quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A verdade de hoje

"Está confirmado: qualquer “forever” no Sporting vale como morte anunciada e próxima. Menos taxativo do que José Eduardo Bettencourt com Paulo Bento, Godinho Lopes repete a dose com Domingos Paciência. E nem vale a pena evocar a máquina que sacrificou Carlos Carvalhal, Paulo Sérgio e José Couceiro. Vejamos. Há oito dias, escrevia-se aqui mesmo: “Deixa-me a pensar que seja o treinador – não o adepto – a definir a Taça como o grande objetivo da temporada quando, em termos futuros, o tal terceiro lugar no Campeonato será seguramente mais útil e mais agradável (…). É por isso que podemos questionar-nos se, com a sua escolha clara, inequívoca, Domingos Paciência dá sinais de uma personalidade romântica ou se, pelo contrário, quer ganhar a Taça por saber ou intuir que, na próxima época, já não estará no comando técnico do Sporting”. Afinal, nem a Taça o deixaram ganhar, desviando-o sumariamente da hipótese do seu primeiro título como técnico.

À falta de melhor, inventa-se um “adultério” com dirigentes do FC Porto, denunciado por fontes não identificadas. Domingos desmente. Pergunto: quando foram buscar o técnico a Braga e o jogaram como a mais poderosa arma eleitoral não sabiam do amor clubístico do antigo avançado? E não sabiam que ele era um dos candidatos ao posto de treinador no Dragão, desígnio que há-de confirmar-se mais cedo ou mais tarde? E não aceitaram esse pressuposto com base no profissionalismo imaculado do homem, demonstrado em Leiria, em Coimbra e em Braga?

No domingo, o presidente do Sporting Clube de Portugal disse – sem que ninguém lhe encomendasse o sermão – que “não fazia sentido” questionar a continuidade de Domingos, já que este fazia parte da estrutura do clube. Na segunda-feira, Domingos era despedido. Pode dar-se o caso de, com a ajuda de um qualquer CSI, os responsáveis leoninos terem descoberto os crimes de alguém que, de repente, num ápice, passou a ser fraco psicologicamente (usando até a leitura de lábios para seguir os seus desabafos no banco), a ser um tirano com os jogadores a quem “não justificava as convocatórias” (como Paulo Bento…), a culpado das lesões (exemplos citados os de Izmailov, Rodríguez e Jeffren, reconhecidos crónicos do estaleiro), a andar em más companhias (falamos de um clube que oferece trunfos como João Moutinho e Yannick Djaló aos adversários diretos).

O poder resvalou para a rua. Ou para a claque. Era dispensável que Godinho Lopes, como presidente, gastasse tantas palavras só para mostrar que é algo de que não dispõe: palavra. Bom será, para todos, que Sá Pinto não falhe, porque os ativos começam a esgotar-se. E até Vítor Pereira vai ter que olhar mais vezes por cima do ombro – agora, Domingos Paciência é um homem livre."


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