPF e Conselho Nacional do Desporto abortem e produto desta relação incestuosa."


Bagão Félix, in A Bola

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